Nasce Uma Estrela (A Star is Born, 2018)



“We’re far from the shallow now”
O FILME É IMPRESSIONANTE EM TANTOS SENTIDOS! Eu adorei como, de alguma maneira, o filme parece quase minimalista ao trazer a história de Jack e Ally, brilhantemente interpretados por Bradley Cooper e Lady Gaga, que sustentam o filme com uma maestria invejável e quase sozinhos. Mas eles TÊM UMA QUÍMICA perfeita, nos envolvem, nos convencem e nos emocional! Apesar de super atual e moderno, o filme tem um quê de clássico que me fez pensar em grandes produções musicais do passado, grandes histórias de amor embaladas por músicas pungentes. PORQUE É EXATAMENTE O CASO AQUI! Com uma trilha sonora impactante, acompanhamos não apenas o “nascimento de uma estrela”, mas também o caminho inverso. Enquanto Ally sobe ao topo devido ao seu talento, dedicação e capacidade de se adaptar, Jack está lutando com uma vida cheia de problemas, cada vez mais próximo do fundo do poço, até que conheça Ally.
ADOREI ouvir o Bradley Cooper cantar, preciso dizer isso! Já na primeira cena, eu estava fascinado com a qualidade daquela produção, com como tudo era grandioso, belo e íntimo. Como nos tocava sinceramente. E digo que adorei ouvir o “Bradley Cooper” cantar, porque isso é algo que precisa ser esclarecido, diferente do caso de Lady Gaga. NÓS AMAMOS ouvir a Lady Gaga cantar, e ela estava impecável em seu papel como Ally, levando a plateia às lágrimas com “I’ll Never Love Again” ao final do filme. Já o Bradley Cooper, ele me surpreendeu. Com aqueles solos de guitarra altíssimos e uma voz bonita, ele nos envolveu do começo ao fim, e “Shallow”, o dueto principal do casal ao longo do filme, É LINDO DEMAIS. Começamos o filme acompanhando um show de “Jackson Maine”, ou apenas Jack, que deixa o palco, ao fim do show, para ir a um bar…
Nesse bar, o “Bleu Bleu”, Jack conhece ALLY. Normalmente, Ally é uma garçonete no lugar, mas eles permitem que ela se apresente com as drag queens nas sextas-feiras, e cantando “La Vie en Rose”, sedutoramente, Ally encantou Jack, que acabou nos bastidores para conhecê-la, convidando-a para sair com ele. É uma comparação distante, eu sei, mas eu pensei em “Nick & Norah” em algum momento, porque o primeiro ato do filme se passa em torno da música, e durante uma única noite. QUANTA COISA PODE ACONTECER EM ALGUMAS HORAS! Eles se conhecem, ela bate em um cara para defendê-lo, ele acaba no mercado comprando ervilha congelada para colocar na sua mão machucada (especialmente porque ela toca piano e não pode correr o risco de que inche!), e algo nasce entre eles. E eles se conectam de verdade quando ela canta para ele e ele descobre que ela é uma COMPOSITORA.
Então ele não pode mais negar o fascínio por ela…
Dali em diante, a vida de Ally muda drasticamente. Na noite seguinte, embora ela tenha que sair para trabalhar, Jack deixa um motorista na porta de sua casa, esperando para levá-la a um show, e quando ela chega no trabalho e o chefe é um babaca com ela, ela se demite e resolve ir atrás de Jack. Por que não? Ali, ele tem uma surpresa para ela: durante o show, que ela assiste dos bastidores, ele diz que fez um arranjo para a música que ela cantou para ele no estacionamento do mercado na madrugada anterior, e que pretende cantá-lo na frente de todo mundo, quer ela vá com ele ou não – mas ele pede que ela também suba ao palco. Ainda meio tímida, Ally acaba subindo, cantando “Shallow” com ele, E FICA ABSOLUTAMENTE LINDO! A minha música favorita do filme… e quando os vídeos são subidos à internet, todo mundo conhece Ally.
Então ela vai ao lado de Jack na sua turnê, e ali eles vivem uma belíssima história de amor. Eles conhecem vários lugares juntos, eles compartilham o palco inúmeras vezes, e enquanto está com ela, as coisas mudam também para Jack – porque ao seu lado ele volta a tocar como tocava antigamente, ele deixa de beber por um tempo, e tudo parece bem. Até que ela receba a oportunidade de sua vida: um empresário que quer cuidar da sua carreira e colocá-la nos lugares em que ela sempre sonhou em estar. E ela topa. E, ao fazê-lo, ela acaba se afastando de Jack enquanto se dedica à própria carreira – naturalmente, ela não tinha o dever de ficar “cuidando” dele, e tinha o direito de viver seu próprio sonho, mas ela deixou de ser a presença constante na vida de Jack que o iluminava e lhe dava forças para ser melhor. Infelizmente.
E isso pesou negativamente para ele.
Outro pequeno desvio: devo dizer que enquanto Ally subia ao estrelato, eu pensei um pouco em “Hit List”, o musical da segunda temporada de “Smash” – não é a interpretação de todos que assistiram ao filme, mas, a meu ver, ela reinventou a sua imagem ao perceber que tinha a chance de enfim ter a fama que nunca tivera antes, embora tenha tentado. “Reinventar-se”, claro, não é um problema, mas eu tive a desconfortante sensação de que ela estava se vendendo. Ally não queria bailarinas no palco e não queria mudar o seu cabelo, mas logo em seguida estava com um cabelo alaranjado (que eu não gostei!) e ensaiando coreografias, enquanto interpretava músicas pop que não tinham profundidade alguma. Quando ela cantava com Jack, havia VERDADE e sentimento em suas canções, ela cantava com o coração, víamos a sua alma no palco.
Não com a canção pop e “sem sentido” da fama.
O ápice da carreira de Ally é o fundo do poço para Jack, e o filme é inteligentíssimo em sua direção (também de Bradley Cooper!) e roteiro. Ally é indicada a três Grammys, e quando ganha, o seu sonho se realiza. Ela sobe ao palco, emocionada e feliz, e o momento é “estragado” por Jack, que está bêbado e drogado, e faz um papelão lá na frente, inclusive faz xixi na calça em cima do palco… naquele momento, embora eu possa ter julgado a Ally até ali, eu entendi que o sentimento dela por Jack era verdadeiro sim e, em nenhum momento, ele diminuiu. Ela o agradece, mesmo com tudo aquilo, ela o protege com seu vestido e depois cuida dele, deixando todo o SEU momento de glória para trás para que possa cuidar do homem que ama nos bastidores. E então ele acaba em um centro de reabilitação durante algumas semanas depois disso.
Nesse momento, já percebemos que o filme não teria um final feliz. Quando Ally vai buscar Jack na reabilitação, ela o ama mais que nunca, e ela cuida dele como pode. Ela está ao seu lado, ela pensa em levá-lo com ela para a sua turnê, e quando o empresário se recusa a deixar, ela diz que então ele pode cancelar os próximos shows: mas ela vai ficar ao lado de Jack! Mas o empresário também vai conversar com o próprio Jack e fala sobre isso tudo: fala sobre como ela virou motivo de piada, como ele a envergonhou, como o simples fato de ela ainda estar casada com ele está afundando a sua carreira, mas ela nunca vai dizer nada disso para ele, porque o ama demais. E ele percebe que ele está dizendo a verdade quando ela chega em casa e diz que não vai mais para a Europa, que vai ficar por ali… mas sem nunca culpá-lo por absolutamente nada.
E isso foi uma bela demonstração de amor.
Mas isso o destruiu definitivamente. Jack a amava, Jack ajudou a fazer de Ally a estrela que ela se tornou, e como já tinha os seus problemas com bebida, com drogas e com a família, ele não suportou a ideia de estar prejudicando a sua vida e a sua carreira, e optou por tirar a própria vida para deixar que ela vivesse a dela em sua plenitude. Assim, o filme é profundamente MELANCÓLICO, por fim. Enquanto acompanhamos Ally esperando Jack chegar ao show para cantar “Shallow” com ela, como ela pediu, ele está na casa, preparando-se para se suicidar, e o faz enquanto ela canta a música deles, mas sozinha – “Nasce Uma Estrela” tem força e tem personalidade, expressando toda a dor de Ally em uma sequência de cenas rápidas que culminam em uma homenagem a Jack, ao som de “I’ll Never Love Again”, uma música que ele escrevera para ela…
E que Lady Gaga interpreta com toda a EMOÇÃO possível. QUE MULHER!
Deixamos o cinema mexidos, inquietos. Melancólicos.


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Comentários

  1. A química entre Cooper e Gaga é incrível! E eu adorei esse filme, que para mim é simplesmente o melhor filme com uma cantora pop atuando, até aqui. Adoro como Lady Gaga é profissional em tudo o que faz, e em como ela só aceita fazer algo que realmente seja capaz de realizar com sucesso. Ela é demais! Quanto a Cooper, eu virei seu fã, desde que ele protagonizou "O Lado bom da Vida" ao lado de Jennifer Lawrence. Ele é um baita profissional, prova disso é que, além de brilhar em "Nasce uma Estrela", ele ainda dirigiu o longa. E o resultado nas telas foi fantástico! Eu amei tudo nesse filme: elenco, roteiro, direção, produção, etc... E não é porque sou fã de Lady Gaga, mas porque tudo era realmente bom. E eu voto para mais parcerias como estas nos cinemas. Amei.

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