Resident Evil 6: O Capítulo Final (2017)


“You’re all going to die down here”
Que filme ESPETACULAR! Eu me questionei, enquanto partia do quarto para o quinto filme, como eles colocariam um fim na trama de Alice lutando contra a Umbrella Corporation. O quinto delineou o caminho de forma muito mais clara, explicando algumas coisas sobre a Corporação e ainda colocando dicas na forma de Jill Valentine, sempre chamando Alice de “Project Alice” e Ada Wong, falando sobre as identidades que seus clones poderiam ter. Alice era, afinal, um dos “50 modelos básicos”. De todo modo, tudo fica claro no último filme da franquia, em um último longa que não deixa NADA a desejar frente a seus antecessores. Eletrizante, repleto de ação, susto e suspense, o filme fecha de forma magnífica a batalha eterna de Alice e a Umbrella Corporation, intensificando a complexidade do roteiro em últimas cenas tão surpreendentes quanto EMPOLGANTES!
Mas vamos sentir SAUDADE!
A introdução do filme é um pouco diferente. A narração de Alice não é a mesma de sempre. Não foca seu nome, sua identidade como segurança da Umbrella, a exposição da Colmeia ao T-Vírus. Retorna a Alicia Marcus, a filha do criador do T-Vírus, que o fez para tentar frear a doença que afligia a filha em um envelhecimento acelerado. A Umbrella Corporation surgiu, inicialmente, com o intuito de ajudar a humanidade com seus problemas de saúde… até que o primeiro “zumbi” aparecesse em um bondinho. Ali, a Corporação se dividiu em facções. O Dr. Marcus foi morto, e o Dr. Isaacs continuou guiado pelo poder e pelo dinheiro, distorcendo os princípios humanos da Umbrella Corporation e não se importando com a devastação que causou. Essa era a história da Umbrella. De Alicia Marcus. Da Red Queen. De Alice.
O fim de sua história.
Num primeiro ato do filme, Alice está sozinha, e é sempre empolgante vê-la sozinha, porque ela tem umas cenas de ação em que mostra o quão f*da ela é, com aquele assustador monstro alado em uma sequência eletrizante de ação que mostrou claramente ao que o filme veio. Depois, ela encontra a Red Queen que lhe dá algumas informações importantes: a Umbrella Corporation criou um antídoto para o T-Vírus para ser espalhado pelo ar, e ele está escondido na Colmeia, no subsolo de uma Raccoon City completamente DESTRUÍDA, e Alice tem 48 horas para chegar até o lugar, encontrar o antídoto e liberar, antes que a Umbrella extermine definitivamente a vida humana no planeta, com as últimas pouco mais de 4 mil vidas que os computadores ainda identificam. Assim, o relógio de Alice começa a correr novamente.
Sua corrida até Raccoon City é extenuante, e nos angustia ver o tempo correr depressa e vê-la ficar com um cronograma cada vez mais apertado – ela, inclusive, é presa. Primeiro em uma armadilha, na qual ela dá um show acabando com os soldados da Umbrella de todo modo. Depois quando toca numa moto sem autorização. Mas aquela cena dela no topo do tanque. WOW! E quer saber? COMO É BOM VER AQUELES ZUMBIS PERSEGUINDO O TANQUE! Porque nós gostamos deles, no fim das contas… significam demais. Como o roteiro pede, Alice encontra, por fim, um novo grupo de sobreviventes, com direito a liderzinho que acha que pode desconfiar dela porque ela era soldado da Umbrella e Claire, a melhor pessoa que poderíamos ver nesse momento! E é muito reconfortante ver Claire Redfield, viva, bem e ainda ARRASANDO.
O primeiro clímax do filme acontece em uma intensa cena de ação em uma Raccoon City DEVASTADA! Eles se preparam para uma verdadeira BATALHA na Grande Guerra contra a Umbrella quando os tanques, iluminados em azul, se aproximam e jogam uma isca humana para torná-los mais vulneráveis. É desconcertante, apavorante e delicioso. É a cena que mais trabalha com os zumbis nesse filme, e eles são menos mutantes do que os zumbis dos últimos filmes, conduzindo um tom de nostalgia intencional em batalhas grandiosas e assombrosas. Mas eles estão há muito tempo nessa guerra (10 anos desde que o T-Vírus escapou da Colmeia) e as táticas de luta estão impressionantes, capazes de criar torres gigantescas de fogo em um prédio antigo e destruído e fazer queimar milhares de zumbis simultaneamente. Que sequência!
Uma vez em Raccoon City, entrar na Colmeia não foi nada fácil – o Dr. Isaacs exige controle manual da proteção do local, tirando-a das mãos da Red Queen, disposta a ajudar Alice. E então, claro, tudo fica SÉRIO e GRANDE. Gostei muito do vídeo que a Red Queen mostrou para Alice para explicar tudo o que estava acontecendo e o motivo de ter se voltado contra a Umbrella Corporation, e tudo faz sentido. 17 meses antes da epidemia tomar conta da Colmeia, os “ricos e poderosos” da Umbrella tiveram uma reunião na qual falaram sobre o iminente fim do mundo, e a possibilidade de controlar um Apocalipse à sua maneira, através do T-Vírus, para que pudessem reerguer-se, posteriormente, em um mundo totalmente “limpo” e só deles. É assustador e doentio, mas é pertinente. Ali, por sua programação para defender a vida HUMANA, a Red Queen se virou contra seus criadores.
Eles mataram mais de 7 bilhões de pessoas!
Antes de chegarmos ao revelador (mas não muito inesperado) vídeo da Red Queen, tivemos os Cerberus perseguindo o cada vez mais restrito grupo de sobreviventes, e uma vez dentro das instalações da Colmeia, as coisas ficaram mais e mais sérias, com pessoas sendo mortas das formas mais brutais, como naquelas turbinas que foram subitamente ligadas e sugaram uma vida para uma morte instantânea, dolorosa e macabra. Ou ainda aquela morte de uma queda que decepou os dedos do homem. Ou ainda os monstros que perseguiram Alice e o Doc enquanto eles estavam tentando chegar a algum lugar… é estranho estar de novo na Colmeia, perceber memórias assustadoras e fortes em locais que, agora, parecem altamente diferentes do que estávamos habituados a ver no primeiro filme, lá em 2002. Mas estamos lá, para terminar tudo…
…no mesmo lugar em que começamos.
A grande revelação do filme é algo, talvez, esperado, mas nem por isso menos chocante ou admirável: ALICE É UM CLONE. Alice sempre foi um clone, desde que acordou na Mansão com seu vestido vermelho. Um clone de Alicia Marcus, a filha de James Marcus, aquela para quem o T-Vírus foi criado em primeiro lugar. Eu esperava ansiosamente por essa cena, pela confirmação das dicas dadas por Jill, por Ada Wong e, finalmente, pela própria Alice ao longo de O Capítulo Final. Ali estava. TUDO. Todos os clones acreditam que são os originais. Que graça teria não acreditar? Alice é, portanto, a mulher que a Red Queen poderia vir a ser, a mulher que Alicia Marcus nunca pôde ser. E foi IMPRESSIONANTE ver a brilhante interação dessas três manifestações de uma mesma personalidade, de uma mesma pessoa. Só podemos supor o quão DESCONSERTANTE é descobrir isso.
Mas Alice não é “só” um clone…
…nesses 10 ANOS ela se tornou muito mais do que a Umbrella poderia prever!
Portanto Alice, um clone de Alicia Marcus nascida há 10 anos quando o T-Vírus começou a se espalhar, se tornou muito mais humana e, possivelmente, uma pessoa melhor do que a “verdadeira” Alicia jamais foi. Por isso ela luta. Luta ATÉ O FIM. Quando a Red Queen avisa ao Dr. Isaacs sobre ele os demais figurões da Umbrella que “You’re all going to die down here” (sempre me arrepia escutar isso!), Alice e ele têm um duelo INCANSÁVEL e cheio de energia, no ápice do filme que culmina com a terrível morte dele depois que ele tenta matá-la repetidamente através daqueles lasers que conhecemos (e tememos) desde O Hóspede Maldito. Mas a explosão parcial de seu corpo de forma que ele não mais pudesse sobreviver foi embasbacante, mais um momento absurdamente incrível de Alice, colocando um fim nisso tudo e partindo com o antídoto…
59 segundos.
Há uma última batalha, uma última chegada aterrorizante de uma horda de zumbis famintos, mas Alice consegue colocar as mãos no antídoto e jogá-lo no chão… e enquanto ele se espalha pelo ar, os infectados por T-Vírus ao redor dela começam a morrer, um a um. Por fim, ela também cai, disposta a sacrificar a própria vida para salvar o mundo. Alicia Marcus, o modelo original, morre no subsolo junto com o restante da Umbrella Corporation, que FINALMENTE é totalmente desmantelada, com o projeto da “Arca de Noé dos ricos e poderosos” totalmente destruída nas câmaras criogênicas pegando fogo. Fim. A Umbrella Corporation foi, enfim, vencida, e o mundo vai, eventualmente, ficar livre do T-Vírus, e eu acho que qualquer um poderia dizer que isso é, sem dúvida, uma grande vitória. Alice conseguiu, no fim.
E ainda sobreviveu! \o/
Não achei, realmente, que ela fosse chegar a morrer, mas é um alívio ver Claire chamando por ela, e o processo de transferência das memórias de infância de Alicia Marcus, que as baixou antes de morrer para entregá-las a Alice, é LINDÍSSIMO. Alice ganha uma história, um passado, uma família – uma infância. E uma lágrima escolhe de seus olhos. Aquilo é comovente! Então, num final lindíssimo, Alice faz uma última narração. Ela diz que quando o T-Vírus se espalhou, foi na velocidade do mundo moderno… o antídoto, agora, se espalhará pelo vento, e pode demorar anos até chegar aos quatro cantos do mundo – por isso o seu trabalho AINDA não terminou. Afinal de contas, lembram-se do monstro alado do início do filme? Há mais alguns agora com os quais ela precisa lidar… mas é a Alice. Ela consegue. Isso quer dizer que podemos voltar a vê-la? Não sei. Talvez sim. Talvez não.
De todo modo, o fechamento da história foi impecável e admirável.
“My name is Alice”


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