Continuum 3x06 – Wasted Minute


Muitas dúvidas.
Depois daquele maravilhoso primeiro episódio que a terceira temporada apresentou, nenhum outro episódio foi tão bom quanto esse. Parece que retornamos aos trilhos, e as coisas começam a se encaixar – o que só significa que temos mais dúvidas do que nunca. Nesse episódio, o Alec 2.0 propõe a teoria de que o tempo se auto-corrige, e que nenhuma viagem no tempo que ele tenha feito poderá alterar isso. Uma teoria interessante, e continuamos tentando desvendar qual é o cerne da viagem no tempo apresentada por Continuum. A rivalidade entre os dois Alecs aumenta, a Liber8 se estabiliza como uma organização revolucionária, e Kiera como a mais detestável protagonista de todos os tempos.
Não detestável por maus motivos – ela é uma ótima atriz e a personagem é incrivelmente bem escrita, certamente. Mas o que me irrita nela, profundamente, é a maneira hipócrita com a qual ela lida com as coisas. Guiada por seu puro egoísmo, ela trabalha por um 2077 como o seu, dentro de sua zona de conforto, mas sem se dar conta que as revoluções que vêm acontecendo podem, sim, estar construindo um futuro muito melhor. Suas atitudes finais em relação ao Alec 2.0 foram a maior prova de sua conduta desviada, e da cegueira com a qual olha para os acontecimentos. Fiquei muito contente por ver que Carlos, diferente dela, começa a se questionar.
Quando o episódio começa, temos muito do Alec 2.0, e ele é tão apaixonante que o episódio tinha que ser bom! Com medo da auto-correção da timeline, ele planeja uma fuga com Emily, com medo de que mais coisas ruins aconteçam com as pessoas “por sua causa” – ao mesmo tempo em que Elizabeth pressiona Kiera para que ela escolha um dos dois, afinal elas precisam conservar o Continuum. E levando em consideração que o Alec 2.0 está renunciando o seu futuro sombrio, tentando ser uma pessoa melhor e não o líder corporativo insensível do qual tínhamos notícias, ele deve ser tirado das ruas. Irônico, profundamente irônico, que no momento em que ele pode se tornar uma pessoa melhor futuramente, que ele decide seguir seu rumo diferente, ele se torne o “vilão”.
Para Kiera, claro, não para nós. Foi impressionante ver a atuação dupla de Erik como os dois Alecs – especialmente quando o Alec 2.0 invade a Piron e se passa pela sua outra versão. A própria maneira de eles andarem, olharem e [sim] respirarem é tão diferente que você sabe claramente quem é quem. Mesmo com o mesmo estilo de roupas. E depois de um confronto físico, eles partem para uma discussão de idéias nos quais eles são absurdamente diferentes, mas talvez nem tão diferentes assim se o Primeiro Alec também ainda está apaixonado pelo Emily. Com violência, mas sempre fazendo o certo, o Alec 2.0 acaba preso por Kiera e levado para Elizabeth, exatamente como ela e Garza começaram essa temporada.
DESESPERADOR.
E revoltante.
Na trama da Liber8, temos toda a teoria de que eles tenham roubado resíduos químicos e estão causando doenças – uma arma química que foi usada em 2066, na Guerra. Mas novamente temos a visão deturpada da Liber8 através dos olhos de Kiera (trabalhando com os dois Alecs, o que ficou incrível!), enquanto ela falha em perceber que a Sonmanto, que no futuro concebeu a cura, também foi a responsável pela fabricação da arma química. Conscientemente sim, mesmo que eles neguem isso o tempo todo. Foi bom ver Alec descobrir isso e mandar a informação para Carlos, que fala abertamente e questiona o líder da Sonmanto sobre a arma.
Parece que, talvez, tenhamos Carlos como um dos futuros fundadores da Liber8, pois seu discurso estava bastante alinhado ao deles nesse episódio. Além do Alec 2.0, contando que ele consiga ser libertado de lá. As possibilidades são infinitas, e Kiera vai se isolando cada vez mais, cada vez mais parecida com os conservadores liderados por Elizabeth. E ela se torna a real vilã de Continuum, inconscientemente. Afinal, a Liber8 prega a liberdade de expressão, revelou informações importantes que a população precisava saber, e ainda mudou a história e quebrou com todo o problema de 2066 fabricando a cura em massa para distribuir gratuitamente.
Viu, Kiera?
Nesse final, eu fiquei tão absurdamente revoltado com Kiera por ter levado o Alec para Elizabeth, que eu mal me importei em descobrir quem é que tinha matado a primeira versão dela. Mas estou mais uma vez muito contente com o roteiro bem escrito de Continuum, que permite uma série de avaliações, e tomada de partidos – e conseguimos nos identificar à Liber8, enquanto os protagonistas da série lutam contra isso! É uma narrativa distorcida da alienação, apresentada de maneira muito irônica e revolucionária. E as possibilidades de dois Alecs já eram infinitas, e agora então? Precisam sempre explorar essa relação, que funciona muito bem, e talvez seja a hora de Carlos tomar partido contra Kiera. Isso funcionaria de maneira surpreendente!

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