Além da Ilusão – A culpa de Matías

“Por que você me matou, papai?”

Matías é o personagem mais nojento de “Além da Ilusão” – e, por isso, vai ser uma delícia acompanhar qualquer cena em que ele esteja sofrendo… e estou muito feliz porque parece que Heloísa vai ajudar a incentivar esse sofrimento. A novela ainda apresentará mais vilões, como Úrsula, a interesseira e ambiciosa personagem de Bárbara Paz, mas me parece difícil detestar alguém tanto quanto o Matías, porque a atrocidade que ele cometeu é imperdoável, e ele continua piorando tudo a cada segundo… é claro que ele inventaria uma história elaborada para colocar o Davi atrás das grades em seu lugar e isso não nos surpreende em nada, mas a maneira como ele se volta contra Dorinha, uma garota de apenas 8 anos, dizendo para ela que “ela ajudou a matar a irmã” por ter aberto a porta do quarto de hotel para Elisa sair, foi uma das coisas que mais me enojou.

Especialmente tendo em vista que foi ELE quem matou Elisa.

Davi tem quem acredita nele – mas ele não tem como lutar contra um juiz poderoso e influente, cheio de contatos dispostos a ajudá-lo… mesmo que ele seja inocente. Romana, a dona da pensão na qual Davi mora, tem tanta certeza de que ele é inocente que ela acaba fazendo com que Artur Batista, um advogado que também é inquilino na pensão, se compadeça da história e resolve ajudá-lo… ele pede que Romana lhe conte toda a história, e ela fala sobre o romance de dois jovens apaixonados e sobre a intolerância de Matías Tapajós, um homem que atirou na própria filha e agora está jogando a culpa em um inocente “como se isso fosse aliviar o seu remorso e o seu sofrimento”. Sofri ao lado de alguns personagens, como a Romana, a Augusta e a Dorinha, e, é claro, a Violeta que descobre tudo por telegrama no mesmo dia da morte de seu pai.

Matías, por sua vez, é um dissimulado asqueroso, e vê-lo chorar me faz detestá-lo ainda mais – é revoltante como ele se prepara para o funeral de Elisa comentando que “um pai enterrando a própria filha deveria ser contra as leis da natureza”, mas aparentemente ele não tem nenhum problema com “matar a própria filha”, né? Matías grita aos quatro ventos sobre o “maldito mágico assassino”, e como quer “justiça”, e Dorinha diz que não sente que tenha sido o Davi, que acha que algo diferente aconteceu, e aqui Matías prova mais uma vez que não presta – quer dizer, ele matou a Elisa, então já sabíamos disso há muito tempo, mas ele podia alegar que foi um acidente por causa da perna e tudo o mais… agora, o que ele faz com Dorinha ele o faz conscientemente, e quando eu achei que eu não podia detestá-lo mais, ele culpa a Dorinha pela morte de Elisa.

Se não tivesse sido Matías quem matou a Elisa, se ele não estivesse presente, se acreditasse que Davi a matara, ele ainda assim não poderia dizer o que disse a Dorinha, mas talvez fosse algo que saísse da boca para fora em um momento de raiva – esse não é o caso no entanto. Ele sabe como tudo aconteceu, ELE É O CULPADO pela morte de Elisa, então é muita covardia acusar uma garota de 8 anos como ele fez quando descobriu que fora Dorinha quem abrira a porta para Elisa sair: “Então você ajudou a matar a sua irmã. Você e o mágico são os culpados por essa tragédia. Você também é uma assassina”. Não consigo explicar o ÓDIO que eu senti o ouvindo dizer isso, e a cena é fortíssima – foi difícil de assistir. Chorando, Dorinha corre para abraçar a Augusta e diz que queria que a sua mãe estivesse ali… Augusta a acolhe, mas ela não pode se impor contra Matías.

Enquanto isso, o perito responsável pela investigação do assassinato não encontra as impressões digitais de Davi na arma do crime e, com a liberação desse primeiro relatório, Davi é solto provisoriamente. Enfurecido, Matías vai atrás do perito de maneira violenta, e o segura pelo colarinho contra a parede, dizendo que ele vai alterar o laudo ou então ele vai se arrepender. Não há muito que o perito possa fazer, e ele sabe disso, mas ao invés de mudar seu laudo, ele pega o dinheiro que Matías lhe oferece e o usa para fugir – levando com ele a arma do crime. Isso, no fim, deve ser algo bom: Matías conseguiria, de qualquer maneira, um novo laudo dizendo o que ele quer, mas agora ele não sabe onde está a arma verdadeira nem o perito responsável por ela, e eu acredito que, em algum momento, o personagem deve retornar e ajudar a revelar a verdade.

Tendo saído da cadeia, Davi procura Augusta enquanto ela está cuidando do funeral de Elisa – “Minha criança… minha menina… o que fizeram com você?” Eu entendo os motivos de Davi, porque ele quer se despedir de Elisa e quer se assegurar de que Augusta sabe que ele está dizendo a verdade, mas ele não sabia se Augusta acreditava nele ou não, por isso ele corre um risco muito grande indo até lá… felizmente, Augusta sabe o tipo de homem que o Matías é, além de tê-lo visto pegando a arma antes de sair furioso do hotel dizendo que ia separar Elisa do mágico de um jeito ou de outro, então ela sabe e sente que Davi está dizendo a verdade. É uma cena forte, emocionante e significativa quando Augusta toca o peito de Davi e diz que acredita nele, porque ela certamente será uma de suas mais importantes aliadas no futuro da novela. Agora, ela deixa que ele se despeça…

Matías, com o passar dos dias, está cada vez mais atormentado – o que nós adoramos assistir, porque é o mínimo que ele merece depois do que fez: muito sofrimento e prisão eventualmente. Ele começa a ver Elisa, a escutá-la chamando por ele, ele acorda de noite, por exemplo, e acaba no banheiro, conversando com o vidro, em uma cena SENSACIONAL: eu amei a direção da cena, com a Elisa se aproximando cada vez mais do vidro, a voz se transformando em algo animalesco, enquanto ela pergunta ao pai por que ele a matou. Não sei se é o espírito de Elisa ou se é apenas o Matías ficando louco pela culpa, e eu acho sinceramente que é a segunda opção, mas, no lugar de Elisa, eu voltaria para atormentá-lo… como quando ela aparece no fundo da piscina chamando por ele e ele estende a mão dizendo que “o papai vai salvá-la”, e então quase morre afogado.

Mas Matías vai ter que sofrer muito antes de se despedir desse mundo.

 

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