American Horror Story: Red Tide 10x02 – Pale

Os efeitos da pílula.

Há muito tempo eu não ficava tão empolgado com uma nova temporada de “American Horror Story”. Sinto que “Double Feature” tem tudo para crescer e se tornar uma das minhas favoritas na série – a começar pelo fato de “Red Tide” estar me interessando tanto! Normalmente, eu não gosto de histórias de vampiros, mas a pegada escolhida pela série é ótima, além de o visual e as atuações serem incríveis, então eu já estou adorando “Red Tide”. A segunda parte da temporada, “Death Valley”, deve trazer alienígenas, que é um dos meus temas favoritos no mundo, e eu espero que seja tão impressionante quanto essa introdução a “Red Tide”. Unindo as duas partes para contar uma mesma história (seja lá qual será a conexão que a série fará dessas duas “histórias” eventualmente), existe a chance de “Double Feature” ser uma temporada icônica.

“Pale” é a segunda parte da história intitulada “Red Tide” dentro da temporada, e apresenta mais detalhes sobre as criaturas que vivem em Provincetown – criaturas com características vampirescas, mas que não são chamadas de “vampiros”. Isso porque “American Horror Story” escolheu, dessa vez, uma abordagem mais pseudo-científica e menos sobrenatural para explicar as criaturas: elas se tornam o que vimos no primeiro episódio graças a pílulas que despertam o talento inerte dentro da pessoa, mas a consome e a faz precisar de substâncias que podem ser encontradas, por exemplo, no sangue de outras criaturas vivas… isso justifica a sede por sangue que é uma das principais características dos “vampiros”. Eu gostei demais da ideia de os “vampiros” serem, na verdade, humanos convertidos por causa de uma substância que eles tomam.

No fim do episódio passada, pressionado a entregar um Piloto, Harry Gardener acabou aceitando a oferta de Austin Sommers, e a primeira parte desse episódio reforça a semelhança que eu senti com “Limitless”, porque Harry entra em um processo criativo que parece um transe, no qual ele escreve por horas a fio, e textos muito bons que serão um sucesso… é realmente tentador, na verdade. O problema é que Harry está sentindo fome e sede, mas não consegue comer coisas normais, como um sanduíche de peito de peru que Doris prepara para ele, e acaba indo ao mercado em busca de comida, e descobre que ele está com vontade de tomar o sangue que escorre das bandejas de carne no mercado – é uma sequência nojenta a de Harry bebendo sangue quando chega em casa, e é por causa de cenas como essas que eu não sou muito fã de vampiros.

Mas a ideia de “Red Tide” é excelente. Harry vai aos poucos entendendo o que está acontecendo com ele, e chega a “sair para se alimentar” uma noite com Austin Sommers e Sarah Cunningham, a “Belle Noir”, e essa é a cena que mais se assemelha a “Hotel”, provavelmente, mas não desanimem… a proposta artística e visual de “Double Feature” parece, em todo o mais, bem diferente de “Hotel”. Quando descobre o que está acontecendo com ele e o que precisará fazer para poder continuar tomando a droga, Harry até pensa em deixar isso de lado, mas quando seu Piloto é adorado e ele recebe propostas de contratos milionários, Austin sabe que ele não vai resistir a voltar por mais… não há nada mais viciante do que o sucesso. Agora, a conversão de Harry está praticamente completa, e ele vai continuar tomando pílulas e matando pessoas para se alimentar.

Inclusive, ele serra os dentes para facilitar a alimentação… achei sensacional o fato de os dentes serem feitos artificialmente, porque reforça a ideia de que eles são humanos sob o efeito de uma droga, explicando todas as características que normalmente atribuímos a vampiros. É mais palpável do que o normal de “American Horror Story” e eu estou achando incrível. Também é interessante notar que a pílula tem diferentes efeitos em diferentes pessoas, e provavelmente ainda veremos mais pessoas tomando as pílulas – com os resultados mais distintos. Pessoas com talento, como Harry, têm o talento trazido à tona e eles conseguem escrever histórias brilhantes, como é o caso dele; pessoas que tomam a pílula, mas não têm esse talento dentro delas, acabam se tornando aquelas criaturas pálidas que andam pela cidade e que atormentaram Doris no primeiro episódio.

Uma das melhores cenas do episódio fala justamente sobre isso, e é protagonizada pelos personagens de Sarah Paulson e Macaulay Culkin. Os dois se entregaram lindamente àquela cena que consegue ser desesperadora e emotiva, com Mickey pensando em tomar uma das pílulas para terminar roteiros de filmes que ele começou e nunca conseguiu continuar, e incentivando Karen a fazer o mesmo, porque ela é uma artista talentosa na pintura e poderia ser tão grande quanto Picasso… mas Karen teme se tornar uma daquelas criaturas pálidas que vagueiam pelas ruas e, ainda que isso não aconteça, ela não quer ser como Belle Noir, porque acha horrível as coisas que ela faz. A cena é incrível e Karen consegue transmitir todo o seu desespero. Será que os dois ainda vão tomar as pílulas? Se sim, o que cada um deles vai se tornar?

Por fim, vemos Alma, a filha de Harry e Doris, procurar as coisas do pai e encontrar uma das pílulas. Desde que viu o pai a tomando e viu que isso o colocou para escrever sem parar, ela está se perguntando se isso pode fazer o mesmo por ela e a sua obsessão pelo violino. Depois de tomar a pílula e tocar por horas sem parar, Alma tem uma cena fortíssima na qual diz umas atrocidades à mãe, e depois ela sai sozinha, para se alimentar. No fim do episódio, Doris sai pela cidade em busca da filha, e acaba a encontrando no cemitério, toda suja, bebendo o sangue de um animal que ela acabou de matar… ainda acho que Doris vai acabar tomando uma das pílulas também, na esperança de que isso a ajude na redecoração da casa, mas não sabemos se ela realmente tem talento ou se ela vai acabar se transformando em uma daquelas criaturas pálidas da rua.

“Double Feature” teve uma estreia dupla incrível! Espero que esse nível se mantenha!

 

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