Sítio do Picapau Amarelo (2005) – A Máquina do Tempo
“Não abandone o João!”
Desde que o
pessoal do Sítio do Picapau Amarelo descobriu que o João da Luz era o lobisomem
que estava andando pelo Capoeirão dos Tucanos e região, Emília colocou o
Visconde para pesquisar uma maneira de salvá-lo dessa maldição – ela não aceita
não poder ajudar alguém que está precisando, ainda mais um amigo como o João! O
problema é que as pesquisas do Visconde de Sabugosa não estão dando muitas
esperanças de que o mal feito pela Cuca possa ser desfeito… a não ser, quem
sabe, pela própria jacaroa, e convencê-la a retirar a maldição não seria algo
muito fácil, mesmo roubando a sua varinha ou alguma outra coisa que seja
importante para ela. Em algum momento, sem esperanças, o Visconde comenta
alguma coisa sobre como “o único jeito de salvar o João seria impedindo a Cuca
de amaldiçoá-lo”, o que dá à Emília a ideia perfeita:
UMA MÁQUINA
DO TEMPO.
Eles
precisam estar no Capoeirão no momento em que a jacaroa loira jogou a maldição
sobre o João, e se eles querem voltar para o passado, o Visconde precisa criar
uma máquina do tempo que os leve até lá. Aparentemente,
se tem algum cientista no mundo que pode construir uma máquina do tempo, esse
alguém é o Visconde… embora ele não faça em um DeLorean, que eu ainda acho
que o modelo ideal de máquina do tempo. O sábio sabugo é ágil e, quando a
máquina está pronta, o pessoal traz o João para que ele possa ajudar. Talvez o
plano teria dado certo, talvez não, mas a Patty Pop acaba apertando um botão antes
da hora de pura curiosidade e mandando Emília, João e Pedrinho de volta no
tempo antes que o Visconde termine de
fazer os ajustes necessários. Assim, o trio vai parar em um lugar diferente
e em um tempo mais antigo que o
previsto.
Eles estão
em um campo de futebol que o João reconhece imediatamente: era um lugar onde
ele ia jogar com os amigos quando era menor, e foi ali que a sua família o abandonou. A cena é bastante emotiva
e triste, e eu quase chorei com o João contando a sua história enquanto revisita
o dia em que ele foi abandonado – o
olho cheio de lágrimas enquanto assiste à última vez em que viu a sua tia. A
cena é muito bem-feita, e enquanto o João conta para Emília e Pedrinho o que
aconteceu naquele dia, vemos a história de desenrolar na frente deles, e vemos
a tia chorar ao abandonar o João, dizendo que foi a mãe quem pediu que ela
fizesse isso, porque ela não teria coragem, e que “isso vai ser o melhor para
todos” – o que não é bem verdade, porque ela simplesmente abandonou uma criança
pequena no meio da rua, nem mesmo o deixou amparado em algum lugar.
Emília,
revoltada, segue a tia do João para dizer que não vai deixar ela fazer isso,
enquanto, de longe, o João assiste a tudo e Pedrinho o abraça, o que é uma das
coisas mais fofas do mundo. Emília diz à mulher que ela não pode abandonar o
João ali, e parece quase uma assombração fazendo ameaças, porque ela diz que
“coisas horríveis vão acontecer com ela se ela fizer isso”. O problema, é
claro, como o próprio João comenta, é que se a tia não o abandonar ali naquele
dia, tudo na sua vida vai ser diferente.
Na verdade, embora o “Sítio” não
queira se aprofundar nessas coisas, se a tia realmente voltasse para buscar o
João naquele dia, a história mudaria tanto que geraria um paradoxo temporal
perigoso: se o João não foi abandonado
por causa da Emília, ele nunca precisou fugir, chegar ao Sítio e conhecer a
Emília, para início de conversa… o que quer dizer que ela nunca volta no tempo
e não o impede ser abandonado…
E assim infinitamente. Clássico Paradoxo do
Avô.
No fim, o
Visconde consegue puxá-los de volta ao presente antes que a mudança se
concretize, porque eles retornam e tudo
está igual da última vez… e eles precisarão esperar uns ajustes na máquina
do tempo antes de tentar novamente. Enquanto isso, o João tenta ajudar a Teteia
a voltar a andar e a Dona Benta se preocupa com ele, decidida a falar com ele e
convencê-lo a vir morar ali com eles, agora que seus pais foram localizados e
ela pode ficar com a sua guarda – então, como ela sabe que o João está nas
redondezas e, é claro, as crianças sabem exatamente qual seu paradeiro, ela
anuncia aos netos que, no dia seguinte, eles vão levá-la até a casa dele. As
crianças até tentam escapar no dia seguinte cedo, mas a vovó é mais esperta que
eles e já está pronta para ir – quando chegam na casinha da árvore, no entanto,
o João realmente não está ali, e nem foi porque as crianças o avisaram da
visita de Dona Benta.
Decidida, no
entanto, Dona Benta se senta na casinha e diz que uma hora ele vai ter que voltar para casa…
E ela vai esperar.
EU AMO A
DONA BENTA, SÉRIO!
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de Luz
A história dessa temporada seria bem diferente se fosse seguir a cronologia das outras temporadas anteriores e mantivesse a memória de tudo. Em partes q tipo, as crianças nas histórias normais já viajaram pro passado várias vezes, então não seria dificil voltar pro dia q a cuca jogou a maldição e impedir, sem precisar da máquina do tempo. Tem também o fato do Saraiva perder a memória, q recuperaria com outra batida na cabeça assim como foi com o Visconde e o Zé Carijo em histórias q eles bateram a cabeça e perderam a memória brevemente até baterem de novo e recuperar. O Faz de Conta da Emília poderia resolver problemas, q apesar de ser esquecido mesmo nas histórias normais, ainda era utilizado e nessa foi completamente excluído. Tem muitas coisas q vc vai vendo e percebe q seria mt diferente se não tivessem reescrito toda a história pra adaptar nesse novo formato, mais novela e menos mágico de sítio
ResponderExcluirEu fico muito feliz por terem "reiniciado". Eu AMO a magia do Sítio, mas eu também amo a brincadeira com algo mais sério que foi feito nessa temporada, e como não se apelou a soluções fáceis. Continua sendo o Sítio, continua sendo mágico, mas tem uma pitada de realidade que me agrada muitíssimo. Revi as 7 temporadas de 2001 a 2007 recentemente para escrever esses textos, e reafirmo que a temporada de 2005 é a minha favorita. Extremamente bem escrita, extremamente bem atuada.
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