Pornographer | Mood Indigo – Episode 5: A Chain of Betrayal and Sorrow

“Eu queria ser como você”

Sabe aquela sensação de estar montando um quebra-cabeça e, quando estamos nos aproximando do fim, as peças se encaixam com mais facilidade e cada peça diferente é uma satisfação? “Mood Indigo” continuamente nos proporciona uma sensação similar e, em “A Chain of Betrayal and Sorrow”, um episódio de pesar quase em sua totalidade, porque traz a morte não apenas do Sr. Gamouda, mas das esperanças e expectativas que o próprio Kijima nutriu, descobrimos um pouco mais sobre a construção da faceta mais egoísta de Kijima que conhecemos em “The Novelist”. Gosto de como as duas produções de “Pornographer” se completam e constroem uma única narrativa maior que é e sempre foi centrada primeiramente em Kijima.

Mais longo que o normal, esse quinto episódio começa onde o outro terminou: no momento em que Kijima descobre que Kido pediu para ser transferido para outra linha editorial, porque a família de sua noiva não gostava dos livros que eles publicavam. Quando Kijima diz, não só com palavras, mas com o olhar, que “Kido é desprezível”, entendemos o quanto ele está colocando de si e de seus sentimentos ali: durante todo esse tempo, no qual Kido permitiu que Kijima criasse expectativas, na verdade ele estava apenas sendo usado para que Kido pudesse salvar o seu casamento, o que parece não apenas desprezível, mas inteiramente egoísta da parte de Kido… por isso, eu entendo todo o sofrimento de Kijima e as cicatrizes que essa história deixará nele para sempre.

A cena é intensa – e triste. Kijima diz tudo o que está em sua mente, tudo o que ele queria que Kido soubesse, e também existe sofrimento partindo de Kido, de certa maneira… ele errou por completo com Kijima, mas parte de mim sente por ele, também, quando ele diz a Kijima que “queria ser como ele”, depois de dizer que “nem todos podem viver como ele”. Posso estar enganado, mas eu entendi, naquele momento, que Kido tem sentimentos verdadeiros por Kijima, mas ele não tem coragem o suficiente para ignorar a sociedade ao seu redor e assumir um relacionamento com outro homem, algo que não é um problema para Kijima. Marcado pelo medo, Kido está escolhendo o que lhe é oferecido como “mais fácil” e, assim, fadando-se ao fracasso e à tristeza.

Se minha interpretação estiver correta, Kido jamais será inteiramente feliz.

Ao menos o vemos fazer uma escolha acertada, no entanto: antes de Kijima deixá-lo para trás, ele diz que também o despreza por ele se envergonhar do seu trabalho e, mesmo assim, trazê-lo para esse mundo e, então, Kido resolve assumir para si mesmo e para as pessoas ao seu redor que ele gosta do trabalho que faz, e que não se importa de trabalhar em uma editora de livros pornográficos, porque ele gosta desse tipo de livro… então, apesar do acordo que fizera anteriormente com o seu chefe, ele decide voltar atrás e continuar nessa linha de publicação, de romances eróticos, independente do que a família de sua noiva vai dizer. É um passo pequeno, é verdade, mas é um pequeno passo importante rumo a algum possível resquício de felicidade para ele.

Para Kijima, as coisas são difíceis. Ele se iludira com Kido e agora está de coração partido, e ainda está prestes a perder o Sr. Gamouda, um homem com quem ele estabeleceu uma relação verdadeiro e que ele considera, agora, como um pai para si – como o pai ideal que ele gostaria de ter. Quando a situação do Sr. Gamouda se agrava no hospital e ele entra em coma (e permanece uns dias assim), Kijima liga para a única pessoa em quem consegue pensar: Kido. Ele não quer estar sozinho nesse momento. E Kido corre ao hospital, por ele mesmo e pelo Sr. Gamouda, que lhe pediu que ele cuidasse de Kijima, porque se preocupa com ele: Kijima é uma pessoa que se importa muito com os outros e faz as coisas pelos outros, e precisa “aprender a ser mais egoísta”.

Irônico, não?

Toda a cena de Kijima e Kido no hospital, ao lado da cama do Sr. Gamouda, é intensa e bonita. De certa maneira, ela expressa que, apesar de todos os sofrimentos e de todas as falhas, existe um laço real entre eles, e eles se importam um com o outro. Kijima ainda tem algumas coisas para colocar para fora, que tem muito mais a ver com a sua própria frustração por estar perdendo alguém que aprendeu a admirar do que qualquer outra coisa, e Kido está inteiramente ali naquele momento, para ser sua companhia e sua fortaleza, se ele permitir… e ele pede desculpas por tudo o que fez. Aquele momento em que Kido coloca o braço em volta dos ombros de Kijima e Kijima aceita a proximidade e deita em seu ombro eu acho particularmente bonita: Kijima precisava de alguém.

E, naquele momento, ele só tinha o Kido.

Ainda assim, a dor que Kijima está sentindo é grande demais. Depois de falar sobre o Sr. Gamouda e de chorar em silêncio ao lado de Kido, demonstrando certa força, Kijima se levanta e deixa o quarto e, uma vez que está sozinho no corredor, ele desaba a chorar de verdade – toda sua dor se convertendo em lágrimas. E, naquele momento, todos seus sentimentos estão misturados, e ele não chora por apenas uma coisa… ele chora pela perda do Sr. Gamouda, ele chora pelo fato de que nunca poderá estar com Kido, apesar das expectativas que ele mesmo criou, ele chora pelo medo, talvez, de estar sozinho e de permanecer sozinho. Sabemos que “Mood Indigo” não pode ter um final feliz, mas saber que teremos Kuzumi no próximo episódio me deixa feliz.

Retornaremos para depois de “The Novelist”.

E, então, eu acho que Kijima pode finalmente estar bem. E eu quero que ele seja feliz.

 

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Comentários

  1. Eu sinto pena do Kido. :(

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    1. Eu também, de certa maneira... ele fez uma escolha baseada no medo, não era realmente o que ele queria. Difícil ser feliz assim, né?

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