Sítio do Picapau Amarelo (2005) – Mais um dia na história do João

O dia em que o João roubou um pão…

Dona Benta não consegue entender por que João da Luz não quer ser adotado por ela – ele não pode continuar morando sozinho no meio da mata, se escondendo de todo mundo! O que a Dona Benta não sabe (e não acreditaria se soubesse) é que o João foi amaldiçoado pela Cuca e agora está se transformando em lobisomem todas as noites e, por isso, prefere se manter afastado de todos. Mesmo assim, Dona Benta está decidida a conversar com o João da Luz e, assim, faz com que as crianças a levem até onde ele está se escondendo, e quando ela chega na casinha da árvore e ele não está lá, Dona Benta se senta e espera: mais cedo ou mais tarde, ele terá que voltar para casa. Quando o João aparece, Dona Benta tenta conversar com ele, diz novamente que os pais dele já foram localizados e, portanto, ela pode cuidar dele até a maioridade e garante que faria isso “com todo o coração”, que adoraria ganhar uma um neto como ele.

É lindo o momento em que ela o abraça, porque a Dona Benta é extremamente carinhosa, e tudo o que João quer, no fundo, é ter uma família, é morar no Sítio do Picapau Amarelo e poder chamar a Dona Benta de “avó”, mas ele não pode, então diz que aquele é seu lugar e quer continuar morando ali, sozinho. Dona Benta, então, diz algumas coisas que precisavam ser ditas: ela diz que, se ele quer viver assim, tudo bem, mas ele precisa saber que a sua atitude está prejudicando outras pessoas, então ela conta tudo sobre como a Cléo está namorando o Angico e ficando noiva dele só porque o neto do Coronel Teodorico está a chantageando, ameaçando contar para a Marcela sobre o paradeiro do João. Dona Benta até diz que, se o João voltar para casa com ela, a Marcela não poderá mais acusá-lo de ser um fugitivo e, portanto, a Cléo estará livre.

Mas João segue resistente.

Estando por fora de tudo o que de fato acontece, é muito difícil entender o João de fato. Dona Benta está decepcionada e acaba indo embora um pouco brava, com toda a razão, porque a maneira como o João está se portando parece ingratidão. Depois de ficar sabendo sobre a chantagem de Angico, João decide que precisa ir embora para salvar a Cléo, e todo mundo se preocupa com o seu desaparecimento – afinal de contas, ele precisa continuar por perto até eles encontrarem uma maneira de ajudá-lo e livrá-lo da maldição da Cuca. Narizinho liga para contar para o César, e é o César quem encontra o João na estrada, pronto para ir embora, e lhe diz que ele não pode fazer isso, porque a Teteia o ama e, se ele for embora, ela nunca mais vai voltar a andar, mas João diz que precisa ir embora por causa da Cléo e a Teteia “precisa esquecê-lo”.

Enquanto o César conversa com o João, o Saci chega para levar os dois de volta ao Sítio do Picapau Amarelo: a máquina do tempo foi consertada e é hora de mais uma viagem. Infelizmente, quaisquer ajustes que o Visconde tenha feito na máquina não foram o suficiente, porque eles acabam novamente no momento errado, em outro dia importante na história do João da Luz. Eles estão em uma praça, embaixo de uma chuva forte, no dia em que o João roubou um pão porque estava com fome e foi mandado para a instituição… as cenas são bem interessantes, gosto de como o “Sítio do Picapau Amarelo” conseguiu incluir as cenas do passado sem que elas fossem realmente flashbacks, e é bastante revoltante assistir à cena, porque vemos o João com fome e vemos o vendedor de pão egoísta que o denuncia – era só uma criança com fome.

Emília tenta impedir o João de ser preso (o que resultaria no mesmo problema da última vez, uma mudança na história que geraria um paradoxo como o do avô), mas o Visconde os traz de volta antes que a história seja mudada… e como a máquina do tempo novamente não deu resultados e precisa de ajustes, o João decide ir embora, como planejava antes – o César até tenta impedi-lo, mas ele não muda de ideia. Se despede de todos e pede que o César busque a Teteia para que ele possa se despedir dela também, e é aqui que finalmente as coisas começam a mudar de figura. João pergunta se Teteia quer que ele fique no Arraial, e como ela diz que sim, ele pede, então, que ela o deixe ajudá-la a voltar a andar… ele precisa insistir um pouco até que Teteia aceite a sua ajuda, mas ela acaba aceitando por fim, e as cenas dos dois ficaram muito bonitas!

João a leva até o Arraial e a coloca sentada na beira do riacho, e Teteia sente a água nos seus pés, o que é um ótimo sinal. A cena é bonita, sensível, emocionante e se prolonga com os dois brincando no riacho de uma maneira tão linda que até a Iara se comove! Infelizmente, quando retornam para o Arraial, o João acaba sendo visto pelo Angico, e os dois têm uma pequena briga na rua que acaba não se prolongando demais… com a constante ajuda e preocupação de João, Teteia aos poucos vai voltando a mexer o pé e consegue até se levantar sozinha, e eu acho que esse foi um arco muito bonito para a personagem, mas que pode não durar muito, porque ela já está começando a ficar incomodada com o fato de o João parecer continuar se preocupando tanto com a Cléo – mas como não se preocupar se ela está prestes a ficar noiva do rato do Angico?

 

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