Sítio do Picapau Amarelo (2002) – Perigo no Reino das Águas Claras



“Eu vou! Mas fique sabendo que eu volto!”
Muito próximos do fim da primeira temporada, “Perigo no Reino das Águas Claras” é a história mais curta do ano, com apenas 3 episódios, e embora seja a segunda que não é diretamente adaptada da obra de Monteiro Lobato (“A Volta ao Reino das Águas Claras” também era original), é a primeira que parece mais distante do que estamos habituados no “Sítio do Picapau Amarelo”. Em muitos momentos, eu consigo ver os rumos que a série tomará em histórias e temporadas futuras, com os corredores daquela fábrica poluente e a Emília se passando por jornalista d’O Grito do Picapau, por exemplo. Embora os títulos similares, essa história é bem diferente da história anterior, e tem um mote muito mais de conscientização, com as crianças se engajando na luta para salvar o ribeirão e o Reino das Águas Claras da POLUIÇÃO!
A história começa com as crianças brincando no ribeirão – Pedrinho e Visconde estão pescando, Emília e Narizinho estão fazendo barquinhos de papel, e Pedrinho e Emília estão se provocando sem parar… tudo como o de sempre. O Visconde é o único que vê uma estranha mancha no ribeirão e fica intrigado com isso. Do barquinho da Emília que afunda, descemos ao Reino das Águas Claras, onde o Príncipe Escamado e o Major Agarra-e-Não-Larga-Mais estão fazendo uma ronda para ver se está tudo bem com o reino, e então descobrem a poluição. O Príncipe manda que o Major procure a origem da poluição, e ele volta tossindo e passando mal. Logo em seguida, o Príncipe Escamado e o Dr. Caramujo vão também dar uma olhada eles mesmos, e acabam no Sítio do Picapau Amarelo, pedindo a ajuda de Narizinho porque o Príncipe foi intoxicado.
É desesperador ver o Príncipe tão mal, e a história é astuta ao mostrar as consequências da poluição e do “progresso” descuidado. O Dr. Caramujo cuida dele com uma “pílula de desintoxicação”, e ele melhora, mas a preocupação é forte – “Poluição no Reino das Águas Claras. Então aquela mancha que eu vi no ribeirão não foi imaginação!” Pedrinho, Emília e o Major decidem, então, subir o ribeirão em busca da origem da poluição e encontram o cano que está despejando material tóxico no rio e, seguindo o cano, chegam a uma fábrica descarada. Emília quer entrar e “dar uma lição nesses caras”, mas eles são postos para fora pelos seguranças do local – “Detesto quando pedem pra eu ter calma! E detesto mais ainda quando não me deixam entrar na fábrica que está poluindo nosso ribeirão!” Ao ir embora, Emília avisa: “Eu vou! Mas fique sabendo que eu volto!”
Quando eles retornam ao Sítio, o quintal da casa de Dona Benta virou uma ALA HOSPITALAR para atender a todos os peixes do Reino das Águas Claras que foram intoxicados, e é um desespero que só! Macas espalhadas pelo quintal, e todo mundo uniformizado para ajudar o Dr. Caramujo como possível, e Dona Benta decide fazer algo a respeito. Manda um e-mail a Fabrício, o dono da fábrica, e ele responde grosseiramente, dizendo que “poluição é sinônimo de progresso” e pedindo que ela o deixe em paz e “encontre atividades mais adequadas à sua idade, como fazer crochê, tricô e reclamar de reumatismo”, o que é de uma estupidez sem tamanho. Assim, Dona Benta decide que precisa falar com ele PESSOALMENTE, e Pedrinho e Emília decidem acompanhá-la, é claro. A marcha até a fábrica ainda encontra o Coronel Teodorico, no melhor estilo “O Mágico de Oz”.
“We’re off to see the Wizard, the wonderful Wizard of Oz”.
Não que a visita de Dona Benta seja de alguma valia – Fabrício nem ao menos se dá ao trabalho de falar com ela. Imparável, no entanto, Dona Benta avisa à câmera que vai embora, mas vai voltar com os moradores do arraial e todos os jornalistas que “seu reumatismo permitir encontrar pelo caminho”, uma daquelas falas que me faz ter MUITO ORGULHO da Dona Benta! Emília, no entanto, tem seus próprios planos, e envolve o Pedrinho em uma história de “O GRITO DO PICAPAU”, onde se fantasia de jornalista, sobe nos ombros do garoto e vai lá “entrevistar” o dono da fábrica… ri MUITO da Emília se equilibrando e tentando falar com voz mais grossa, e é um absurdo (infelizmente real) como Fabrício diz que “sua fábrica é ecológica”. Aqui, o disfarce é desfeito, porque Emília não suporta tanta cara-de-pau e anuncia: “Eu não vou escrever isso no meu jornal. No Grito do Picapau não entra mentira!”
<3
Descobertos, eles fogem até o lado de fora, onde Dona Benta já chegou…
COM UMA MANIFESTAÇÃO! \o/
Enquanto isso, Cuca volta para a gruta com inveja da tal Bruxa Nefasta, e resolve que vai ter seus próprios empregados. Assim, ela se fantasia de carteira (interpretada pela Leandra Leal!) para ir ao Sítio e enfeitiçar os animais com suas “encomendas”. Ao Quindim, ela entrega um tambor que, ao ser tocado, o enfeitiça. O próximo é o Conselheiro, que é enfeitiçado com um livro sobre os maiores pintores do mundo. Rabicó, por fim, é o mais FÁCIL dos três, enfeitiçado com uma torta… todos clamam que “vão obedecer a Mestre Cuca no que ela mandar”, e Cuca está se divertindo horrores mandando-os limpar a gruta, cozinhar e tudo isso (“As outras bruxas vão ficar morrendo de inveja de mim!”)… quer dizer, até que eles comecem a causar confusão, derrubar coisas, servir borboletas de comida (eram lagartas, mas o Conselheiro “demorou demais para servir”)…
No fim, é a comilança exagerada do Rabicó que os salva!
A história da poluição é resolvida pela Emília. Não adianta toda a sabedoria e diplomacia da Dona Benta, nem tentar apelar para a humanidade inexistente de Fabrício, que pouco se importa com uma peixinha doente que eles trazem para ele ver (“O que é um riacho comparado a tudo o que eu estou fazendo crescer por aí?”), mas Emília é astuta: usa o Faz-de-Conta para criar um mundo em que a sujeira que a fábrica joga no ribeirão já poluiu todo o mundo, e o Fabrício fica horrorizado com os estragos causados por ele, o que o faz, enfim, mudar de ideia. Ele manda suspender a produção por ora e, antes de continuar, promete tratar os despejos que não poluam mais o meio-ambiente. Daqui para a frente, uma fábrica a menos poluindo o mundo. O que já foi poluído, o Curupira resolve com o seu poder e, assim, o pessoal do Reino das Águas Claras pode retornar para casa…

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