Turma da Mônica Jovem (2ª Fase, Edição Nº 20) – Sabotagem



Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência…
CADÊ A MÔNICA PARA NOS SALVAR DESSA COISA AÍ NA VIDA REAL E DESSA SITUAÇÃO POLÍTICA LAMENTÁVEL NA QUAL ESTAMOS VIVENDO! Eu adorei essa edição, do início ao fim – é um pouco megalomaníaca, e eu sinto saudade das sagas, que tinham mais tempo para desenvolver a trama, consequentemente a deixando menos corrida, mas essa é UMA EDIÇÃO E TANTO. A primeira coisa que me chamou a atenção na edição foi a capa – o desenho está muito lindo, com a Mônica e o Cebola em igualdade de destaque, mas alguns outros personagens com eles – também adorei as cores, como o Cebola usando vermelho, o que é sempre bom de se ver! E o tema estava interessante demais, com os amigos se voltando uns contra os outros, até que a tal da “Professora Floyd” nos contasse sobre o seu “projeto”, no fim da edição, e escancarasse a crítica social embutida.
MUITO BOM! \o/
A edição começa quando a Professora Floyd aparece no Colégio do Limoeiro de forma um tanto quanto suspeita e oferece coisas demais – ela diz estar representando a Corporação Hermes, uma importante empresa de tecnologia, e convida os alunos para um Acampamento de Férias durante o fim de semana onde, divididos em 16 equipes de 4 integrantes, eles competirão entre si por um prêmio grandioso: uma viagem de imersão à sede da Corporação Hermes, na Grécia. Os adolescentes se empolgam, afinal de contas pode ser divertido, e o prêmio é interessante, e eu gosto de ver algumas “uniões”, do tipo Cebola e Do Contra trabalhando juntos porque não querem que a Mônica viaje para a Grécia com o Toni, que está em sua equipe. Mas embora tudo comece “divertido”, logo eles percebem que a competição não vai ser tão limpa quanto eles esperavam.
Por isso o título da edição…
Na primeira prova, por COMIDA, Magali leva vantagem, naturalmente – ela é maravilhosa localizando a comida e chegando, com a Equipe Azul, mais rápido que todo mundo, e eles são bons competidores, escolhendo o que precisam para se alimentar, mas deixando o suficiente para as demais equipes… quando as outras equipes chegam ao lugar, no entanto, elas encontram as comidas espalhadas pelo chão e destruídas, e pensam que a equipe vencedora foi quem fez isso. A equipe vencedora, por sua vez, chega ao chalé em que estão hospedados e descobrem que ele também foi sabotado – os vidros quebrados, lençóis e toalhas jogados na lama, e uma série de coisas desonestas. Assim, rapidamente uma equipe se volta contra a outra… há quem acredite que Toni, da Equipe Vermelha, sabotaria o chalé da Equipe Azul, e assim por diante…
O clima começa a ficar insuportável.
Em seguida, quem quer que esteja por trás disso tudo começa a jogar os membros de uma mesma equipe uns contra os outros. Para isso, eles convocam, um a um, para uma visita misteriosa ao “Chalé Principal” (os primeiros são o Toni e o DC), e enquanto as equipes estão fazendo a segunda prova, por ENERGIA ELÉTRICA, novas sabotagens acontecem, dessa vez de forma que um membro da equipe possa ser acusado… a cama da Magali é sabotada, por exemplo, e todos já sabiam que a Cascuda guardava ressentimentos dela por causa de um “clima” dela e do Cascão no passado… outras equipes tiveram outros tipos de sabotagens, de modo que um membro pudesse ser acusado, e então eles se voltam uns contra os outros de forma, aparentemente, irremediável. “Ninguém confia mais em ninguém! Ainda seremos amigos quando isso tudo acabar?”
Quando Mônica é chamada para o CHALÉ PRINCIPAL, ela se depara com um longuíssimo e absurdo questionário que tenta jogá-la contra os seus amigos, mas ela não se deixa manipular: vai embora, enfurecida, sem responder às perguntas que vê na tela. Então, a Professora Floyd aparece falando sobre o “Experimento Social Floyd-54”, ao qual a Mônica, ao que tudo indica, é imune… todos os demais, no entanto, estão agindo exatamente como Floyd esperava que eles agissem, se voltando uns contra os outros, se isolando, criando dificuldades para acreditar nos outros… ela cria a paranoia, a angústia e a rivalidade, e é um estudo bastante pertinente, na verdade – o que se pode fazer com isso é ASTRONÔMICO, e o pior de tudo é pensar que isso já acontece na realidade… quando Floyd explica o seu experimento, percebemos que vimos isso acontecer na sociedade brasileira nos últimos meses:

“Diga, Mônica… já notou como as pessoas são hostis na internet? Já notou o quanto se discute, afronta e insulta? Notou como todos dizem coisas ofensivas que jamais diriam em pessoa? […] Pois imagine se esse comportamento pudesse ser manipulado! Imagine se uma grande empresa pudesse influenciar as atitudes nas redes sociais! Se pudesse controlar a irritação do público! Fazer com que todos se sintam isolados, desconfiados. Fazer o público odiar certas coisas. Certas pessoas! Pense em como a opinião pública poderia ser controlada. Alguém com essa capacidade poderia fazer qualquer coisa! Controlar as decisões da população! Fazer o público odiar os concorrentes e comprar seus produtos. Fazer o público odiar os oponentes e votar em seu candidato…”

Uma descrição precisa, perspicaz e dolorosa das eleições brasileiras em 2018.
A Mônica consegue acabar com todo o plano da Floyd no fim das contas, e os dados que ela recolheu no fim de semana acabam destruídos, e aqui eu percebo que o roteiro tentou dar uma maneirada – deu um fim “bonitinho” e utópico para amenizar a grande crítica social feita anteriormente. Mônica e os amigos são mais espertos do que qualquer “experimento social”, e a amizade deles é muito maior do que qualquer um que possa manipulá-los, e quando Mônica e Floyd quase morrem em um incêndio no “Chalé Principal”, os amigos de todas as equipes se reúnem para salvar a Mônica e, de quebra, a Professora Floyd também… quem nos dera pudéssemos vencer a manipulação pela mídia e pelas redes sociais com a mesma facilidade, talvez então não tivéssemos que lidar com esses tempos sombrios que nos esperam à frente, não é?
Ótima edição!


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