Raven’s Home (A Casa da Raven) 5x20 – Stylin’ & Profilin’

Surpreendente, necessário e marcante!

QUE EPISÓDIO IMPORTANTE! “Stylin’ & Profilin’”, vigésimo episódio da quinta temporada de “Raven’s Home”, é um dos episódios mais marcantes da série: não é particularmente divertido, nem mesmo nas tramas paralelas que não estão ligadas a Booker, mas traz à tona o tema do racismo, com clareza, responsabilidade e seriedade. É uma abordagem, inclusive, que pega o espectador de surpresa, porque causa angústia e revolta enquanto tentamos nos colocar no lugar de Booker e assimilamos aquela fala do Victor a respeito de como o sistema está quebrado. O episódio consegue abrir mão do humor ao levantar uma discussão necessária e presente, e concluir a discussão a respeito do racismo com duas cenas tocantes: primeiro de Booker com o avô, depois com a Raven.

A discussão me lembrou um curta lançado na Netflix em 2021, vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem: “Dois Estranhos”, sobre um jovem negro preso em um time loop, e que é abordado pela polícia e eventualmente morto, não importa o que ele faça diferente, porque o motivo que leva o policial a pará-lo não tem nada a ver com “atitude suspeita”, como bem sabemos. É angustiante, revoltante e, infelizmente, real, tal qual “Stylin’ & Profilin’”. Na trama do episódio, Booker finalmente conseguiu dinheiro o suficiente para consertar o carro sem motor que ganhou de presente de Victor, e agora ele está se sentindo um máximo… e quer a improvável autorização da Raven para ir de carro a um jogo de basquete que vai acontecer na escola.

Surpreendentemente, Raven o autoriza, mas o proíbe de dar caronas e o manda direto para casa quando o jogo terminar… como Booker não para de se achar a respeito do seu “carro novo”, no entanto, Ivy pede uma carona, Neil também, e Booker acaba com mais quatro pessoas além dele no carro no fim do dia, supostamente amparado por uma visão que diz que “ele deixou todo mundo em casa sem nenhum problema”. Como comédia, o episódio não se sobressai. Há certo humor nos amigos insistindo para o Booker passar em um drive-in, e na tensão que acompanha o telefonema de Raven, no qual ela parece a um passo de descobrir que ele está dando carona para um monte de gente, mas não é nada realmente memorável em comparação a outros episódios.

O que torna “Stylin’ & Profilin’” realmente marcante é a guinada inesperada que acontece depois de Booker deixar Ivy em casa por último e ter a sua visão que diz que “nenhum problema aconteceu”. Então, Booker é parado por um policial sem qualquer motivo aparente: ele não estava dirigindo em alta velocidade (nem estava dirigindo, na verdade!), tampouco parado em lugar proibido, mas o policial faz acusações mascaradas de perguntas (como quando ele pergunta se “o avô dele sabe que ele deu aquele carro de presente para ele), colocando para fora todo o seu racismo antes mesmo de dizer que “caras como o Booker” são suspeitos. A sequência é pesada, revoltante e triste, e Ivy liga para Victor para que ele possa vir ajudar o neto em apuros.

Toda a sequência da “abordagem policial” é pesadíssima, uma representação clara do racismo estrutural (não importa o que o Booker faça ou diga, ele é “suspeito” apenas por ser negro), e eu gostei muito de como “Raven’s Home” tratou o assunto depois. Naquele momento, não estamos mais assistindo a uma série de comédia, e eu fiquei profundamente feliz com o fato de o roteiro não tentar mascarar ou “aliviar” a questão com “piadinhas”. Booker está inconformado, bravo, triste, e Victor fala sobre o sistema e sobre como está contente que ao menos ele esteja vivo… porque nem todos têm essa sorte. E Victor também fala sobre a denúncia que farão e como levarão isso para a frente, porque essa é a única maneira de um dia, quem sabe, mudar o sistema.

A discussão, sempre pertinente, é tratada de maneira sensível e responsável, e em evidência para não passar despercebida… não é uma subtrama, não é um elemento do episódio entre tantos outros: é a trama central de “Stylin’ & Profilin’”, é sobre o que ele fala e, ao fazer isso, “Raven’s Home” promove reflexão e discussão. O episódio é coroado por uma conclusão lindíssima quando Raven chega em casa, já sabendo de tudo e, naquele momento, ela não é aquela Raven que vai brigar com o Booker por ter desobedecido às suas ordens, até porque, além de mentir para a mãe, ele não fez nada de errado: naquele momento, assim como Victor, Raven só está feliz porque Booker está à salvo, e ela o abraça com todo o amor de mãe que ela tem.

Definitivamente, um dos episódios mais importantes de “Raven’s Home”.

 

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