Sítio do Picapau Amarelo (2004) – Aladim: Parte 1

“Ainda bem que tudo voltou ao normal. Deus sabe até quando”

Gosto bastante da transição de “A Dama dos Pés de Cabra” para “Aladim” – Emília, Pedrinho e Narizinho recebem uma carta de Portugal, na qual Isabel e Argemiro contam que tudo está bem e que tiveram uma filha à qual chamaram de “Emília”, e a bonequinha de pano diz que um dia vai visitar sua “amadrinhada” em Portugal, pouco antes de ver uma novidade do lado de fora do celeiro: um tapete voador cruzando o céu. Assim, uma nova aventura se inicia no “Sítio do Picapau Amarelo”, com a chegada de um personagem saído diretamente das páginas das “Mil e Uma Noites”. “Aladim” tem um tom interessante que se assemelha a algumas das histórias da primeira temporada do programa, quando personagens fantásticos vinham visitar o Sítio de Dona Benta e Emília acaba se metendo nas histórias deles… ao ver o tapete voador, ela corre para contar às crianças.

Mas ninguém acredita nela.

Acho impressionante o ceticismo que move os personagens no “Sítio do Picapau Amarelo”, mesmo depois de tudo o que eles já viram por lá! Emília está certa do que viu, e Narizinho conversa com a vovó sobre como ela não para de falar sobre isso, então Dona Benta acaba comentando a respeito dos seus próprios dias “com tapetes voadores”, quando era uma garota e lia “As Mil e Uma Noites”. Então, Narizinho pede que Dona Benta conte umas histórias para eles, e corre para chamar a Emília, o Pedrinho e o Visconde… temos, aqui, uma daquelas partes que eu adoro no “Sítio do Picapau Amarelo”, com a Dona Benta explicando o que é “As Mil e Uma Noites” enquanto ela e as crianças procuram pelo livro na biblioteca… Emília não se mostra muito interessada, porque ela diz que o que lhe interessa mesmo é ir atrás daquele tapete voador.

Dona Benta decide começar a contar suas histórias, então, pela história do Aladim – quando ela encontra o livro nas prateleiras, no entanto, ela percebe que as páginas da história do Aladim estão todas em branco – “A história fugiu do livro!” Das ilustrações, o personagem do Aladim também desapareceu, e toda essa trama me lembra muito “Reinações de Narizinho”, com o Pequeno Polegar escapando da Dona Carochinha! Enquanto pensa no que pode ter acontecido, Dona Benta aproveita para apresentar os personagens que continuam nas ilustrações, como a Princesa Armina ou o seu pai, o Sultão Albadra. Agora, no entanto, Emília está pensando em outra coisa: se o Aladim fugiu das páginas da sua história, então só pode ter sido ele que ela viu passando de tapete voador! E ele estava indo em direção ao Arraial – que, por sua vez, acaba de receber uma Feira Árabe Itinerante.

Antes de chegar ao Arraial, Aladim cai na mata, e se esconde do Pesadelo antes de ir atrás da lâmpada maravilhosa… enquanto isso, o Mago Zazu envia uma carta para a Cuca, pedindo que ela encontrasse um sujeito fujão que saiu de sua história: um tal de Aladim. Conforme Zazu diz na carta, apenas o Aladim pode abrir a porta para a “caverna dos incontáveis tesouros”, e os olhos da Cuca já brilham: ela vai encontrar esse tal de Aladim, mas não para entregá-lo ao Mago Zazu… para ter o tesouro todo só para ela. Sem saber do risco que corre, Aladim se esconde do Pesadelo e, depois, acaba no meio da Feira no Arraial, em uma sequência que é bem o começo de “Aladim” mesmo. Curioso e com fome, ele acaba provando uma carambola da barraquinha do Seu Elias (justo essa!), mas como não tem dinheiro para pagar, ele é chamado de ladrão por Margarida.

E começa um auê aos gritos de “Pega ladrão! Pega ladrão!”

Então, Aladim tenta escapar, a Feira vira uma verdadeira confusão e alguém o ajuda o tirando do meio da multidão e o beijando: a Princesa Armina! É nesse momento que Emília e o pessoal do Sítio o veem, mas Aladim ainda está fugindo da polícia, se escondendo em lugares nada inteligentes, como a pensão da Dona Joaninha, e a Emília vai ter que fazer alguma coisa para defendê-lo… a polícia o captura e o coloca na frente de Margarida e de Elias, e Emília se apresenta como sua advogada: “Quem tem fome tem que comer, né? Logo, ele não tem culpa”. E, frente a essa explicação, o delegado é obrigado a concordar, mas depende do Seu Elias prestar uma queixa contra o Aladim ou não, e o velho interesseiro e pão-duro tenta conseguir o tapete mágico do moço em troca de uma simples carambola que, como as crianças dizem, dá em todo lugar por ali!

Elias é irredutível: se não paga, ele vai prestar queixas e Aladim vai para a cadeia. Como aparentemente não tem acordo, porque o Seu Elias nunca vai mudar de opinião, Emília pede um tempo para “falar com o seu cliente”, e então manda o Aladim fugir, encontrar o Zé Carijó e pedir que ele o leve para o Sítio do Picapau Amarelo… seria um bom plano, mas o Aladim acaba confundindo as coisas e cai nas garras do Pesadelo, achando que ele é o Zé Carijó, e o Pesadelo deixa que ele acredite nisso assim que descobre que ele é o Aladim… afinal de contas, ele precisa levá-lo para a Cuca Horrorosa. Emília e as crianças veem Aladim indo embora no tapete voador, mas também veem que ele está acompanhado de alguém que não é o Zé Carijó… assim, ele vai cair nas garras da jacaroa a qualquer momento. Pesadelo cai do tapete antes de chegarem, mas o Aladim entra na caverna da Cuca por vontade própria…

…achando que é a entrada da caverna dos incontáveis tesouros.

O mais curioso é que, de alguma forma, é mesmo… a Cuca encontra um alçapão que nunca esteve ali, e ela mesma se pergunta se aquela seria a entrada para a tal caverna dos tesouros da qual o Zazu falou e, se for, apenas o Aladim pode abri-la – mas como ela vai encontrar esse tal de Aladim? Então, como se tivesse caído do céu (o que é meio verdade), o Aladim aparece e, passado o susto inicial de ver aquela jacaroa assustadora, ele é obrigado a fazer o que a Cuca está mandando: abrir a porta para a caverna. Aladim a abre com facilidade, e Cuca envia ele e Pesadelo escada abaixo, em busca dos tesouros e ELES CHEGAM MESMO ATÉ A CAVERNA. Afinal de contas, a entrada na caverna dos tesouros é algo que acontece razoavelmente cedo na história do “Aladim”. Mas, dessa vez, ele não vai entrar nessa caverna sozinho… e existem outras entradas.

As crianças planejam sair novamente em busca do Aladim, mas um acidente faz com que o Rabicó caia no poço e, enquanto tentam tirá-lo, o Pedrinho e o Zé Carijó caem também… o mais inusitado é que nenhum deles fica no fundo do poço… eles começam a caminhar descobrindo passagens e túneis lá embaixo… túneis que os levam diretamente até a caverna dos incontáveis tesouros também! Logo, Pedrinho, Zé Carijó, Rabicó, Aladim e Pesadelo estão na caverna, e o Aladim fica desesperado achando que o Rabicó é um “espírito de porco” e acaba saindo correndo… o Rabicó também desaparece. Na caverna principal, ficam o Pesadelo, o Zé e o Pedrinho, que encontram uma árvore cujo fruto são imensos rubis – Pedrinho reconhece porque, segundo ele, é igualzinho ao anel de noivado da vovó. A caverna está cheia de pedras preciosas.

Por fim, a primeira semana da história termina com o Aladim encontrando a lâmpada maravilhosa por mero acaso: ele tropeça nela e a pega… e, quando a esfrega para limpá-la, o Gênio faz sua estreia, chamando o Aladim de mestre e lhe oferecendo três pedidos… ele pode pedir o que ele quiser e o Gênio atenderá. O problema é que o Aladim dessa história não é lá muito inteligente, nem tampouco tão corajoso, então, desesperado, ele pede que o Gênio “desapareça da sua frente” ou qualquer coisa assim, e o Gênio entende isso como o seu primeiro pedido e some. Um verdadeiro desperdício e, assim, Aladim já perdeu o seu primeiro desejo… vamos ver se ele consegue usar os demais pedidos com um pouco mais de sabedoria, ou se todos serão desperdiçados desse jeito. Talvez a Emília ainda possa ajudar o Aladim a fazer uns pedidos melhores?

 

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