Moon Knight 1x05 – Asylum
“I’m not
crazy, I’m dead”
SIM, O
EPISÓDIO PERFEITO EXISTE, E ELE É “ASYLUM”.
Eu estou gostando demais de “Moon Knight”
desde a estreia, mas nada me preparou para a PERFEIÇÃO desse quinto episódio –
roteiro impecável, visuais incríveis e a atuação sempre brilhante de Oscar
Isaac entregam um episódio inteligente, criativo e bem amarrado… é um
verdadeiro espetáculo que sentamos e assistimos com prazer, passando por todos
os momentos de angústias e de respostas, e terminamos ansiando por uma
premiação a Oscar Isaac, que tem a oportunidade de contracenar consigo mesmo
durante todo o episódio e entrega uma interação maravilhosa entre Marc Spector
e Steven Grant: cada um à sua maneira, cada um com suas características, sempre
um prazer assistir à sua atuação. Não sei bem o que esperar do último episódio,
mas sinto que nada pode superar “Asylum”.
O episódio
começa no Centro Médico Putnam, onde terminamos o episódio anterior, quando
Marc e Steven se encontraram naquela reviravolta bacana – e somos oficialmente
apresentados a Taueret, que eu preciso dizer: é uma das melhores personagens de “Moon Knight”. Com um visual
incrível e convincente, Taueret conseguiu ser encantadora, divertida e
sensível, e ela dá certa leveza a um episódio pesado que toca em vários
assuntos traumatizantes da vida de Marc Spector. Marc e Steven estão no Reino
de Duat, o submundo egípcio, e continua sendo fascinante essa mescla do
hospital psiquiátrico no qual o “Dr. Harrow” tenta convencer Marc de que nada do que está acontecendo é real, e o
hospital psiquiátrico que é, na verdade, a projeção desse além-vida de uma
maneira que Marc e Steven possam entendê-lo… e eles iniciam a jornada que oficializará a sua morte.
Adoro a
maneira como a mitologia egípcia é colocada na série, como é acessível e
fascinante, e Taueret explica que eles estão indo rumo aos Campos de Juncos,
mas, para que possam adentrar de fato o paraíso, eles precisam que a balança
com os seus corações de um lado e a pena da verdade do outro se equilibre – e ela está agindo de uma
forma estranha que nem a própria Taueret entende, então ela manda que eles
retornem para o “hospital psiquiátrico” e vasculhem as memórias ali antes que o
barco chegue a seu destino: a única
esperança deles é que a balança se equilibre até o fim da viagem. Então,
começamos a visitar memórias e histórias de Marc e Steven, e é uma construção
brilhante da série… começamos com trechos marcantes e breves da série, vistos
através das janelas dos quartos, mas percebemos que existem coisas que Marc
precisa enfrentar naquele barco.
A primeira
delas é um refeitório cheio de pessoas
que ele matou – mas não é isso o que mais o atormenta. O que o atormenta é
uma criança que está por ali e que sai correndo quando Steven tenta falar com
ele. Steven o segue, para saber quem ele é, e quando Marc tenta impedi-lo de
assistir a essa memória, Steven entra no quarto e tranca a porta, assistindo a uma
sequência do Marc ainda criança: ele descobre que ele tinha um irmão e que o
irmão morreu quando ele o levou para uma caverna à qual eles costumavam ir,
mesmo com as advertências da mãe de que eles não podiam ir lá em dias de chuva…
o irmão até fica inseguro, mas Marc insiste. No fim, o irmão mais novo de Marc morre afogado, e Marc cresce não apenas
com a culpa por causa disso, mas também com uma mãe que nunca mais o amou – uma
mãe que o odiou, o bateu e o maltratou durante anos.
É
pesadíssimo e angustiante, mas Steven consegue impedir que Marc continue vendo…
Ele mesmo não quer reviver aqueles traumas.
Então, o
episódio encaixa uma sequência aguardadíssima de Marc Spector já em sua fase
adulta, quando ele trabalhava como mercenário e invadiu uma tumba egípcia – e
então o vemos ficar muito perto da morte
e ser “resgatado” dela por Khonshu: “I am
the god Khonshu… in search of a warrior”. A sequência é muito boa, e é
interessante ver o Steven assistindo a isso tudo e percebendo que Marc foi,
sim, usado e manipulado por Khonshu desde o primeiro momento, porque aquele
discurso foi bem fantasiado. Então, as peças vão se encaixando de maneira linda
em um episódio fluído e envolvente – enquanto Harrow começa a mandar mais e
mais almas para o Duat, mesmo antes de seu tempo, gerando um desequilíbrio que
apenas Marc/Steven pode deter e, por isso, eles precisam voltar para a vida, se
reunir mais uma vez com Khonshu… é a
única saída.
Antes, no
entanto, eles precisam equilibrar a balança e, para isso, Marc vai ter que permitir
que Steven entre no seu quarto de infância, no quarto no qual ele se esconde
quando a mãe, enlouquecida, bate na sua porta e grita – e, aqui, ganhamos uma
das melhores cenas do episódio. Vemos o pequeno e assustado Marc Spector
sentado no chão, ao lado da cama, abraçando as pernas, e então ele “se
transforma” em Steven Grant, que é, na verdade, o nome do personagem principal
de um filme de que ele gostava, um filme cujo pôster, inclusive, está na parede
do seu quarto… e, então, o Steven adulto percebe que ele foi inventado por Marc Spector – que ele de fato não é real.
Foi apenas um mecanismo de proteção, algo que ele criou para que ele pudesse se
esconder daquela vida, daqueles traumas, da mãe que batia e maltratava.
“You made me up”
É muito
forte, e a cena da mãe entrando no quarto me causou uma angústia tremenda, mas,
felizmente, Steven tira Marc de lá a tempo, diz que “ele não precisa ver isso”.
Depois de Marc “se abrir para Steven”, é Steven quem retorna à realidade do
hospital psiquiátrico para falar com o suposto Dr. Harrow, em outra cena
excelente que traz mais respostas para terminar de montar esse quebra-cabeças:
ele diz que foi Steven quem procurou a internação, traumatizado depois da morte
da mãe, e embora ele não queira aceitar que a mãe morreu, porque na sua
realidade imaginada ela ainda está viva,
ele precisa enfrentar essa verdade, e então eles enfrentam a última memória de
ambos: a morte da mãe, Marc Spector bebendo do lado de fora, com o pai na
janela o convidando a entrar, mas ele não entra – e eu o entendo perfeitamente
por não entrar.
Então,
lidando com a dor da morte da mãe, apesar de tudo, Marc Spector se torna
novamente Steven Grant, que é o seu refúgio, é o “personagem” para o qual ele
foge para não ter que lidar com essas dores, e ainda temos aquela cena irônica do Steven no meio da rua,
ligando para a mãe e “conversando” com ela. Aquilo fecha um ciclo para Steven
Grant e Marc Spector, e aqui Oscar Isaac brilha como nunca quando os dois
conversam sobre isso tudo… Marc explica que foi ali que as vidas deles
“começaram a se misturar”, e podemos ver toda a dor do Marc, uma criança que
cresceu traumatizada e se sentindo culpada, e Steven diz para ele que a mãe
estava errada, que ele era só uma criança e, portanto, não tem culpa pelo que
aconteceu com o irmão… é um dos momentos mais bonitos e mais emocionantes de “Moon Knight” e, quiçá, das produções da
Marvel como um todo.
O episódio
termina em outra sequência incrível, de volta no barco de Taueret, quando eles
chegam aos Portões de Osíris, mas a balança ainda não está equilibrada e as
almas do Duat começam a invadir o barco para levá-los. Foi tudo bastante
simbólico e bastante bonito, com o Steven Grant assumindo o papel de protetor
de Marc Spector quando Marc está quase sendo “devorado” pelas almas e jogado na
areia do lado de fora, mas toda essa luta de Marc com as almas desequilibradas
acaba o jogando para fora do barco. A maneira como Marc se debruça sobre a
amurada e grita por ele, sem querer deixá-lo ir, mas como Steven é petrificado
pela areia, é muito forte – e, então, a balança finalmente se equilibra. Era isso o que precisava acontecer desde o
início. Agora, não existe mais Steven Grant, e Marc Spector está,
finalmente, no paraíso.
Mas será que
ele pode continuar ali?!
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