Lost 5x10 – He’s Our You

Sayid vs Ben.

Eu sempre pensei que Jack e os demais não tinham nada que ter voltado para a ilha – e “He’s Our You” é um episódio que prova isso, já que o retorno deles só atrapalha a vida de todos que estavam até que vivendo bem na década de 1970. Uma das cenas mais importantes e interessantes do episódio (e que resume bem o que eu senti enquanto o assistia) vem quando Juliet está pensativa e distante, deixando que o bacon queime no fogão enquanto ela olha pela janela, e então ela diz a Sawyer o que está pensando, o que é o medo que ela traz dentro de si: agora que eles voltaram, tudo aquilo acabou? O pesar de Juliet ao perceber/acreditar que sim é palpável quando ela menciona que eles estão “brincando de casinha” como algo bom, e as ações de Sawyer durante o episódio visando garantir que as coisas continuarão como estão reforçam isso.

Mas toda a paz e a tranquilidade que eles inusitadamente encontraram na Iniciativa Dharma entre 1974 e 1977 está chegando ao fim e, por mais que eles tentem fugir disso, é impossível. Há muito tempo que eu reclamo do personagem de Jack, de suas atitudes e de sua arrogância, e, nessa fase de “Lost”, tudo o que eu penso quanto ele está em tela é justamente no quanto ele está ali para atrapalhar a vidinha feliz de personagens de quem eu gosto… e, é claro, o mesmo vale para Kate, porque o Sawyer estava bem com Juliet, e ela retorna para atrapalhar isso, para confundir tudo. Acho tudo tão difícil de defender. Mas, nesse exato momento, nem são eles que “estão causando problema para o Sawyer/LaFleur”, já que ele tem que lidar com um problema muito maior: Sayid, que foi encontrado na floresta e identificado como um dos Hostis.

O que fazer com ele?

“He’s Our You” é um dos poucos episódios dessa fase de “Lost” que segue a estrutura tradicional de contar a história usando flashbacks – dessa vez, centrados em Sayid. O primeiro flashback do episódio retorna à infância do Sayid, e o que eu mais gostaria de comentar a respeito dessa cena é como eu fiquei pensando que aquilo talvez fosse por volta da década de 1970, o que quer dizer que aquele flashback e os acontecimentos atuais da Ilha, na Iniciativa Dharma, poderiam estar acontecendo mais ou menos ao mesmo tempo. Os próximos flashbacks já nos jogam para uma época depois de Sayid ter saído da ilha como um dos Oceanic Six, na época em que ele estava trabalhando para Benjamin Linus e matando pessoas, até que esse trabalho chegasse ao fim e Ben anunciasse que “ele estava livre”. Então, ele vai trabalhar naquele lugar onde Locke o encontrará depois.

Os próximos flashbacks nos trazem mais uma interação de Sayid e Ben, quando Ben o procura para dizer que Locke morreu (e a sua cara-de-pau dizendo que quem quer que tenha vindo atrás de Locke pode estar vindo atrás dele também!), e uma sequência em Los Angeles quando Sayid cai em uma armadilha e acaba preso nos eventos que o colocarão dentro do mesmo avião que Hurley, Kate, Sun, Jack e Bem – interessante notar que a mulher que o prendeu não era uma policial, como tínhamos sido levados a acreditar, e que Sayid não planejou e/ou decidiu retornar para a ilha, e só descobriu quando estava no aeroporto, pronto para pegar o avião… ele até tenta escapar do que sabe que está por vir, tenta convencer a mulher a pegar o próximo voo, mas ela está decidida e eles estarão dentro do Ajira 316. Para quem ela está trabalhando ainda é incerto…

Na ilha, Sayid continua preso e recusa qualquer proposta de Sawyer que poderia colocá-lo em liberdade, quem sabe integrá-lo à Iniciativa Dharma como um refugiado que escapou dos Hostis por algum motivo… eu valorizo demais o esforço do Saywer, porque eu acho que ele está, sim, pensando nele mesmo e em como manter essa vida que está levando há três anos, da qual ele talvez nem esperasse gostar tanto, mas ele também está verdadeiramente preocupado com Sayid, fazendo de tudo para salvar a sua vida, e oferecendo alternativas viáveis que, por teimosia, o Sayid continuamente recusa. Infelizmente, chega um momento em que não há mais nada que o Sawyer possa fazer, portanto eu não o julgo naquela votação na qual a morte de Sayid fica decidida… ele fez a sua parte, ele está disposto a fazer ainda mais, mas Sayid não colabora.

Em uma das sequências mais interessantes do episódio, Sayid é levado a Oldham, um homem que talvez possa tirar dele as informações que Radzinsky e os demais tanto querem… é uma sequência inusitadamente divertida porque Sayid é drogado com algo que “lhe obrigará a dizer a verdade”, e embora ele esteja realmente dizendo a verdade, as coisas parecem muito estranhas para o pessoal da Iniciativa Dharma de 1977, que não sabe tudo pelo que eles passaram… é divertido ouvir o Sayid dizendo que voltou para a Ilha no Ajira 316, que esteve na Ilha antes, com a queda do Oceanic 815, e que ficou ali durante 100 dias antes de conseguir sair, ou ouvi-lo falar sobre todas as Estações da Dharma, mesmo aquelas que ainda nem foram construídas ou nomeadas. E, felizmente, quando ele diz que “podem perguntar ao Sawyer”, ninguém sabe quem é Sawyer…

LaFleur escapa por pouco!

Eventualmente, Sayid acredita ter “entendido seu propósito” – e ele acha que tem a ver com o Ben de 12 anos que está levando sanduíches escondido para ele, na esperança de que Sayid seja mesmo um Hostil e o leve para viver com eles, como ele sonha desde sempre… a interação de Sayid e do pequeno Ben é repleta de tensão, por toda a história que eles compartilham (no passado, para Sayid, no futuro, para Ben), e quando uma Kombi azul em chamas invade a Vila Dharma e causa uma confusão inesperada que distrai todo mundo, Ben entra escondido para negociar com Sayid e perguntar se, caso o solte, ele o levará para viver com o seu povo… e Sayid aceita o acordo. A sequência final do episódio traz o Sayid se voltando contra Jin (!) e fazendo o que planejara fazer desde o início, quando viu o Ben criança e encarou isso como uma possibilidade: ele atira em Ben.

É chocante, mas, se Daniel Faraday estiver certo, Ben não pode morrer.

Afinal de contas, o que aconteceu, aconteceu.

 

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