Tengo Que Morir Todas las Noches 1x03 – ¿Poppers?

Memo x Rogelio.

A norte de Genaro no fim do episódio anterior muda as coisas em “Tengo Que Morir Todas las Noches”. O medo de morrer de AIDS foi algo que acompanhou muita gente nos anos 1980, e não é como se cada pessoa no El Nueve não soubesse do preconceito que enfrentam fora daquelas paredes, de todas as pessoas que os consideram “errados” apenas porque eles não seguem as diretrizes ditadas por uma sociedade opressora e se permitem ser livres e ser quem são… mas a morte de alguém próximo, alguém que foi o primeiro contrato do El Nueve e sempre esteve ali, faz com que tudo pareça mais real e mais presente, e ganhamos uma sequência triste e emocionante no discurso de despedida feita no El Nueve, com direito a uma gravação do próprio Genaro, deixada com Blas…

Acho que esse acontecimento ajuda a ditar o tom do episódio.

Memo, por exemplo, está ficando cansado. Ele tem uma cena fortíssima com Rogelio já no início do episódio que deixa claro o quanto eles são diferentes. Rogelio é um exemplo ambulante de intolerância e preconceito, e no meio de todo o seu discurso de ódio contra pessoas que frequentam boates como o El Nueve, ele fala sobre ter “nojo de gays” e pergunta a Memo se ele não tem nojo também, e ele responde corajosamente dizendo que ele tem nojo é depoliciais como ele. Gosto de ver o Memo se rebelando contra o irmão muito mais cedo do que eu imaginava, mas isso pode colocar em risco a posição privilegiada na qual ele estava e na qual podia descobrir alguns dos planos que Rogelio e Arturo Sandoval têm para fechar a boate que condenam.

Existe uma perseguição declarada, uma verdadeira caçada em busca do fechamento do El Nueve – e muita gente envolvida nisso. Quando Alonso recebe um buquê lindíssimo de flores dizendo que “eles sentem sua falta no El Nueve”, a mãe dele se sente provocada, porque ela considera o lugar responsável pela doença do seu filho, e então ela intensifica a sua campanha de ódio contra a boate, conseguindo assinaturas de um grupo grande de vizinhos que apoiam o seu discurso de ódio… embora não seja possível fechar o lugar “apenas com assinaturas”, eles sabem que precisam ficar atentos, porque os conservadores estão determinados a fechar o El Nueve e vão plantar irregularidades lá e intensificar as fiscalizações se for necessário… qualquer cuidado é pouco.

Fiquei feliz de ver um pouco mais de Guillermo na faculdade, porque o Memo é um personagem que circula por vários ambientes que ajudam a construir e a evidenciar quem ele é, e gosto de como a sua proposta para uma crônica é a representação perfeita de seus dois mundos colidindo. A morte de Genaro, ainda que ele não tenha chegado a conhecê-lo, mexe com ele, porque é alguém da sua comunidade que morreu, alguém que todos no El Nueve conheciam e de quem gostavam, e é próximo demais a ele, agora, para que ele fique indiferente… então, ele resolve escrever uma crônica sobre a AIDS, e ele recebe a parceria de um colega de faculdade que está claramente interessado nele e tentando um encontro… não sei o que esperar depois da cena em que ele o vê com Blas!

Com Blas, no entanto, talvez nem o próprio Memo veja futuro… ele gosta do Blas, mas eles querem coisas diferentes. Memo usa drogas pela primeira vez em uma sequência que se torna psicodélica, sensual e excitante, mas que termina com mais uma evidência de como Memo e Blas são distintos. Memo fala sobre como ele gosta de estar com Blas, mas só com ele, e Blas o relembra de algo que nunca foi um segredo: ele não quer um relacionamento, e ele acha que eles não precisam ficar presos a regras estabelecidas por heterossexuais para seus relacionamentos… eles podem ser livres, podem viver. Nós não sabemos como Memo vai lidar com isso a longo prazo, mas sinto que o Memo do fim da série não será o mesmo Memo que conhecemos agora.

Quando ele retorna para casa naquele dia, as coisas começam a mudar, em outra cena forte que funciona maravilhosamente à cena dele com o irmão nos primeiros minutos de episódio. Rogelio pergunta sobre sua pupila dilatada, sua boca seca e onde ele estava, e Memo sugere que ele podia estar no El Nueve. As coisas escalonam rapidamente a uma briga com o Rogelio o chamando de gay, como se isso fosse uma ofensa, e o Memo o chamando de “policial medíocre”, e então Memo sai de casa – em parte porque ele não quer ficar naquele ambiente, em parte expulso pelo irmão também. E o episódio termina com algo dilacerante, que é o preconceito da sociedade estampado em pichações repletas de desinformação, de preconceito e de ódio… agora, para onde Memo vai?

Certamente não lhe faltará quem o acolha!

 

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