Lost 2x15 – Maternity Leave

Memórias de Claire.

COMO “LOST” SABE CONTAR UMA HISTÓRIA BEM! “Maternity Leave”, exibido em 01 de março de 2006, não é apenas um dos melhores episódios já feitos de “Lost”, mas um dos melhores já feitos em qualquer série: é um show de roteiro, de uso inteligente de flashback, de atuação… “Maternity Leave” é perfeito e, atualmente, o meu episódio favorito na segunda temporada de “Lost”. Na primeira temporada, Claire foi sequestrada ainda grávida por Ethan, um dos Outros que estava tentando se passar por um dos sobreviventes do Voo 815, e ela passou umas duas semanas sequestrada sem que nunca soubéssemos o que aconteceu com ela, até que ela retornou “sozinha” ao acampamento, de maneira misteriosa, e nunca mais se falou do assunto. Agora, “Lost” traz toda essa trama de volta junto com algumas explicações, e é um episódio de tirar o fôlego.

Tudo começa porque Aaron está ficando doente – ele está com febre e com brotoejas pelo corpo, e Claire está preocupada achando que pode ser alguma outra coisa. Jack diz que “bebês ficam doentes” e que “é normal”, mas Claire está preocupada como qualquer mãe estaria… na situação dela, ainda, tudo parece mais grave com a sugestão de Danielle Rousseau de que “ele pode estar infectado”. Muito se fala, desde a primeira temporada, sob a tal “infecção” que acometeu tantas pessoas na ilha, e pouco sabemos de fato em relação a essa infecção, mas as portas das instalações da Dharma têm a inscrição “quarentena” nelas, o que parece reforçar a ideia de que essas infecções são reais… então, Claire teme que seja o que está acontecendo com Aaron e precisa de respostas: para isso, ela precisa se lembrar do que aconteceu com ela naquelas duas semanas.

Em parte eu adorei tanto esse episódio porque é um dos usos mais inteligentes de flashbacks na série. Na primeira temporada, a maioria dos flashbacks nos levaram a conhecer mais os personagens e como eles se tornaram as pessoas que conhecemos na ilha, o que eu achava genial… na segunda temporada, por outro lado, vários flashbacks parecem ter perdido seu propósito principal, e esse de Claire está aqui para inovar: é a primeira vez que temos um flashback (os outros 48 dias dos sobreviventes da cauda não contam) que acontece inteiramente na ilha. Talvez não haja mais nada tão importante no passado de Claire antes da ilha que vá fazer diferença em sua história, mas essas duas semanas em companhia dos Outros em uma instalação da Dharma certamente era algo que queríamos e precisávamos saber. Foi uma viagem e tanto!

Claire busca a ajuda de Libby, que é psicóloga, para tentar “desbloquear sua memória”. É natural o cérebro se proteger de memórias traumáticas, e é o que aparentemente aconteceu com Claire, ainda mais pelo fato de ela ter passado a maior parte do tempo em que estava com os Outros drogada, mas Libby consegue começar a desbloquear as memórias de Claire… a primeira cena ainda tenta nos enganar como se fosse um flashback de antes da ilha, mas sabemos que não é, e a aparição de Ethan só nos confirma isso. O vemos injetar algo na barriga de Claire sob o pretexto de que “é uma vacina para que o bebê não fique doente”. Mesmo sem se lembrar de tudo, isso é o suficiente para que Claire decida ir em busca dessa instalação, onde espera conseguir mais remédio para Aaron… Kate a acompanha, porque sabe que Claire vai de qualquer maneira, e elas encontram Rousseau.

O trio de Claire, Kate e Rousseau é inesperado e funciona brilhantemente, enquanto Claire lidera uma busca para salvar o filho e suas lembranças, retornando em forma de flashbacks, completam um quebra-cabeças que há muito tempo ansiamos por completar. Vemos Ethan injetar o remédio na barriga de Claire mais de uma vez, e sempre nos surpreendemos com a organização dos Outros em uma instalação da Dharma – olha aquele quartinho que estava preparado para o bebê! Ethan tenta constantemente convencer Claire de que está fazendo o que é melhor para o seu filho, e a faz pensar que a decisão de abandoná-lo é dela… e a cada nova memória de Claire, vemos uma série de flashes de coisas que o restante do episódio ainda vai explicar, como o momento em que Claire arranha Rousseau ou quando uma garota ajudou Claire no hospital.

Fora do flashback, o trio também consegue chegar ao hospital no qual Claire ficou internada – a Estação Cajado, e parece um lugar diferente daquele que vemos nas lembranças de Claire. É definitivamente o mesmo lugar, mas o que parece estar em toda sua glória na época do sequestro de Claire, agora está destruído e abandonado… mesmo assim, Claire reencontra o sapatinho que tricotara para Aaron naquela época. O que Claire buscava, no entanto, ela acaba não encontrando… como o lugar está abandonado, as geladeiras também estão vazias e não existe nem sinal da vacina que Ethan aplicava em sua barriga e que ela espera que possa salvar Aaron caso Jack esteja errado e o que ele tem não é uma febre normal de bebê. Danielle Rousseau tampouco encontra o que esperava, porque ela a ajudou a chegar ali na esperança de rever a filha…

16 anos depois.

Adorei acompanhar e entender como Claire se livrou dos Outros e retornou para o seu acampamento: vemos Alex Rousseau, a filha de Danielle, ajudando Claire a despertar e sair da estação médica no meio da noite, dizendo que eles estão se preparando para tirar o bebê dela e matá-la, e então Claire se viu sozinha no meio da mata. Sozinha e drogada, no entanto, ela está prestes a se entregar de volta quando escuta os gritos de Ethan e dos demais procurando por ela, e é Danielle Rousseau quem a salva – mãe e filha resgataram Claire. Foi lindo ver Claire lembrando, enfim, que ela não arranhou Rousseau porque ela estava tentando levá-la de volta para os Outros, como acreditava: na verdade, foi Rousseau quem salvou a sua vida, e Danielle conta que bateu nela para que ela parasse de gritar e a levou nas costas até onde seus amigos o encontrariam.

Que cena forte a de Claire contando a Rousseau que se lembra de uma garota adolescente, de olhos azuis, que a ajudou a escapar… que não era como os Outros, que era uma boa pessoa. Claire e Rousseau entregam com maestria uma das cenas mais fortes, mais belas e mais emocionantes de “Lost”. Claire retorna para o acampamento sem ter conseguido o remédio que procurava, mas pelo menos ela “recuperou” as duas semanas sobre as quais não lembrava nada, e isso também é importante. Felizmente, Jack tinha razão no fim das contas, e Aaron não está com a “infecção” sobre a qual tanto se fala, seja ela qual for. Claire ainda tem uma última cena lindíssima no episódio, dessa vez com Aaron, falando sobre como o ama e sobre como estava decidida a deixá-lo com os Outros, mas agora sabe que eles devem ficar juntos… QUE EPISÓDIO INCRÍVEL!

Por fim, preciso comentar rapidamente sobre “Henry Gale” – e eu já estou me lembrando de por que eu gostava tanto dele na época em que vi “Lost”. O personagem, apresentado no episódio anterior, continua preso no quarto de armas da Estação Cisne, e continua alegando não ser parte dos “Outros”, mas o “Previously” fez questão de nos lembrar da fala de Rousseau a Sayid no episódio anterior: “Ele vai mentir por muito tempo”. “Henry” tem cenas com Jack, com John e com o Sr. Eko durante esse episódio, mas ele brilha realmente na cena final do episódio, quando está falando com Locke e planta aquela semente de dúvida e de intriga, sugerindo que “não entende porque Locke deixa que o Jack mande em tudo”. Não que a relação de Locke e Jack precise de algo para se tornar ainda mais complicada, mas eu adoro ver o “Henry” os manipulando com tanta facilidade.

Ele vai longe.

 

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