Sítio do Picapau Amarelo (2005) – A visita da assistente social

“Minha filha, é só olhar o semblante da menina. Você vê o pesadelo que ela vive”

Nem mesmo a Emília com a varinha de condão da Cuca conseguiu impedir o noivado de Cléo e Angico… ela bem que tentou, transformando o Angico em um rato (!), mas Marcela está tão empenhada em conseguir colocar as mãos na joia que é a herança de Cléo, que ela vai atrás da Cuca no capoeirão para pedir que ela o transforme de volta em garoto, e faz um acordo com a jacaroa: em troca, ela trará a bonequinha de pano. Eventualmente, Marcela vai ter que cumprir essa promessa ou então sofrer as consequências – mal posso esperar para ver a Cuca vindo atrás dela para cobrar sua dívida! Infelizmente, então, Marcela consegue fazer o Angico voltar ao normal, e mesmo que os convidados já estejam todos chegando e nós chegamos a ter esperança de que o noivado não vai acontecer, Marcela manda Cléo se trocar rápido porque a festa vai começar.

Marcela também está com um rabo de ratazana, que foi o presente de um feitiço compartilhado pela Emília e pela Dona Joaninha, mas isso também não a impede de dar prosseguimento à atrocidade que é aquele noivado forçado: ela esconde o rabo e vai para a festa. É uma infelicidade sem tamanho. Cléo está arrasada, e não há um convidado que não perceba o quanto ela está sofrendo… a troca de alianças é horrível, o pessoal do Sítio está desolado, e o Angico está se achando um máximo… tudo é sufocante e desesperador nessa sequência, e nem mesmo a Emília e a Joaninha rindo do rabo de ratazana da Marcela, que chega a aparecer brevemente durante a valsa, consegue aliviar o clima. Só conseguimos respirar um pouco mais aliviados quando uma nova personagem aparece no Arraial dos Tucanos: Joyce, a assistente social encarregada do caso de Cléo.

Como o Dr. Saraiva está pedindo a guarda de sua afilhada, Joyce é enviada para entender como as coisas estão, e é um máximo vê-la aos poucos descobrindo tudo o que acontece com a Cléo. Joyce encontra Dona Benta e todo o pessoal do Sítio bem na hora que eles estão indo embora, então chega a conversar brevemente com eles, e pergunta se a Cléo é mesmo maltratada pela Marcela, e Dona Benta confirma, dizendo que, se ela quer comprovação, ela chegou na hora e no lugar certo, porque a Marcela está obrigando a Cléo a ficar noiva de alguém de quem ela não gosta naquele exato momento, e todos eles são testemunhas disso… Marcela, vendo a nova “convidada”, vem falar com Joyce da forma mais grosseira possível, querendo expulsá-la da festa a chamando de “penetra”, e a Dona Benta tem um sorriso quase maquiavélico no rosto quando conta que ela é a assistente social que está cuidando do caso da Cléo.

Ali, é claro, Marcela muda totalmente sua atitude. Ela nega que esteja obrigando a enteada a se noivar, finge que é boazinha, chega a dizer que o Dr. Saraiva não regula bem, e o Teodorico apoia a esposa, dizendo que “o Saraiva está caduco”. Com algumas pessoas dizendo que Cléo está sendo obrigada a se casar e a Marcela alegando que foi a Cléo que implorou para que ela fizesse esse noivado, Joyce decide ir conversar diretamente com a garota – era para a Cléo dizer a verdade e acabar logo com isso tudo, mas é Marcela quem vai, sozinha, chamar a Cléo para conversar, então ela tem tempo de ameaçá-la brevemente, e diz que, se ela dizer a verdade, o João vai sofrer as consequências… é um momento muito tenso quando Cléo é colocada em frente à assistente social que, como ela mesma diz, está ali para zelar pelo seu bem e para protegê-la…

Mas Cléo mente.

Era sua única chance, e ela mente. No entanto, esperamos que Joyce não leve em consideração apenas o que ela está dizendo com palavras, porque a sua linguagem corporal diz muito mais do que qualquer coisa. Quando ela pergunta a Cléo se ela está noivando porque quer ou se está sendo obrigada, Cléo hesita e demora para responder… baixa a cabeça, fica quieta. Aquilo é mais resposta à pergunta do que qualquer coisa que ela possa dizer. Joyce vai embora talvez querendo acreditar que ela está dizendo a verdade, mas, felizmente, ela continua com as suas investigações, e eu confesso que fiquei um pouco mais aliviado naquele momento – eu temi, de verdade, que ela fosse encerrar o caso ali depois de ouvir a Cléo e pronto, o que seria extremamente irresponsável de sua parte e certamente deixaria algumas assistentes sociais da vida real (oi, mãe!) revoltadas, mas ela continua no caso.

Naquele dia, Joyce vai até a pensão da Dona Joaninha, colher mais depoimentos para poder fazer um relatório detalhado do que observou, e com todas as críticas que eu já fiz à Dona Joaninha por vários motivos, ela me surpreendeu ao fazer o que era certo e dizer toda a verdade. Não sei se ela estava fazendo isso mais para atingir a Marcela ou não, mas a verdade é que ela é de grande ajuda à Cléo, e ela fala de maneira extremamente coerente, algo que nem sempre a Dona Joaninha faz. Ela diz à Joyce que Cléo vive aterrorizada pela madrasta, que ela a obrigou a ficar noiva, e quando Joyce diz que, segundo a Cléo, ela ficou noiva porque quis, Dona Joaninha responde: “Minha filha, é só olhar o semblante da menina. Você vê o pesadelo que ela vive”. Depois da Dona Joaninha, Joyce vai falar com a Antonica, que é a professora de Cléo, e ela fala sobre suas notas caindo, sobre suas faltas, sobre como ela está triste…

E a aconselha a ir falar com o pessoal do Sítio do Picapau Amarelo.

E ela vai! ESSE RELATÓRIO TEM QUE DAR RESULTADOS!

 

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