Universo Hanna-Barbera: Scooby Apocalipse – Volume 1 (Parte 3)

Que flashback bom!

Estou terminando o primeiro volume de “Scooby Apocalipse” e estou adorando tudo o que está sendo construído para essa revista… a ideia toda é bacana, os personagens são bem construídos, os traços são bonitos, as cenas de ação são bem desenhadas – e sinto que existe muito a se explorar ainda. As duas últimas edições que compõem o Volume 1 são bem diferentes entre si… de um lado, temos uma edição que continua a história que estávamos acompanhando nas demais edições, e o grupo formado por Daphne, Velma, Fred, Salsicha e Scooby-Doo está preso no depósito de um hipermercado enquanto monstros (dessa vez, depois dos zumbis e dos vampiros, mais parecidos com demônios) tentam atacá-los e espreitam do lado de fora; de outro, temos uma edição que nos leva de volta para a vida de Velma Dinkley, nos dando informações importantes sobre o Complexo e o Projeto Elísio.

Como isso tudo começou.

“O Cerco”, de Novembro/2016, é a quinta edição de “Scooby Apocalipse”, e continua de onde a outra edição parou… dessa vez, lidamos com monstros demoníacos que parecem muito mais irracionais e agindo por instinto do que monstros que encontramos anteriormente em outras edições… de todo modo, eles são tão perigosos quanto qualquer um, e novamente o Scooby-Doo assume a frente para proteger seu grupo, seus amigos. Durante a ação, parece que algumas pessoas da equipe ainda não aprenderam a trabalhar em equipe, mas Velma é quem acaba salvando a todos os escondendo dentro de um depósito, onde o silêncio toma conta e parece que as criaturas rapidamente deixam de tentar entrar… aparentemente, eles são tão irracionais que se esquecem rapidamente do que está acontecendo. Agora, eles só precisam ficar em silêncio lá dentro.

Não que seja simples – em uma das cenas mais bizarras da edição (e eu adoro o tom de horror da HQ!), Fred encontra uma garotinha chamada Sarina, mas ela é assustadora desde o primeiro momento… mesmo assim, Fred se aproxima dela, até que seja quase tarde demais e ela o ataque – ela também é um monstro, como os demais, mas ela assume a forma de garotinha antes de a sua cabeça se abrir mais ou menos como o Demogorgon de “Stranger Things” e algo brotar para o alto e o longe, quase engolindo o Fred… então, eles não têm alternativa a não ser explodir aquela bizarrice (“O que era aquela coisa que explodimos lá? Era uma garotinha mesmo… ou era uma criatura camaleônica imitando a forma de uma criança…?), mas, quando eles fazem isso, o tiro acaba chamando a atenção das criaturas do lado de fora do depósito… elas se lembram que eles estão ali.

Então, elas voltam a atacar.

No fim, eles conseguem se salvar escalando prateleiras e se escondendo das criaturas no alto. Depois de “passado o perigo” (dentro do possível no meio de um apocalipse monstruoso como esse, é claro), Velma começa a buscar um notebook com bateria para tentar entrar em contato com outros complexos em busca de mais sobreviventes… Daphne, enquanto isso, pensa se deve ou não ajudar, porque a verdade é que ela não confia em Velma, ela sente que Velma Dinkley sabe mais do que está dizendo; no entanto, Daphne também tem noção de que talvez Velma seja um alvo fácil e ela a esteja usando como uma válvula de escape para o seu medo e a sua frustração. De todo modo, ela resolve ajudar na busca por um notebook, porque, independente do que Velma queira fazer (ajudá-los ou traí-los), o notebook pode levá-los de volta ao complexo…

E tudo o que Daphne quer são RESPOSTAS.

As respostas aparecem, mas não para Daphne e os demais, na sexta edição de “Scooby Apocalipse”, que é uma maneira perfeita de encerrar o Volume 1: na sexta edição, de Dezembro/2016, conhecemos “A história secreta de Velma Dinkley”, em um flashback que dura praticamente a edição inteira, enquanto Velma compartilha com os leitores sua vida, seus traumas e frustrações, em uma edição repleta de narração, mas bastante importante para construir o universo em que estamos entrando e, é claro, para entendermos um pouco mais de quem é Velma Dinkley nesse universo. Tudo começa com o nascimento de Velma (tipo o nascimento de Elphaba, em “Wicked”), quando conhecemos os pais da garota, Dale e Angie, e a maneira como o pai a tratou como se ela fosse uma grande decepção a sua vida inteira… então, ela quer provar ao pai que ele está errado.

Desde sempre, Velma cresceu isolada das outras crianças, mais inteligente do que todo mundo que ela conhecia, e ela acabou sendo transferida para uma escola de crianças superdotadas, onde ela apenas continuou sendo isolada de todos – foi uma vida triste, até que ela conhecesse Madelyn Wu, a primeira amiga que ela teve no mundo. Quando, depois de umas férias escolares, Madelyn passou por uma espécie de “transformação”, no entanto, Velma não soube lidar com isso e simplesmente surtou no refeitório da escola… é uma cena fortíssima, e é interessante como a HQ não endeusa as atitudes de Velma, porque ela pode ter levado uma vida sofrida, ela pode “justificar” suas ações falando sobre os anos de frustração, solidão e dor que teve que enfrentar, mas a verdade é que parte disso foi criado por ela mesma… e a prova está no show que ela deu no refeitório.

Ela pegou pesado e magoou Madelyn.

Mas não sei se consigo ficar com raiva… parte de mim fica, verdade. A outra parte, no entanto, parece lamentar essa crença de Velma de que “ela merece ficar sozinha”. E ela está internada e sozinha quando ela recebe uma visita inesperada: seus quatro irmãos. E é aí que toda a trajetória que dá início a “Scooby Apocalipse” começa, porque os quatro irmãos estão ali para contar a Velma sobre um projeto, sobre um complexo que eles estão construindo, mas eles dizem que, para conseguirem o que querem, para “transformar a humanidade” e tudo o mais, eles precisam de “uma mente superior”… eles precisam de Velma. Então entendemos que os “Quatro” sobre os quais Velma fala sobre desde o começo da história os “Quatro” como ela chama seus irmãos são as mesmas pessoas – os quatro cientistas que fizeram isso tudo no complexo SÃO OS IRMÃOS DE VELMA.

E ela era parte disso tudo…

…até que não era mais.

Velma, na verdade, foi usada. Continuou excluída até o último instante, e os irmãos, de forma cruel, usaram essa carência dela, esse desejo de “ser parte de algo” como combustível para motivá-la a criar, a dar a eles as armas que eles queriam para dominar o mundo ou algo parecido. Ela caiu no jogo de “De agora em diante… seremos os Cinco”, com um sorriso feliz no rosto, até perceber que eles a tinham enganado… foi ela quem teve o pesadelo com os monstros e teve a ideia do Projeto Elísio – ela apresentou aos irmãos uma proposta que usava os avanços em nanotecnologia do complexo, além das pesquisas pioneiras em química, psicologia e biofísica para transformar a humanidade em algo melhor, transformar a Terra em um “paraíso”. A ideia talvez até tenha sido boa, mas era ambiciosa e utópica demais, e é claro que alguma coisa daria errada.

Depois que tudo estava feito, depois que Velma ajudou a espalhar as “Sementes do Éden”, ela descobriu que os irmãos tinham mudado sua pesquisa, seus planos – se ela pretendia apenas suprimir os impulsos negativos da humanidade, acabando com a violência, a ganância e a irracionalidade, eles queriam transformar as pessoas em zumbis não-pensantes, pessoas vazias que fossem facilmente controladas… então, esse foi o momento em que Velma se revoltou e quis atacar, quis se vingar, quis machucar os irmãos como fizera com Madelyn Wu na escola, e então ela pensou em como poderia fazer isso… e por isso foi em busca da ajuda de Daphne Blake. Dali em diante, nós sabemos o que aconteceu, e, depois de conhecer isso tudo, é mais doloroso ver a Velma do presente… a Velma que expulsa o Scooby de perto dela, dizendo que “ninguém confia nela” e, pior, “ninguém gosta dela”.

É nisso que ela acredita… nisso que sempre acreditou.

Vai ser difícil quebrar essa barreira.

 

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