[3/3] Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home, 2021)

“I love you, guys”

[CONTÉM SPOILERS] Depois da dolorosa morte da Tia May, Peter Parker se isola, e entramos no brilhante e aguardado terceiro ato do filme. Com o anel de Stephen Strange, que Peter roubara ao deixar a Dimensão Espelhada, Ned tenta encontrar o Peter porque ele e MJ querem falar com ele, sabem que ele precisa de ajuda, de companhia, de um abraço… e, enquanto abre portais chamando por “Peter Parker”, Ned acaba abrindo portais até outros Peters Parkers que conhecemos – o primeiro deles, que aparece uniformizado, é o Peter Parker de Andrew Garfield, e eu devo dizer que meu coração disparou ao ouvir a sua voz e ao vê-lo retirar aquela máscara… eu ADORO o Peter e o Homem-Aranha de Andrew, e ele estava tão maravilhoso naquela sequência com Ned e MJ, com a MJ mandando ele “provar” que é o Homem-Aranha. Na segunda tentativa, Ned abre um portal para o Peter de Tobey Maguire… o cara que começou isso tudo no cinema.

Era tudo o que os fãs esperavam e pediam: O ENCONTRO DOS TRÊS HOMENS-ARANHA NO CINEMA! Por muito tempo, eu achei que eles podiam não aparecer no filme e que o pessoal estava criando expectativa em cima de algo nunca comprovado, mas, de uns tempos para cá, parecia tão certa essa aparição (o trailer, por exemplo, dava dicas da presença dos três Homens-Aranha) que você pode pensar que eu estava preparado para isso: mas eu não estava. Ver Tobey, Andrew e Tom, os três Peters do cinema, compartilharem a mesma tela é um sonho realizado para qualquer fã de “Homem-Aranha”, e “Sem Volta Para Casa” faz isso com um cuidado e uma competência tremenda. A história é bem contada, as referências e piadas são inteligentes, a divisão entre eles é equilibrada e o legado de cada um deles é retomado e respeitado lindamente.

É, de fato, uma experiência e tanto.

Durante a minha adolescência, assisti muito aos filmes do Homem-Aranha protagonizados por Tobey Maguire, e eu os amo, embora eu não seja do grupo de fãs que diz que “Tobey Maguire é o melhor Homem-Aranha” e tudo o mais; no início da minha fase adulta, então, assisti a “O Espetacular Homem-Aranha”, protagonizado por Andrew Garfield, e eu adoro o Andrew e a sua atuação desde “A Rede Social” (recentemente ele brilhou em “tick, tick… BOOM!”, mostrando novamente como ele é um excelente ator, e eu estou torcendo para uma indicação ao Oscar por sua interpretação de Jonathan Larson!), e acho que ele foi um Homem-Aranha brilhante, trazendo finalmente ao cinema aquele tom mais debochado do personagem que é característico dos quadrinhos. Imagino como deve ter sido para Tobey e Andrew terem que mentir por meses dizendo que não estavam no filme.

É o Peter-Tobey e o Peter-Andrew que ajudam MJ e Ned a descobrirem onde o Peter-Tom está, e novamente elogio a interpretação de Tom Holland (outro ator f*da, diga-se de passagem, porque ele demonstra sua capacidade de atuação desde muito pequeno, em “O Impossível”, por exemplo), que mostrou toda a destruição emocional de seu Peter Parker depois da morte da Tia May… sua primeira interação com os outros Peters é um momento emocionante que traz de volta os traumas que acompanham cada um dos Homens-Aranhas e que os tornaram quem são agora: o Peter-Tobey fala sobre a morte do Tio Ben, enquanto o Peter-Andrew fala sobre a morte de Gwen Stacy, e é tão doloroso reviver aquela morte… ambos estão ali para acolher o novo Peter Parker, para não deixar que ele trilhe um caminho sombrio de vingança e para ajudá-lo a completar a missão.

O trio de Peters Parkers funciona brilhantemente – há alguns anos, eu jamais poderia ter imaginado essa interação, e é algo que “Sem Volta Para Casa” nos proporcionou. Gosto de vê-los trabalhando juntos em um laboratório improvisado enquanto pensam em “curas” para cada um dos vilões, e gosto de como os diálogos e paralelos são incríveis… é doloroso ver a maneira como o Peter-Andrew olha para Peter-Tom e MJ, por exemplo, depois de ter perdido a mulher que ama; e é hilário ver o Ned conversando com o Peter-Tobey e perguntando “se ele tem um melhor amigo”, com a resposta assustadora de que, sim, ele tinha, “mas ele morreu depois de ter tentado matá-lo” ou qualquer coisa assim… inclusive, eu ri muito do Ned todo assustado depois, prometendo ao Peter que não vai se tornar um supervilão e tentar matá-lo… MARAVILHOSO.

As referências vêm aos montes! Gosto particularmente do Peter-Andrew e do Peter-Tom reagindo ao fato de que as teias do Peter-Tobey são orgânicas (eu me lembro de ficar TÃO FELIZ na estreia de “O Espetacular Homem-Aranha”, do Andrew, quando as teias não eram mais orgânicas), inclusive com algumas piadas do tipo “Elas só saem do pulso ou saem de algum outro lugar também?”; também gosto muito do Peter-Tom tentando ensiná-los a trabalhar em equipe e se gabando de já ter sido parte dos Vingadores, enquanto os outros dois reagem do tipo “Nossa, que legal! Dos Vingadores, é? O que é isso?”… afinal de contas, não tem Vingadores no universo de nenhum deles; também amei o Peter-Andrew se lamentando e o Peter-Tobey dizendo que ele é “espetacular”, porque ele é o único que tem “Espetacular” no título do filme; ou ainda o Peter-Tom definindo quem vai ser o Peter-1, Peter-2 e Peter-3, com o Tobey comentando que “achava que ele era o Peter-1”.

Fantástica quebra de quarta parede. Amei do início ao fim.

O clímax do filme é uma sequência de ação incrível na Estátua da Liberdade em reforma para adicionar, nela, o escudo do Capitão América – aqui, temos os três Homens-Aranhas do cinema, Tobey, Andrew e Tom, enfrentando cinco grandes vilões que fizeram parte das franquias anteriores… é SIMPLESMENTE SUBLIME acompanhar os três atores, os três uniformes, trabalhando juntos, e temos planos perfeitos em que vemos os três em tela. Eles funcionam tão bem juntos e esse é um presente tão grande aos fãs que eu queria muito poder ver mais disso. Inclusive, me senti como o Peter do Andrew Garfield, todo emocionado, dizendo para os outros que “isso era muito legal”, que “sempre quis ter irmãos” ou que “os amava”, e eu acho que o Peter do Andrew estava ali justamente representando os fãs, até porque o ator sempre foi muito fã do Homem-Aranha, desde criança.

Sou muito apaixonado no Andrew, sério.

A batalha final traz momentos muito emocionantes, e destaco alguns: primeiro, o momento em que MJ está despencando dos andaimes e Peter-Tom pula para salvá-la, mas é impedido pelo Duende Verde… então, o Peter-Andrew salta em seguida e consegue resgatá-la, levando-a em segurança até lá embaixo, e é um momento tão importante para ele, porque ele não pôde salvar a sua Gwen Stacy, mas pôde salvar a MJ do outro Peter Parker… a emoção dele ao fazê-lo é de arrepiar, e eu chorei com ele; depois, também ressalto o momento intenso do Peter-Tom batendo no Duende Verde e descontando nele toda sua raiva e frustração pela morte da Tia May, e talvez ele o tivesse matado a pancadas se não fosse pelo Peter-Tobey o contendo, sabendo que eles não são assim e que ele se arrependeria depois; e, é claro, a emocionante despedida do trio, com o Tom abraçando os outros dois de maneira TÃO FOFA que vai além dos seus personagens.

Esses caras são ídolos que vieram antes dele e ele está continuando esse legado.

É realmente algo grandioso

“Sem Volta Para Casa” se propôs a algo IMENSO, e entregou tudo o que prometeu de maneira brilhante. É, certamente, uma das melhores experiências cinematográficas que eu já tive na vida – e é claro que significa ainda mais para mim, que sempre fui apaixonado pelo Homem-Aranha, meu herói favorito desde sempre. O reconhecimento para “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” está vindo na bilheteria expressiva, mas, além disso, na recepção do público e da crítica, que está ADORANDO o filme, algo notável para um filme que tinha tanta expectativa colocada sobre ele… eles conseguiram atendê-las todas. No Rotten Tomatoes, o filme conta atualmente com 94% de aprovação da crítica especializada e 99% de aprovação do público, e eu acho que ele tem grandes chances de se tornar uma das maiores bilheterias mundiais muito em breve… e será merecido.

O filme termina de maneira bastante melancólica – o universo está realmente se rompendo, com inúmeros personagens do Multiverso que sabem que Peter Parker é o Homem-Aranha ameaçando invadir essa Terra, e Peter percebe que vai ter que fazer um sacrifício imenso para garantir a segurança do Universo: ele vai ter que pedir ao Doutor Estranho que faça um feitiço de esquecimento… e, dessa vez, é diferente do primeiro. Strange, então, faz um feitiço que apaga o Peter Parker da memória de TODO MUNDO, e vamos ficando tristes enquanto percebemos o que isso significa… isso não significa que as pessoas não vão lembrar que ele é o Homem-Aranha… isso significa que as pessoas não vão se lembrar que ele existe e ponto. Nem MJ, nem o Ned, nem o próprio Doutor Estranho, e podemos vê-lo reagir a isso e incluir-se no grupo de “pessoas que o amam e não se lembrarão dele”.

Agora, Peter Parker está mais sozinho do que nunca – mas eu acho isso brilhante. Além da história bem-contada, de todas as referências e aparições, “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” é um filme importantíssimo para o Peter Parker de Tom Holland, que conquista uma independência necessária ao personagem… depois de ter lutado ao lado dos Vingadores e ter a constante ajuda de Tony Stark ou do próprio Stephen Strange, agora ele está sozinho e terá que se virar. A morte da Tia May e os amigos o terem esquecido conferem ao personagem um tom mais melancólico e pesado que também é característico do personagem do Peter Parker, e, tendo terminado a escola, agora Peter vai morar sozinho e de aluguel, tendo que encontrar maneiras de se virar… vender fotos do Homem-Aranha para o Clarim Diário é uma alternativa, por exemplo.

Estou curioso para ver o Tom Holland interpretando essa nova fase do personagem – mais madura, marcada por traumas e independente. Não teremos, agora, o Peter Parker brincalhão, leve e adolescente, mas aquele Peter Parker no começo da vida adulta, tentando se virar, sofrendo, e sendo debochado e divertido quando está vestido como Homem-Aranha. Acredito demais no potencial de Tom Holland como ator, e acho que ele deu demonstrações inegáveis nesse filme de como pode conferir ao personagem essa nova faceta, porque ele brilhou em cenas tristes e emocionais. “Sem Volta Para Casa” encerra uma parte importante de sua jornada, o faz crescer e inicia uma fase que muitos fãs estão ansiosos para acompanhar. Foi confirmado recentemente que o Homem-Aranha de Tom Holland vai ganhar uma nova trilogia no Universo Cinematográfico da Marvel, e eu mal posso esperar.

Acredito, inclusive, que a nova trilogia deve introduzir Miles Morales…

O FUTURO DO HOMEM-ARANHA É BRILHANTE!

 

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