Eighth Doctor – Spore (Alex Scarrow)


Um Doctor de transição, com uma participação (infelizmente) muito curta pelo programa. Se tudo tivesse acontecido da maneira como a BBC planejava inicialmente, Paul McGann teria dado início a uma nova versão de Doctor Who em 1996, mas acabou que a tentativa não saiu do filme. Uma pena, afinal Paul é até hoje muito orgulhoso de sua participação no programa, ele participou de incontáveis audiobooks e histórias não televisionadas, mas nunca teve muito tempo realmente interpretando o personagem…
Como esse Doctor brevíssimo do filme, tivemos pouco para realmente descrevê-lo, e toda nossa base está em uma hora e meia de filme, principalmente. Eu diria que ele está também envolto em mistério, mistério o qual pode começar a ser desvendado com a entrada de John Hurt na série, afinal seu figurino por baixo da jaqueta do Nono (Eccleston) é basicamente o figurino usado por Paul McGann no filme… mas especulações à parte, o conto de Alex Scarrow trouxe essa Oitava versão do Doctor, e não consigo realmente avaliar se ele foi bem representado.
Mas a companion
A Capitã Evelyn Chan não tem absolutamente nada de especial, talvez justamente por não a conhecermos e não temos um vínculo prévio com ela, mas eu gostei de uma coisa: a companion foi criada toda e exclusivamente para o conto, então é a primeira vez que a estamos conhecendo. E é o primeiro conto a tratar disso, do Doctor conhecendo um novo humano e se afeiçoando a ele, ajudando-o em uma missão independente e iniciando assim uma série de viagens conjuntas… mesmo que o final seja ambíguo e não sabemos o quanto Chan realmente se torna uma companion do Doctor, achei que foi bonito vê-lo dizer: “I imagine I might look in on you sometime in the future, Captain Evelyn Chan”.
Retomamos brevemente a história de Gallifrey nesse conto, e é isso um dos motivos que mais me fizeram gostar do conto. Infelizmente não está na lista de melhores contos, mas eu gostei de como ele nos levou a imaginar um Doctor bem mais jovem na escola, na sua vida no seu planeta natal, explorando mesmo que vagamente um momento do passado de Gallifrey: o momento em que o Spore também atacou aquele planeta, que foi quando eles desenvolveram uma imunidade que os humanos ainda não desenvolveram… ou qualquer outra espécie terrestre… o que significa o fim para eles.
Alex Scarrow, autor de
"Spore"
Quando o Doctor chega à Terra, ele encontra toda a civilização reduzida a um lodo preto. E o mais interessante: não apenas a população humana, mas qualquer coisa viva que entre em contato com o patogênico alienígena. Conhecendo um pouco pela história de seu planeta, ele consegue estabelecer as conseqüências futuras, os três estágios (achei isso interessantíssimo – a redução em lodo, o começo da reconstrução, e a fabricação de um cérebro) e mesmo formular um plano que possa levá-los a salvar toda a humanidade antes que eles sejam todos tomados.
É angustiante ver Chan quase lá.
É uma típica história de Doctor Who. Embora eu acredite que tenha faltado um pouco de agilidade no roteiro, achei bastante viável e inteligente a maneira como o Doctor resolve tudo. A maneira como a conversa do Doctor com o patogênico foi escrita foi encantadora (“Deep inside his brain he heard a sexless, ageless voice. A whisper of consciousness penetrating his mind”) e perfeitamente envolvente, e eu amei novamente a astúcia do Doctor ao se voluntariar para responder a pergunta para a qual apenas ele tinha a resposta na Terra: “[…] explain ratio 1:812”. O bom humor com que isso é tratado, a simplicidade com a qual ele responde, e o interessante paralelo entre nos deixar curioso pela resposta e Chan não poder saber muito sobre seu futuro é INTELIGENTÍSSIMO! Alex Scarrow ganhou meu respeito especialmente por isso…
Sobre o Doctor de Paul McGann…
Como eu já comentei, infelizmente ele só esteve no filme de 1996, e foi um ótimo Doctor. Uma característica peculiar dele era como gostava de fazer comentários que explicitavam que ele conhecia o passado e o futuro, e o conto trouxe isso muito bem. Além da brilhante discussão com Chan para não contá-la a resposta à pergunta central (será 42?), ele faz insinuações de conhecer o futuro e a história. Gostei também das referências, como aquela que começa o conto: “He’d visited here before, not so far away and not so very long ago. 1947, wasn’t it? Place called Roswell if memory served him”. Irreverência de Doctor Who…
O mesmo vale para “It would be like me handing over an antimatter energy cell to Isaac Newton and telling him to have a play around with it. Maybe take it apart and see how it all ticks. Rather a messy bang there, I’d imagine”
O Doctor em sua Oitava encarnação era bastante sensível, respeitava todo e qualquer tipo de vida (o que faz o conto muito condizente com o personagem) e admirava os humanos. Irreverente e repleto de comentários inapropriados e sabichões, acredita-se que esse Doctor tenha se envolvido na Time War entre os Time Lords e os Daleks, embora nada seja realmente muito bem confirmado… como a nova série gira, em parte, ao redor desse mistério, será um evento e tanto finalmente entendê-lo no Especial de 50 anos! Será que vamos, quem sabe, entender como foram sua morte e regeneração? Um ótimo conto de Alex Scarrow, mas Spore só nos relembra todas as dúvidas que temos a respeito do Oitavo, e levanta mais e mais questionamentos… qual sua opinião sobre ele?

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P.S.: Escrevi esse texto antes do lançamento de The Night of the Doctor. Não achei justo alterá-lo, mas qualquer nova informação sobre o Oitava sobre a qual você queira ler, aconselho essa postagem.

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