Escape Room: Tensão Máxima (Escape Room: Tournament of Champions, 2021)

“Welcome back”

O primeiro “Escape Room”, de 2019, foi uma deliciosa surpresa, se tornando um dos meus filmes favoritos de suspense e terror psicológico. “Escape Room: Torneio dos Campeões”, a sequência de 2021, mostra que “Escape Room” tem potencial para se tornar uma franquia tão bem-sucedida quanto “Premonição”, por exemplo, e eu já estou esperando novos filmes, agora com Claire comandando tudo… com uma aprovação da crítica um pouco inferior à do primeiro filme, mas uma aprovação do público bem mais alta, o segundo filme da (espero) iniciante franquia consegue nos empolgar e nos prender como o primeiro filme: estamos tensos o tempo todo, tentando desvendar pistas, e ainda temos algumas novidades quando o filme se volta aos mestres do jogo além de apenas os jogadores: dessa vez, a história que está sendo contada não é de quem está tentando escapar.

Bem… de certa maneira é justamente de quem está tentando escapar.

No primeiro filme, Zoey conseguiu vencer o jogo perverso criado por Minos e ainda conseguiu salvar um de seus companheiros: Ben. A ideia de “Escape Room” é muito bem-concebida, porque ela traz uma série de salas elaboradas em que os jogos de fuga se tornam mais sérios do que esperamos que eles sejam na vida real, e as pessoas precisam desvendar as pistas para salvar as próprias vidas. A introdução desse segundo filme, que conta quase como um “previously”, traz um clipe muito bom com cenas do primeiro filme (deu vontade de reassisti-lo, inclusive!) e uma narração de Minos explicando sobre como os seres humanos sempre gostaram de ver outras pessoas lutarem por suas vidas… é por isso que eles assistiam aos gladiadores, por exemplo. Agora, milionários sádicos estão pagando para assistir e apostando em pessoas presas em uma escape room.

Esperamos iniciar o filme com Zoey e Ben entrando em um avião para caçar Minos (segundo Zoey, ele não vai parar a não ser que alguém o pare) e caindo novamente dentro do jogo (porque o primeiro filme termina com Minos planejando um voo falso), mas retornamos a 2003, onde vemos o Mestre do Jogo provavelmente “começando o seu negócio”, enquanto sua filha, Claire, está no quarto. A cena é inteligente porque mostra uma garota um tanto assustadora mexendo em vários elementos que encontraremos, mais tarde, no decorrer do filme… em paralelo, assistimos a Sonya, a mãe de Claire, ficando presa em uma sauna e tendo que jogar pela sua própria vida… a primeira escape room do filme – e ela não sobrevive. Depois, retornamos ao presente, com Zoey e Ben, e Zoey felizmente acaba não tendo coragem de embarcar no avião, no fim das contas.

O que não quer dizer que ela esteja a salvo.

Gostei de como o início do filme abordou o quão traumatizados eles estão depois das experiências de “Escape Room”, com o Ben tendo um pesadelo, por exemplo, no qual o quarto de hotel em que estão é uma das salas de Minos – e o grande problema é que Ben não está nem imaginando essas coisas. Sabe em “Premonição 2” quando os sobreviventes da primeira premonição precisam enfrentar tudo de novo? É exatamente o que “Torneio dos Campeões” nos proporciona, porque Minos consegue colocar Ben e Zoey dentro de um vagão específico do metrô que é sequestrado, e então ELES ESTÃO DE VOLTA DENTRO DO JOGO. E quando Zoey comenta que “Minos os encontrou”, os outros quatro passageiros do vagão reconhecem o nome e perguntam se eles já estiveram nos jogos antes. Todos ali são vencedores de alguma outra escape room.

Tendo assistido a “Alice in Borderland” recentemente, é impossível não lembrar da série durante os tensos momentos nos quais eles precisam desvendar pistas, encontrar respostas e salvar as próprias vidas, e eu devo dizer que toda aquela sequência do metrô foi PERFEITA. A construção do cenário e da situação é incrível, o “quebra-cabeças” que eles têm que resolver é bem-elaborado, e o filme conseguiu gerar toda a tensão que esperávamos de uma sequência de “Escape Room”. Efeitos bons e atuações entregues enquanto alguns dos personagens ainda tentavam entender como aquilo podia estar acontecendo novamente, e eu acho que essa “sala” foi mais elaborada e tensa do que qualquer sala do primeiro filme – mostrando que os desafios seriam ainda maiores nessa segunda “aventura” de Zoey e Ben. Um dos novos personagens já morre ali.

Do vagão do metrô, os cinco sobreviventes e vencedores de outras edições dos Jogos Vorazes seguem para uma série de salas em uma sequência parecida com o que víamos no primeiro filme, algo que foi duramente criticado por alguns críticos, mas que eu, particularmente, não vi como problema: a ideia de “Escape Room” é justamente apresentar os personagens dentro de escape rooms, lutando por suas vidas, e é interessantíssimo acompanhá-los enquanto eles fazem descobertas, suposições e tiram conclusões em busca de respostas que podem mandá-los para a próxima sala… e a complexidade das dicas, resoluções e das salas propriamente ditas é indiscutível: as escape rooms foram muito bem concebidas nesse segundo filme, assim como no primeiro, porque isso já era um elogio meu ao filme. E o filme consegue gerar a tensão a que se propõe.

Eu fiquei vidrado, buscando respostas ao lado deles e adorei cada uma das salas. Depois do metrô, a primeira foi um banco em que chaves estavam presas dentro de um pirulito, em que cofres tinham o nome de uma mulher chamada Sonya e um “tabuleiro de xadrez” acionava lasers que podiam matá-los… depois, seguimos para uma praia com duas possíveis saídas, ambas levando ao mesmo lugar, na verdade, que era aquela rua de Nova York, com um taxi, uma cabine telefônica e chuva ácida que podia matá-los facilmente. Durante todo o processo, Zoey vai tentando entender que história está sendo contada porque, diferente do primeiro filme em que cada sala era pensada para atingir um dos jogadores, essas salas não estavam relacionadas diretamente a eles… mas alguma história estava, sim, sendo contada. E nós sabíamos de quem era.

O filme não é surpreendente, porque conseguimos entender, antes dos personagens, o que está acontecendo: conseguimos entender que Sonya é a mãe de Claire, que 26 de maio é o dia que ela morreu e que a história que está sendo contada é de Claire, a filha de Minos, que é mantida prisioneira há anos e obrigada a desenhar salas para o doentio jogo que ele comanda – também entendemos rapidamente o que ela quer: uma maneira de escapar. Mesmo assim, é muito bacana acompanhar a maneira como o jogo foi construído, a complexidade de seus elementos, e a maneira como Zoey lidera rumo a uma nova vitória sobre Minos, chegando a respostas que a maioria das pessoas não consegue pensar. E também é legal acompanhar como os elementos que vimos com Claire no início do filme vão lentamente surgindo ao longo do jogo: o pirulito, a concha, o guarda-chuva…

Então, a “reviravolta” do filme consiste na Zoey chegando até Claire e tendo que ajudá-la a escapar de sua própria “escape room”, montada por Minos, e da qual ele garante que “Claire não conseguirá sair sozinha” – e Claire planejou aquilo tudo porque Zoey era a única inteligente o suficiente para ajudá-la. E, para conquistar sua confiança mesmo depois de ter desenhado todas essas salas, Claire salva a vida de Ben. O final do filme é apressado, infelizmente, e temos novamente Zoey e Ben sobrevivendo e, dessa vez, conseguindo derrubar Minos – não sei se isso quer dizer que eles estarão em segurança em um eventual terceiro filme, mas talvez o foco deixe de ser eles dessa vez, porque o filme termina com Claire, enquanto entendemos tudo o que ela fez, por que fez, e ela se vinga do pai, assumindo o seu lugar… e ela promete ser mais perigosa do que ele.

O filme tem ótimos efeitos, salas bem elaboradas e certamente nos diverte. Eu gostei bastante!

Assistiria feliz a um terceiro filme da franquia.

 

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