¿Quién es Quién? – Leonardo perde a memória!

“Me llamo… Perico”

A troca de identidades é certamente mais difícil para Leonardo, mas, se pensamos a longo prazo, as vantagens também são imensas – afinal de contas, ele tem a oportunidade de conviver com a mãe, embora não saiba disso, e a proximidade dele e de Paloma é uma das coisas mais bonitas da novela. Ele estava sendo seguido no mercado quando sofreu um acidente e, depois disso, os caras que o perseguiam acabaram levando Perico em seu lugar, acreditando que fosse ele… ele, por sua vez, sofreu um acidente que o levou ao hospital e, infelizmente, o deixou sem memória. Isso foi, certamente, o que MAIS PESOU nessa “troca”, porque Leonardo precisa enfrentar um mundo totalmente novo, que não tem nada a ver com o que está habituado, e ainda está na vida da pessoa errada. Ele não se lembra de nada, e NADA ao seu redor pode ajudá-lo.

É doloroso.

Sentimos a força dessa narrativa assim que Leonardo acorda no hospital. Ele está totalmente deslocado, e Eugenio Siller atua com uma entrega profunda que nos convence de sua confusão e de sua dor. O mais legal para o ator, a meu ver, é que ele teve a oportunidade de, de uma só vez, interpretar dois papeis completamente diferentes entre eles. Como Perico, ele é alegre, brincalhão, fala rápido, sorri muito… como Leonardo, ele é muito mais fechado, e existem traumas em seu passado. Eugenio Siller ainda tem que interpretar essa versão complicada de Leonardo que tem um problema a mais, que é a confusão de não reconhecer nada ao seu redor, não apenas porque perdeu a memória, mas porque nunca esteve naqueles lugares ou conheceu aquelas pessoas. Quando ele desperta no hospital, ele diz a Inês e a Paloma que não as conhece.

Nervoso, Leonardo pede para falar com um médico que lhe explique o que está acontecendo, e repete várias vezes que não se chama “Perico” e que elas não são sua família. Angustiado e explosivo, ele ganha uma médica, que lhe pergunta seu nome completo e telefone, se ele não é Perico, mas ele tampouco consegue responder a essas perguntas… Inês vê o desespero (e um pouco de culpa) tomarem conta dela, enquanto espera que o seu filho vá ficar bem. Sinceramente, eu achei APAVORANTE acompanhar ao desespero de Leonardo, porque “¿Quién es Quién?” fez um trabalho muito bom e muito rápido fazendo com que nos importássemos com esses personagens, então eu sofri ao seu lado. “Por que não me lembro de nada?”, ele pergunta. Sem motivos para mantê-lo ainda internado, a médica o libera, e sugere uma psicóloga.

Mas eles não têm como pagar uma.

Uma das coisas que eu achei MAIS INTERESSANTES no fato de Leonardo não se lembrar de nada, é que ele ainda é ele mesmo, e existem coisas que já são inerentes demais a ele, que fazem parte dele e não de um modo racional, não mais relacionados a “memória”. É o caso do seu TOC, por exemplo. Inês tenta abraçá-lo na saída do hospital, e ele diz que “não gosta que ela toque nele”, e pede que ela não o faça. Mais tarde, ele tem um ataque de pânico, e embora não se lembre de outros ataques de pânico que tenha tido, ele sabe exatamente o que fazer nessa situação, e pede um saco de papel para que possa respirar. “Desde quando têm ataques de pânico?” De um modo ou de outro, ele SABIA exatamente o que precisava ser feito nesse momento. E é legal como ele é quem melhor sabe lidar consigo mesmo, porque todos estão acostumados a Perico.

Mas Paloma também leva jeito.

A relação com Paloma é FORTE e significativa. A confiança que ela inspira nele é mais forte do que ele pode explicar. Eles compartilham um momento muito bonito, no qual conversam sobre ele e como ele era antes do acidente – aqui, percebemos que por mais que o estranhe, Paloma está gostando do novo “Perico”. Como ela o descreve: ele é mais sério e, ao conversar com ela, a olha fixamente como se não houvesse mais nada ao redor. Ela está habituada a um Perico “mulherengo”, que é legal e um ótimo amigo, mas não mais do que isso. Leonardo também se abre e fala sobre como é ruim que rostos e nomes não signifiquem nada para ele, mas o pior é que “as pessoas não o façam sentir nada”, “nem a mulher que diz ser sua mãe”, como ele coloca. Adoro ver essa amizade que, embora eles não saibam, está NASCENDO agora.

É novo. Tudo novo.

E é lindo.

Leonardo também ganha uma psicóloga que lhe apresentam no mercado (adoro vê-lo pensar e sofrer para colocar as palavras “Me llamo… Perico” para fora, porque SABE, no fundo, que elas não são verdade), e que aceita tratá-lo pro bono (ele define o termo, para a estranheza de todos). E ela faz Inês pensar cada vez mais que a culpa é dela por ele estar assim… ela acha que vê-lo beijando Jonathan o traumatizou de um modo que ele está reprimindo as suas memórias, e por isso não se lembra de nada. E esse é mesmo um relacionamento complicado – não impossível, mas complicado. Afinal de contas, Jonathan é um dos melhores amigos de Perico, e tem a sua idade, e foi um choque para o verdadeiro Perico ver a mãe o beijando. E eu gosto de como Jonathan diz que “não há problema”, mas, quando Inês vira o jogo e pergunta como seria se fosse o contrário, ele não entende.

Ele não aceitaria a própria mãe com um amigo seu.

Agora, no entanto, Inês só quer pensar no filho… o resto é segundo plano.

 

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