Sítio do Picapau Amarelo (1978) – O Outro Lado da Lua: Parte 2

Viagem ao céu.

Depois de despertar todo mundo das férias de lagarto, Emília começou uma nova aventura no Sítio do Picapau Amarelo. Como o Pedrinho estava lendo um livro sobre viagens interplanetárias, esse vira um assunto comentadíssimo no sítio de Dona Benta, e Emília está cheia de ideias: ela quer levar todo mundo para a lua, por exemplo. Adaptada de uma parte de “Viagem ao Céu”, “O Outro Lado da Lua” é uma história divertida e cheia de informações sobre astronomia, graças à visita de alguns astrônomos que chegam ao sítio pelo Faz-de-Conta da Emília, além, é claro, de todo o conhecimento de Dona Benta e do Visconde de Sabugosa. Antes de concretizar a viagem à lua, as crianças constroem um telescópio e Emília convida os “descobridores do céu”, como ela os chama, e então tudo converge em uma cena muito bacana com a inauguração de um telescópio no sítio…

Com a presença de Galileu Galilei, o inventor do telescópio!

Toda a cena em volta do telescópio é um máximo! Dona Benta até fala para a Tia Nastácia olhar pelo telescópio e ver com os próprios olhos “se tem dragão e São Jorge” na lua, e como Tia Nastácia não vê nada, ela responde, meio desapontada, dizendo que “eles devem estar do outro lado”. Emília, no entanto, é a última a olhar pelo telescópio, e seus olhinhos de retrós a permitem enxergar mais do que qualquer outra pessoa tenha visto… ela fala sobre o dragão de São Jorge, por exemplo, dizendo que “ele é verde tal qual lagarto” e tem “a língua vermelha de fora”, e fala até sobre o São Jorge “a cavalo, espetando a lança no pescoço do coitado do dragão”. Nastácia fica toda alegre com a informação, dizendo que sabia que tinha dragão e São Jorge na lua! As crianças, no entanto, duvidam um pouquinho da Emília… afinal de contas, eles não viram nada.

“É que eu tenho olhos de retrós. Sou a melhor olhadeira daqui do Sítio!”

De qualquer maneira, se não acreditam nela, Emília diz que eles verão no dia seguinte, quando todo mundo for para a lua. Emília tem tudo planejado: quem vai, quando vão e como vão. As crianças escolhem não avisar a Dona Benta, para que ela não se preocupe e sabendo que talvez ela até os proíba de ir, se souber com antecedência, mas Narizinho escreve uma carta para a vovó, explicando a situação e prometendo que “eles mandam notícias quando chegarem à lua”. Eles planejam levar a Tia Nastácia, para que ela possa ver o São Jorge pessoalmente, e o Giordano Bruno, porque sabem que, se retornar para o seu tempo, o astrônomo será queimado na fogueira, e eles querem protegê-lo disso… no fim, Emília engana a Tia Nastácia a fazendo dizer a palavra mágica, pirlimpimpim, e Nastácia viaja mesmo sem querer. Giordano Bruno, no entanto, resolve ficar…

Ele vai enfrentar seu destino.

Enquanto as crianças chegam à lua (e lidam com uma Tia Nastácia paralisada pelo choque), um dos astrônomos descobre a carta de Narizinho em uma árvore e a entrega a Dona Benta, que fica preocupadíssima – mas ela sabe que tudo é possível no seu sítio. Então, ela logo se distrai tentando esconder de Giordano Bruno livros que falem sobre o seu destino, por exemplo, ou entrando em reflexões bastante interessantes com os astrônomos sobre como as coisas mudam no decorrer do tempo e como isso é algo bom… eles falam sobre teorias que causaram perseguição no passado e que atualmente são comprovadas pela ciência, ou sobre como hoje se investe em pesquisas em universidades, em contraste a quando cientistas eram presos e mortos por falarem contra algo que se tomava como verdade. São diálogos muito bem-escritos, por sinal.

Enquanto isso, na lua, as crianças se perguntam por que não podem ver a Terra dali, e o Visconde explica que quando a lua gira em torno da Terra, ela mostra sempre a mesma face, e tem um lado da lua que nunca podemos ver – “Viemos parar na parte oculta da lua. Estamos do outro lado da lua”. Então, as crianças não podem ver a Terra e o pessoal do Sítio, mesmo que olhe pelo telescópio, não vai poder vê-los ali em cima. “O Outro Lado da Lua” é fascinante, movido demais pela imaginação e pelo faz-de-conta, que são as bases para as brincadeiras e descobertas de crianças, e do “Sítio do Picapau Amarelo” como um todo. É apenas o começo da aventura, embora a Tia Nastácia já esteja ficando apreensiva e começando a querer ir embora, dizendo que “ali não tem água”, por exemplo, mas Emília manda ela se preocupar com isso só quando tiver sede…

Agora, eles querem explorar.

Minha vontade era de estar com as crianças na lua, explorando como eles fazem! Eles percebem como são mais leves na lua, devido à menor gravidade, e falam sobre como andaram quilômetros sem se cansar, então eles começam a fazer testes… eles começam a pular para ver que altura chegam e, depois, que distância conseguem saltar, e eles se divertem tanto em uma sequência deliciosa cheia de saltos e risadas! Eles percebem, então, que conseguem cobrir grandes distâncias em um tempo e esforço muito menores do que na Terra, então eles começam a saltar e “pinicar” a lua e saltar de novo, para que possam ir mais longe depressa e conhecer tudo o que têm a conhecer… o outro lado da lua, onde eles podem ver a Terra, por exemplo. Tia Nastácia, no entanto, acaba ficando para trás em algum momento, e dá de cara com um imenso dragão.

Ela fora mesmo a primeira a “ouvir um bufo de dragão”, mas ninguém lhe deu atenção. De qualquer maneira, o pessoal consegue encontrá-la antes que ela seja devorada para ajudá-la, e Emília tenta usar o faz-de-conta para fazer o dragão desaparecer, mas nem o faz-de-conta da bonequinha parece funcionar naquela situação… então, é Tia Nastácia mesmo quem tem que se salvar, e diz que vai fazer as coisas do seu jeito e solta um “Valei-me, meu São Jorge!” E, assim, O SÃO JORGE APARECE E EXPULSA O DRAGÃO, para a alegria de Tia Nastácia e para a admiração de todo o pessoal do Sítio, que fica encantado e lisonjeado com a oportunidade de conversar com um santo. Tia Nastácia está duplamente feliz: ela pode conhecer o seu santo de devoção e, de quebra, provar que estava certa o tempo todo – “O que interessa é que eu tava certa: eu não disse que tinha São Jorge na lua?”

Adoro essa história!

 

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