Hamilton – “I’m not throwing away my shot!”

“Will they tell your story?”

Estou apaixonado por “Hamilton” e por suas músicas! “Hamilton” é um musical de Lin-Manuel Miranda que conta a história de Alexander Hamilton, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, e sua trajetória de 1776, o ano da declaração da Independência dos Estados Unidos, a 1804, o ano de sua morte… no meio do caminho, conhecemos um pouco de suas paixões, suas convicções, suas crenças e contribuições para a história do país, lutando na guerra pela independência, por exemplo, trabalhando ao lado de George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos, defendendo a Constituição e criando um banco nacional. O musical é inteiramente cantado e, diferente do que se pode imaginar, utiliza ritmos e linguagem modernos para contar sua história, proporcionando uma experiência inusitada e incrível: uma história do Século XVIII e XIX ao som de hip-hop, rap, pop… e assim por diante.

Comentei em meu outro texto sobre “Hamilton” sobre como eu achei tudo encantador – alguns momentos fizeram meus olhos brilharem porque era visualmente impecável, como a cena em que ele diz estar no olho do furacão. Várias das músicas também grudam em nossa mente, o ritmo tocando constantemente… o musical começa ao som de “Alexander Hamilton”, uma apresentação incrível que já nos dá dicas do que veremos nos próximos 160 minutos, como as mulheres que o amarão e o homem que o matará. Eu gosto muito de “My Shot”, que é uma música que, a meu ver, descreve perfeitamente o Alexander Hamilton do musical, esse homem ambicioso e cheio de ideias que não sabe falar pouco e que definitivamente não vai desperdiçar as chances que lhe são dadas… mesmo ao fim do musical, essa ainda é a música que mais toca na minha cabeça!

Ainda no primeiro ato, eu gosto muito de “History Has Its Eyes on You”, uma música que coloca George Washington em evidência e que forma um interessante paralelo com “One Last Time”, no segundo ato, o momento em que George Washington resolve se afastar da presidência dos Estados Unidos e pede que Hamilton escreva uma carta… gosto bastante da relação dos dois no musical, e eles protagonizam alguns dos melhores momentos de “Hamilton”. E é impossível não citar “Non-Stop”, que é o encerramento do primeiro ato, e é muito raro eu não me apaixonar pelos encerramentos de primeiro ato, porque a Broadway tende a fazer algo grandioso para esse momento, algo que faz com que nossos corações batam mais forte e aplaudamos, esperando ansiosamente pela passagem dos 15 minutos até que possamos estar novamente nesse universo.

Normalmente não tem o tom melancólico do fim do segundo ato, porque sabemos que ainda tem mais.

Gostei demais de TODAS as músicas que foram interpretadas pelas Irmãs Schuyler, a começar pela própria “The Schuyler Sisters”, que apresenta Angelica, Eliza e Peggy, e que pelo que eu pesquisei, foi pensada para ter uma vibe meio “Destiny’s Child”, o que funciona perfeitamente bem. Mas como eu já comentei em outro texto, eu adoro “Helpless” e “Satisfied”. “Helpless”, interpretada no elenco original da Broadway por Phillipa Soo, é uma música pop apaixonada e apaixonante, que mostra a garota apaixonada por Alexander Hamilton, culminando no casamento dos dois. “Satisfied”, interpretada por Renée Elise Goldsberry, é uma revisita a “Helpless”, o que por si só eu achei GENIAL. Angelica propõe uma volta no tempo, e é incrível ver o elenco “rebobinando”, e rever algumas cenas sob outro ponto de vista (eu sempre adoro isso), enquanto Angelica dá contexto a elas em “Satisfied”, uma música que reflete a personagem e sua personalidade: menos romântica e mais realista que a irmã.

Além de ser muito rápida! Vai tentar cantar HAHA

É sensacional!

No segundo ato, com a passagem do tempo, as coisas também vão ficando cada vez mais complicadas para a relação de Hamilton e Eliza, e ele acaba se envolvendo com outra mulher, Maria Reynolds, durante “Say No To This”. Essa é a derrocada política e romântica de Alexander Hamilton, porque ele acaba chantageado e, para conservar sua carreira política, ele escolhe ele mesmo vir a público a respeito de sua traição, ao som de “The Reynolds Pamphlet”, o que acaba com o seu casamento com Eliza… aqui temos alguns dos melhores momentos do musical, seja com o retorno de trechos de outras canções, como “Satisfied”, ou a maneira como “Hurricane” ficou visualmente linda, com Hamilton ao centro e os atores encenando o “furacão” em torno dele… é perfeito! E toda a história culmina em um dos melhores e mais emotivos momentos de Eliza Hamilton no musical, cantando “Burn”.

Em paralelo, temos as divertidas músicas do Rei George III, interpretado no elenco original da Broadway por Jonathan Groff. As músicas do Rei da Inglaterra são sempre divertidas, repletas de ironia, e com uma melodia constante em todas elas que se torna uma piada e algo pelo que esperamos toda vez que o personagem está em cena. A primeira delas, “You’ll Be Back”, aparece no musical durante a guerra pela independência, e alguns críticos a associaram ao estilo dos anos 1960, e aos Beatles, o que eu acho extremamente cabível, tendo em vista que é interpretada pela parte inglesa do musical – é mais uma piada/referência inteligente de “Hamilton” que torna o musical tão astuto e chamativo. O Rei George III ainda interpreta “What Comes Next?” e “I Know Him”, todas divertidíssimas, e é interessante como o rei parece cada vez mais bizarro.

Jonathan Groff estava excelente no papel!

O segundo ato, que se passa já depois da consolidação da Independência dos Estados Unidos e traz as primeiras presidências, a Constituição e o nascimento da nação, traz Thomas Jefferson como um dos protagonistas, e ele é apresentado com a divertida “What’d I Miss?”, que parece uma imensa piada, e as “Cabinet Battle”, a primeira sobre a criação do banco nacional proposto por Hamilton e a segunda sobre a iminente revolução francesa e o apoio ou não dos Estados Unidos, que são discussões convertidas, no musical, em batalhas de rap nas quais Daveed Diggs brilha coimo Thomas Jefferson e Lin-Manuel Miranda como Alexander Hamilton. Destaque também para “The Room Where It Happens”, interpretada por Leslie Odom Jr. como Aaron Burr, que é uma música deliciosa que acaba ficando na nossa cabeça e ajuda muito a entender o personagem, e “Washington on Your Side”.

Eventualmente, a “amizade” convertida em rivalidade de Alexander Hamilton e Aaron Burr se intensifica com discordâncias políticas, e quando Hamilton publica um documento tomando o lado de Thomas Jefferson em uma disputa, Aaron Burr acaba o desafiando a um duelo e o matando, para só depois perceber que o mundo era grande o suficiente para os dois – “The World Was Wide Enough”. Depois da morte de Hamilton, o musical se encerra com uma das músicas mais lindas de todo o musical, quando Eliza Hamilton resolve “se colocar de novo na narrativa” (ela tentara se apagar quando o escândalo da traição veio à tona) e contar a história de Alexander Hamilton… ela viveu mais 50 anos depois de sua morte, nos quais pesquisou, entrevistou pessoas e registrou as contribuições de Alexander Hamilton para a história dos Estados Unidos.

“Who lives, who dies, who tells your story” é lindíssima e uma das minhas favoritas no musical!

 

Para mais postagens de musicais, clique aqui.

Para mais postagens sobre “Hamilton”, clique aqui.

 

Comentários