Foundation 1x08 – The Missing Piece

“I wouldn’t wish this emptiness to anyone”

QUE EPISÓDIO! E, mais uma vez, os Imperadores roubam a cena – quer dizer, o Brother Day, porque ele foi o único Cleon que vimos no episódio, infelizmente… me afeiçoei demais ao Cleon XIV, o atual Brother Dawn, e senti sua falta durante o episódio! “The Missing Piece” traz várias coisas interessantes, como um trecho rápido do ataque do Império a Anacreon, para dar contexto ao desejo de vingança de Phara atualmente, e comentários a respeito de uma Segunda Fundação, sobre a qual Hari Seldon não fala o suficiente para Gaal, então ela acaba escolhendo voltar a “dormir” e ser enviada para um planeta distante cuja viagem dura mais de 100 anos. Pode ser apenas uma estratégia para manter Gaal na série depois do próximo salto temporal, mas, sinceramente, se as aparições dela vão ser tão curtas assim, eu não vejo de fato qual a necessidade.

A maior parte do episódio, no entanto, centra-se em Cleon XIII e a Grande Espiral. Há alguns episódios que ele está vendo a imponência de seu Império ser ameaçada pelo convincente discurso de Zephyr Halima (eu amei aquela mulher, queria muito poder continuar a acompanhando na série!), então ele precisa “provar” que o que Halima está dizendo não tem fundamento… ele precisa provar-se digno de governar um Império, provar que é capaz de transformação e que não é um “homem sem alma”, como ela dissera. Para isso, ele acaba aceitando uma jornada espiritual no meio do deserto: uma busca incessante, dolorosa e quase impossível pelo Ventre da Mãe, onde ele supostamente terá uma visão única que pode mudar a sua vida. Ou a maneira como as pessoas o veem. É interessante ver Cleon nessa nova situação, muito mais vulnerável que antes.

Mas acho que isso o torna ainda mais perigoso.

Inicialmente, eu estava me perguntando se isso era coragem, ego ou tolice, meio que já sabendo a resposta, mas a jornada do Imperador ainda me surpreende, e é impressionante como “Foundation” sempre entrega boas histórias para os Cleons. É para ser uma jornada íntima e intensa de crescimento pessoal, e as conversas que ele tem com um homem que ele encontra no meio do caminho meio que ajudam a propor reflexões, que às vezes eu me pergunto se o Imperador é capaz de fazer. De qualquer modo, o Imperador é ajudado pelo homem quando ele quase cai e um de seus joelhos chega ao chão… quando os papéis se invertem, eu achei sinceramente que ele abandonaria o homem, mas ele mostra certa humanidade da qual não o julguei capaz ao tentar ajudá-lo a se levantar, ao dizer que ele tem força ou a se voluntariar para levá-lo para fora da trilha, onde as pessoas poderiam cuidar dele…

Mas o homem escolhe morrer. Uma escolha que Cleon jamais entendeu.

A atuação de Lee Pace continua impecável. O Imperador interpretado por ele é um homem cruel e desprezível, “sem alma”, como Halima dissera, mas ele quase nos faz esquecermos disso quando o vemos tão sofrido, frágil e cheio de dor no deserto – até que ele chega ao Ventre da Mãe e retorna, contando sobre a sua experiência, sobre a sua visão e sobre a flor de trílio que viu uma vez que sua jornada foi concluída… e, ali, ele conseguiu tudo o que ele queria: ele conseguiu ser reconhecido, ser elogiado, provar que “tem uma alma em constante transformação”, e então Halima é calada, porque tudo o que dissera a seu respeito é, a princípio, mentira: nenhuma Zephyr nunca mais entrará em seu caminho. Naquele momento, percebemos que o Imperador está mais poderoso do que nunca, e que ele conseguiu exatamente o que ele queria.

Não foi, no fim, uma jornada de transformação, como ele quer bradar aos quatro ventos, mas uma jornada para provar que ele conseguia… mais nada. A conclusão do episódio é boa e nos enche de um sentimento desconfortável e amargo de revolta. Mesmo depois de ter “vencido” e ter provado que Halima estava “errada” a seu respeito, ele envia Demerzel para matá-la, e a cena das duas é de partir o coração… eu queria muito ver a Demerzel livre do Imperador de uma vez por todas… quem sabe quando chegar a vez de Cleon XIV governar? A cena final causa ainda mais incômodo, quando Demerzel fala sobre a flor de trílio em seu quarto, que tem desde que ela mesma fez a caminhada pelo Grande Espiral, e que acha que ele pode ter visto quando esteve lá – ela sabe que ele está mentindo, e seus olhos estão cheios de lágrimas ao falar sobre isso e ao falar sobre como espera que ele de fato a tenha visto – porque não ver nada seria um vazio imenso que ele não desejaria a ninguém.

Cleon XIII conseguiu o que queria, mas a fala de Demerzel sobre o vazio o atinge em cheio. É um verdadeiro tapa na cara e, acredito, uma prova de que Halima tinha razão o tempo todo: ele não tem alma.

Aposto que Cleon XIV teria visto algo!

 

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