Lost 3x19 – The Brig

Tom Sawyer.

SEM DÚVIDA ALGUMA, UM DOS MELHORES EPISÓDIOS DE “LOST” – e, sim, eu sei que eu disse isso para vários episódios nessa temporada, mas fazer o quê se essa é uma temporada tão boa?! Venho comentado, desde que comecei minha revisita a “Lost”, sobre como assistir à série novamente é algo incrível, porque eu me lembro de como eu amava a série na época de exibição, e como passei os últimos 12 anos da minha vida, desde a conclusão da série, falando sobre como essa era uma das minhas séries favoritas, e enquanto a revejo, posso me apaixonar por ela tudo mais uma vez: a série é incrível! Além de personagens muito bem-escritos, “Lost” tem uma trama bem construída, cheia de detalhes e muito mistério que é, para mim, o que mantém a série tão viva até hoje: é impossível ver “Lost” e terminar um episódio sem ficar pensando sobre isso.

“Lost” nunca será uma série que a gente assiste e esquece logo em seguida.

Que aventura incrível estou podendo reviver!

“The Brig”, exibido em 02 de maio de 2007, é um daqueles episódios em que o flashback se passa dentro da própria ilha: dessa vez, acompanhamos os últimos 8 dias de John Locke, desde que ele se juntou aos Outros para ir sabe-se lá onde eles estão indo – no presente, no entanto, ele reaparece no acampamento em busca de Sawyer, pedindo sua “ajuda” com algo, e embora no fundo Sawyer saiba que tudo não passa de uma armação, sua curiosidade não permite que ele ignore Locke… ele quer saber aonde essa história vai dar. Em paralelo, também acompanhamos um pouco dos desdobramentos da história da mulher que caiu na ilha no episódio de Desmond, alguém que supostamente foi enviada por Penny e que está ali para salvá-los… alguém que traz uma informação importante e que está agitou os espectadores de teorias na época.

A mulher que pulou de paraquedas do helicóptero em queda, Naomi, contara a Hurley no último episódio que ele não poderia ser um sobrevivente do Voo 815, porque o avião fora encontrado no fundo do oceano e todos os corpos estavam lá… não havia nenhum sobrevivente. Agora, Hurley está tentando lidar com essa informação e procura Sayid, porque ele é bom em ler as pessoas e pode ajudar, quem sabe, a fazer com que o rádio que Naomi trouxera funcione para que eles possam contatar o navio que está a algumas milhas da ilha. A “conversa” de Sayid e Naomi é um máximo e cheia de informações interessantes e/ou suspeitas. Ganhamos detalhes sobre o fato do avião ter sido encontrado, mas descobrimos, por exemplo, que ele foi apenas filmado no fundo do oceano, o que quer dizer que as filmagens podem ter sido manipuladas… não?

De um jeito ou de outro, a série está brincando com a possibilidade de que todos estão mortos, e é muito difícil não acreditar nisso nesses dois últimos episódios, porque muita coisa simplesmente começaria a fazer sentido: como o nojento do Anthony, o pai de Locke, foi parar na ilha, por exemplo. É dali que começamos o flashback de Locke, oito dias atrás, e então acompanhamos a caminhada de Locke com os Outros até o momento em que ele parece estar sendo testado e/ou desafiado por Ben na frente de todos: eles esperam que ele mate o pai para provar alguma coisa, e temos uma cena tensa na qual Ben instiga Locke enquanto Anthony o provoca, mas, no fundo, sabemos (e o Ben também sabe, por isso faz toda aquela cena) que John não terá coragem de matar o pai e, quando não o faz, Ben anuncia aos demais que “ele não é quem eles esperavam que fosse”.

Então, Locke é deixado para trás, junto com o pai, e só poderá se unir aos Outros quando ele estiver morto… é depois disso que Locke retorna ao acampamento em busca de Sawyer, porque talvez Sawyer possa matá-lo, se ele não consegue – desde que Sawyer tenha motivação o suficiente. Locke engana Sawyer para que ele se junte a ele a caminho do Black Rock, o navio que está encalhado no meio da mata, dizendo que sequestrou o Ben e que não consegue matá-lo, mas que espera que Sawyer possa fazê-lo… Sawyer diz que não vai fazer isso, mas não consegue deixar de acompanhar Locke, porque Locke o provoca o suficiente dizendo que quer que ele o escute, porque “talvez ele mude de ideia depois de ouvir o que ele tem a dizer”. E, quando Sawyer chega ao navio e é trancado dentro de uma sala por Locke, ele descobre que não é Ben que está lá…

É Anthony Cooper.

A cena é uma das mais TENSAS e PESADAS da história de “Lost” –tudo é extremamente intenso e causa angústia e desconforto, ao mesmo tempo em que é uma conclusão brilhante para toda a história de Sawyer e, de quebra, ainda traz um diálogo que brinca com toda a possibilidade de que eles estão todos mortos… Anthony ri da cara de Sawyer quando Sawyer chama aquele lugar de “ilha”, porque não acredita que eles estão em uma ilha: afinal de contas, ele veio parar ali depois de sofrer um acidente de carro e a última coisa de que se lembra é de estar em uma ambulância com paramédicos, e a primeira pessoa que encontra ao chegar ali é seu filho morto, que morreu na queda do Oceanic 815. Para Anthony, todos eles estão mortos, porque é a única coisa que faz sentido, e agora eles estão em algum lugar que pode muito bem ser o inferno ou algo assim…

Tento, agora, retornar no tempo para a época em que assistimos a esse episódio e teorizamos sobre ele pela primeira vez. Me abstenho de qualquer comentário sobre o futuro da série e me foco nesse momento: é muito fácil acreditar que estão mesmo todos mortos, porque faz muito sentido, e é uma informação bombástica cuja possibilidade me faz abrir um sorriso no rosto. Além das últimas informações e sugestões, podemos pensar em toda a estrutura da série, que é construída a partir do momento em que eles acordam nessa “ilha”, depois do acidente, mas mostrando flashbacks que nos contam quem eles foram em sua vida antes da ilha… e, na verdade, percebemos que todo personagem tem um motivo ou outro que justificaria o fato de eles estarem, sei lá, sendo torturados em uma espécie de purgatório, inferno ou outro lugar depois da morte.

Eu adoro como a série brinca com isso.

Mas retornemos à cena de Sawyer e Anthony… Locke tinha razão ao dizer que talvez Sawyer mudasse de ideia ao ouvir o que o cara tinha a dizer, porque o episódio acaba sendo uma “conclusão” para a história de James Ford: Sawyer descobre, durante a conversa, que Anthony Cooper é o homem que usou o nome de Tom Sawyer para enganar a sua mãe, de alguma maneira causando a morte tanto dela quanto do seu pai… a cena é pesadíssima e o ódio e o nojo que sentimos de Anthony é indescritível, e a pessoa cada vez mais asquerosa que ele se revelou na sequência de episódios de Locke chega a outro nível na conversa com Sawyer, na maneira como ele debocha de Sawyer, dos seus pais, da carta que ele escrevera quando criança, como a rasga, como não sente um pingo de remorso. Sawyer o mata em uma sequência crua e forte, mas ninguém consegue julgá-lo por isso.

Que tristeza ver o sofrimento de Sawyer depois disso

Agora, Sawyer está retornando sozinho para o acampamento sendo, talvez, uma nova pessoa. John Locke o usou, mas conseguiu o que queria, e agora ele agradece e coloca o corpo do próprio pai nas costas, para carregá-los em busca dos Outros e provar que talvez ele seja a “pessoa especial” que eles esperam que ele seja. Antes de partir, ele conta a Sawyer que Juliet é uma infiltrada e que ela está lá para descobrir se alguma das sobreviventes do Oceanic 815 está grávida, e que, em três dias, os Outros vão invadir o acampamento para levar as mulheres grávidas – como Sawyer diz que ninguém vai acreditar nele se ele falar isso, Locke lhe entrega para ele a gravação da mensagem que Juliet mandara para Ben há alguns dias, quando descobrira que Sun estava grávida… agora, grandes revoluções estão prestes a acontecer em “Lost”.

E eu adoro essa fase!

 

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