Cidade Perdida (The Lost City, 2022)

A Coroa de Fogo!

Protagonizado por Sandra Bullock e Channing Tatum e dirigido por Adam Nee, “Cidade Perdida” é uma comédia divertidíssima, repleta de momentos bizarros e hilários, e uma química excelente entre o casal protagonista, por quem é fácil torcer… Sandra Bullock interpreta Loretta Sage, a famosa autora de uma série de livros eróticos de aventura, mesmo que não seja exatamente isso o que ela sempre sonhou em ser; Channing Tatum interpreta Alan Caprison, o modelo de capa bonitão da série de livros protagonizados pela Dra. Lovemore e o heroico Dash. Agora, um dos livros de Loretta chamou a atenção de um bilionário alucinado (interpretado por Daniel Radcliffe) que a sequestra para que ela o ajude a chegar à Coroa de Fogo, o que ele acredita ser um grande tesouro que ninguém nunca viu… e, embora não sejam a Dra. Lovemore e Dash, Loretta e Alan vão viver uma grande aventura.

A ideia do filme é interessante e divertida, e “Cidade Perdida” funciona principalmente por não se levar a sério demais – ele é propositalmente exagerado e sem-noção, o que permite os melhores momentos de comédia, como a Loretta presa a uma cadeira no banco de trás de um carro minúsculo ou correndo pela floresta com o seu macacão de lantejoulas cor-de-rosa, dizendo que “ele é emprestado” e que ela precisa devolvê-lo… o timing também é muito bom, e me vem à cabeça aquele momento em que o carro fica parado do lado de um penhasco e, quando eles vão abrir a porta para entrar no carro novamente, ele despenca lá de cima… visualmente, o filme também faz um trabalho competente, entregando uma deliciosa aventura pela mata em busca da Cidade Perdida de D, que é o cenário principal do último livro lançado por Loretta.

O filme começa, inclusive, com Loretta encerrando o livro, sem muita criatividade, e o início da turnê de lançamento – na qual Alan parece fazer mais sucesso do que ela… as fãs estão mais preocupadas em pedir que o “Dash” tire a camisa do que ouvir explicações acadêmicas sobre o porquê de a cidade se chamar “D”, por exemplo. Abigail Fairfax, um excêntrico e maluco bilionário, no entanto, parece interessado nas informações mais didáticas incluídas no último livro de Loretta, que são baseadas em pesquisas reais que ela fizera, e, por isso, ele a sequestra porque acredita que ela pode ajudá-lo a encontrar um inestimável tesouro… e, decidido a salvar Loretta e a provar que ele é muito mais do que ela imagina, Alan resolve personificar o personagem de Dash (não com muito sucesso) e ser o herói que a resgata… ele pode não ser o herói perfeito, mas ele é um herói dedicado.

Brad Pitt também faz uma participação curta no filme, como Jack Trainer, e são alguns dos momentos mais nonsense e mais divertidos do filme, porque ele é, basicamente, o Dash que Loretta escreve: bonito, loiro e excelente de luta, ele faz coisas absurdas e praticamente impossíveis, e todo o exagero acaba gerando uma sequência divertidíssima, que é ainda complementada pelo Alan, que está totalmente perdido ao lado dele… um prazer imenso ver o Alan tentando fazer alguma coisa, enquanto Jack Trainer é o típico herói imaginado. Eles conseguem resgatar Loretta, mesmo que de maneira imperfeita, mas Jack acaba sendo assassinado e Loretta e Alan acabam sozinhos na mata, tendo que fazer uma travessia através dela para conseguir chegar a algum lugar onde podem pedir ajuda – e Loretta talvez faça uma busca pessoal.

Afinal de contas, ela se interessou pelo pergaminho de Fairfax.

O grande trunfo de “Cidade Perdida”, além de seu humor exagerado, é a interação incrível entre Loretta e Alan. A relação deles começa bastante turbulenta, e é legal como ela evolui através de momentos e diálogos divertidos e/ou potencialmente emocionantes, conforme eles vão se conhecendo melhor, além da “autora” e do “modelo de capa”. Alan ajuda Loretta a superar a sua frustração, que a torna amargurada, a ensinando a não sentir vergonha de algo que faz as outras pessoas felizes, enquanto Loretta vai descobrindo que Alan pode não ser o Dash dos seus livros, mas ele é mais do que “apenas um modelo de capa”, e é um homem sensível, gentil e dedicado… mesmo sem ser o herói perfeito, como Jack Trainer, Alan a protege e vai atrás dela em uma motinha que pegou emprestada, por exemplo, enfrentando criminosos para salvá-la, mesmo que não tenha experiência alguma fazendo isso.

Loretta e Alan enfrentam uma aventura intensa pela floresta, que é tanto uma jornada de autodescobrimento, como uma busca real pela Cidade Perdida de D e a Coroa de Fogo. Preciso fazer uma pausa para dizer que eu adoro essas histórias de “cidades perdidas”, e que tudo parece bastante imaginativo, mas mexe demais comigo – talvez eu devesse ter sido um arqueólogo… eventualmente, os personagens chegam à Cidade Perdida de D, e é um lugar lindíssimo que parece saído de um dos livros de Júlio Verne, como “Viagem ao Centro da Terra”, e temos a sensação de que poderíamos passar umas férias tranquilas ali dentro… quer dizer, se não tivesse um vulcão entrando em erupção e prestes a destruir tudo, é claro. No fim, eles não têm tempo para curtir aquele lugar, mesmo que seja um dos lugares mais lindos que eu já vi na vida.

Também gostaria de falar brevemente sobre outros personagens, a começar por Abigail Fairfax: alucinado e perigoso, o personagem tem muito a aprender sobre ganância e verdadeiros tesouros, com um final irônico e bem merecido… gosto muito da atuação de Daniel Radcliffe, e sempre fico muito feliz quando o vejo em filmes, e ele estava lindo e charmoso como eu sempre acho que ele é, embora o seu personagem, em parte, tenha me lembrado um pouco o seu personagem de “Truque de Mestre: O Segundo Ato”. E, é claro, como não mencionar a querida Beth Hatten, interpretada por Da’Vine Joy Randolph, a editora de Loretta e, também, sua amiga, que faz de tudo para resgatá-la quando ela desaparece depois do desastroso primeiro dia da turnê de lançamento do livro… sinto que a personagem poderia ter mais tempo de tela e teria rendido boas risadas!

O clímax do filme vem com Loretta e Alan tendo que escapar da Cidade Perdida de D, depois de terem sido presos em um antigo túmulo juntos – algo que Loretta facilmente escreveria para Lovemore e Dash, mas que agora percebe que não é tão romântico quanto ela imaginava… gostei muito de toda a condução principal da trama, e de como essa “aventura” de Loretta era uma jornada pessoal importantíssima para ela, que precisava superar, depois de anos, a morte do marido e seguir em frente, e ela consegue dar esse primeiro passo graças à Coroa de Fogo e à história de amor que encontram na Cidade Perdida de D, e, também, graças à proximidade com Alan, que agora ela finalmente consegue enxergar de outra maneira… divertido, maluco e romântico, “Cidade Perdida” faz com que torçamos pelos personagens e nos alegremos por sua felicidade, enfim.

Gostei bastante! Me arrancou risadas e sorrisos, um filme delicioso!

 

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