Além da Ilusão – A “mágoa” de Heloísa

“E que não descanse em paz”

Vou começar dizendo que EU VOU DEFENDER A HELOÍSA MESMO! Interpretada por Paloma Duarte, Heloísa é, facilmente, uma das melhores personagens de “Além da Ilusão”. É simplesmente INCRÍVEL poder assisti-la, ver todas as facetas que ela dá à personagem, conseguindo conceder-lhe um inusitado toque de comédia sarcástica no meio de tanto sofrimento por causa de uma vida que lhe foi roubada e que a tornou a mulher aparentemente amargurada que ela é atualmente – mas a verdade é que Heloísa tem todos os motivos para ser como é, e, em seu lugar, eu agiria como ela… ou pior! É impressionante como Violeta, sua irmã, pergunta no primeiro capítulo se ela odeia o pai “só” porque ele tirou sua filha dela, e ficamos nos perguntando se aquilo não era o suficiente, e a trama vai crescendo e percebemos, cada vez mais, o quanto Heloísa está certa…

Há quem queira julgá-la, quem queira colocá-la como “má”, mas eu não consigo…

Afonso, o pai de Violeta e Heloísa, e avô de Isadora e Elisa, é um velho senhor de engenho que está prestes a morrer. Durante toda sua vida, ele se dedicou ao engenho e se recusa a vendê-lo, mesmo que a produção tenha diminuído com a industrialização do mundo e o engenho não gere mais nenhum lucro – essa trama do engenho deve ser uma parte importantíssima da segunda fase da novela, tendo em vista que teremos o embate das irmãs: Heloísa quer vender sua parte do engenho sem problema nenhum, mas Violeta quer honrar a memória do pai e continuar tentando fazê-lo prosperar, mesmo que um comprador em potencial esteja bastante interessado nas terras… estou curioso para ver como será a relação das irmãs na segunda fase, e quais rumos a história de Violeta tomará com Eugênio, mas me parece seguro dizer que vem romance aí

Antes de morrer, Afonso chama Heloísa para conversar, em uma cena fortíssima na qual ele fala sobre a filha que lhe tirou dos braços, a fazendo reviver toda aquela dor do passado que tanto a traumatizou, e então ele diz que sabe onde a filha dela está, mas morre antes de contar-lhe, o que me pareceu uma ironia perversa de Afonso – ele continua sendo filho da p*ta até a hora da morte, e eu fiquei com muita raiva dele. Paloma Duarte torna a cena intensa e sofrida em uma atuação brilhante enquanto Heloísa chora e grita contra o pai, e ela faz com que entendamos o quanto aquilo tudo foi particularmente cruel, porque Afonso poderia ter morrido sem contar que sabia onde a filha dela estava, como ela acreditava, mas ele morreu contando para ela que ele sempre soube, a vida toda, e nunca contou porque não quis… de fato, Afonso nunca foi um homem bom… ele não prestava.

Agora que Heloísa nunca vai deixar de odiá-lo… e eu não posso julgá-la.

Inclusive, preciso dizer que eu fiquei com muita raiva do padre e o seu discursinho barato que tentava defender Afonso, dizendo que ele se arrependera e que pretendia contar a verdade para ela, mas Heloísa rebate o discurso dizendo algo que é muito verdadeiro: ele sempre soube, teve uma vida inteira para contar e não contou, e não o fez porque ele era um homem vil, perverso e desalmado… ele era um homem mau. Me assombra e me incomoda profundamente que o padre diga que “ela está magoada” e peça que ela tire essa mágoa de dentro dela, porque não é tão simples assim… e é exaustivo que eles ajam como se não fosse nada. Heloísa fala com muita força sobre a dor de ser uma mãe que foi impedida de criar a própria filha, fala sobre como, por meses, o seu peito jorrava leite que era para a sua bebê, como o seu corpo doía e o pai lhe roubou o direito de ser mãe.

Quando o padre insiste que Afonso estava arrependido e ia contar a verdade, HELOÍSA DIZ TUDO O QUE EU JÁ ESTAVA PENSANDO: que não era arrependimento coisa nenhuma… “Ele tava com medo da morte. Agora mesmo ele deve estar acertando as contas dele com Deus, e eu espero que ele vá pro inferno”. Sinceramente, tudo o que eu consegui fazer foi APLAUDIR ESSAS CENAS! Heloísa vai ser mesmo uma das minhas personagens favoritas… ela aparece bêbada no velório, brigando com o pai na frente de todo mundo, o chamando novamente de “perverso, vil e desalmado”, jogando bebida sobre o seu corpo, e enquanto vários personagens diferentes parecem julgá-la pelas suas atitudes, nenhuma parte de mim conseguiu sentir pena de Afonso ou achar que ela estivesse fazendo errado… nenhuma mesmo. A dor dela é muito grande, e é tudo culpa do pai.

Agora, Heloísa tem que buscar a própria filha… que deve estar por perto!

 

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