Tengo Que Morir Todas las Noches 1x05 – Alarma

“Três semanas depois da batida, ninguém voltou a ser o mesmo”

Depois da batida policial no El Nueve no fim do episódio passado, TUDO PARECE TER MUDADO. O início de “Alarma”, o quinto episódio de “Tengo Que Morir Todas las Noches”, acontece ao som de uma narração de Memo, enquanto ele coloca sua experiência no papel na forma de uma crônica sincera e bonita, e acompanhamos um pouco de como foram as consequências da batida… o grupo se separou, cada um deles que foi preso foi liberado quando pôde pagar pela fiança, e Carlo ficou com a parte mais difícil, como representante legal do lugar que tinha um monte de drogas plantadas para gerar problemas legais; Aída se afastou de Glória; Arti está sob ameaça de ser deportado; Blas procurou um novo emprego; Memo uma nova casa.

Não foi possível não achar estranho o fato de o irmão de Memo estar naquela batida policial e ele ser um dos poucos que não foi preso, mas Memo quer que Arti acredite nele, e vai até a sua casa uma última vez, para bater à porta e, sem ser atendido, passar para ele a crônica por baixo da porta, para que ele leia… a crônica é a prova de que Memo é parte da comunidade e não os traiu; a crônica é um protesto justo e inspirado que Memo quer publicar porque ele quer que chegue no maior número possível de pessoas… e quando Lúcio o ajuda a publicar no jornal da faculdade e lhe perguntam que pseudônimo ele quer usar, ele diz que vai publicar o texto com o seu nome, o que é um ato de coragem que significa muito. E, assim, o texto começa a circular, encontrar pessoas, as tocar.

Com todo o escândalo do fechamento do El Nueve e as prisões, Aída está tentando se afastar dessa imagem agora e reaver a sua carreira, se submetendo a coisas que ela sabe que lhe faz mal e às quais não queria se submeter inicialmente, mas sabendo que não pode viver sem isso… assim, Glória se transforma em uma personagem: com um novo visual, uma nova atitude frente às câmeras e até um namorado falso com quem ela é fotografada, Aída parece ter vendido quem ela é pela possibilidade de estar na mídia, de ser famosa… e quantas pessoas já não fizeram exatamente o mesmo? Glória, por sua vez, é “deixada de lado”, e agora ela está tentando retomar a sua carreira também, conseguir novos contratos, mas não está sendo muito bem-sucedida.

Blas, por sua vez, encontra um trabalho em um bar gay que só aceita homens – e cuja vibe não tem muito a ver com ele, mas ele precisa trabalhar… mas Blas planeja ir embora para um lugar diferente, como Londres, onde ele possa enfim ser livre: “Glória, aqui as coisas nunca vão mudar. Nunca vou poder ser livre e preciso disso”. A relação de Blas e Glória é bastante bonita, ainda que suas cenas envolvam certa melancolia, que perpassa todo o episódio, na verdade. E o episódio sugere que Blas pode estar infectado também… enquanto ele está beijando um homem e começa a tossir, ele sugere que ele “vá investigar isso para tirar a dúvida”, e é o que Blas faz… o vemos ir até o médico para fazer um teste de HIV, mas ainda não sabemos o seu resultado.

Gosto de como “Tengo Que Morir Todas las Noches” brinca com as hipocrisias da sociedade e as escancara… Arturo Sandoval, o chefe de Rogelio que está liderando essa verdadeira caça a todos os bares gays da cidade, também tem seus segredos, que vão muito além do que podíamos imaginar. E, agora, ele está sendo denunciado e investigado, mas ele é o tipo de pessoa que se torna ainda mais perigosa a partir do momento em que se sente “encurralado”, o que quer dizer que as coisas devem ficar cada vez piores… vemos o Rogelio bater em Blas no meio da rua por causa de Memo (!), por exemplo, e terminamos o episódio com uma sensação de pesar quando Arti sofre uma tentativa de homicídio em seu próprio prédio. É realista, mas desesperador.

Por fim, preciso mencionar as cenas de Sara, a mãe de Alonso. Depois da morte do filho, Sara leva roupas suas para doação em uma igreja, o que nos rende uma das cenas mais revoltantes do episódio, quando as doações são negadas por causa do motivo de sua morte – é de uma desinformação e de um preconceito tão grande! E Sara, curiosamente, não é das piores pessoas… ela é afetada por aquela rejeição, ela lê a crônica de Memo e ela liga para Mauro, o namorado de Alonso. A cena de Sara com Mauro é uma das cenas mais intensas e mais bonitas de “Tengo Que Morir Todas las Noches”, e que nos pega de surpresa… no fundo, ela quer saber, ela quer entender, e eu imagino que mais cedo ou mais tarde ela vai acabar se envolvendo.

Visitar o abrigo para jovens com HIV que Mauro e Alonso visitavam deve aproximá-la do filho.

Interessantíssimo.

 

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