Moonlight Chicken – Chapter 3: The Dream of the Eternal Moon

Festival.

O episódio MAIS PERFEITO dos três lançados até o momento. “Moonlight Chicken”, talvez o BL mais aguardado de 2023, chegou com uma expectativa imensa sobre ele – e tem continuamente provado que todo o alvoroço era justificado. Com um toque de realidade e melancolia, “Moonlight Chicken” não é apenas a história de um romance, mas um drama inteligente e profundo sobre as diversas relações que existem entre as pessoas e entre as pessoas e seus sonhos – a relação de Jim e Wen é uma faceta da história, que conta ainda com a relação de Jim com seus próprios fantasmas do passado, com o restaurante que comanda e sua relação com Li Ming, seu sobrinho por quem é responsável desde a morte da irmã, em uma interessante relação de pai e filho.

“Moonlight Chicken” tem se mostrado uma narrativa rica em vários sentidos. Além do talento notável da equipe criativa e técnica envolvida (tudo funciona brilhantemente, do texto à direção, passando pela atuação dos atores e a fotografia belíssima que compõe a atmosfera perfeita para a série), o BL consegue mesclar o drama com um toque de leveza garantido, especialmente, pela interação tão pura e gostosa de se assistir de Li Ming e Heart… é um contrabalanço interessante, sem deixar de ser real, às auguras da vida adulta que os protagonistas enfrentam: de um lado, Wen em um relacionamento infeliz do qual, por algum motivo, ele ainda não conseguiu sair; de outro, Jim tentando manter seu restaurante aberto, a única coisa que o move desde que sofreu uma decepção amorosa.

O passado de Jim é brevemente explorado durante esse episódio – de uma maneira rápida com um flashback que não dura mais do que alguns minutos, mas que é bastante claro para que conheçamos melhor o personagem, e entendamos os seus motivos para “não querer nada complicado”, como ele disse a Wen desde a primeira noite que passaram juntos, ou por que ele disse a Wen que ele não era alguém apto a ser “a casa de alguém”. A conversa acontece quando Wen aparece no Moonlight Chicken e se oferece para acompanhar Jim em uma entrega para um evento do dia seguinte; enquanto os dois rezam e fazem um pedido, Wen é bastante claro e direto com Jim e pergunta se ele realmente não tem nenhuma chance com ele… então, Jim compartilha sua história.

Com Wen e com o espectador.

Há algum tempo, Jim esteve exatamente naquele mesmo lugar com o homem que outrora amou, e que eventualmente fez com que ele se fechasse para o amor. O flashback contém uma mistura inusitada de sentimentos, porque eu realmente abri um sorriso em ver o Jim tão leve e tão feliz com alguém: os sorrisos, as declarações, o aparente companheirismo, a maneira como abriram juntos o Moonlight Chicken e prometeram que aquele restaurante seria a prova do amor deles… até que Jim descobriu que estava sendo traído. Não precisamos de muito mais do que isso para entender o coração partido de Jim e sua recusa em assumir algo sério agora, mas a história é perversamente irônica, porque, depois de ter se machucado tanto sendo traído, como Jim vai se sentir ao saber que Wen já tem alguém?

Falando nisso, Alan faz sua primeira aparição nesse episódio. Breve, mas está lá.

Talvez fosse mais fácil, para Jim, que ele se envolvesse mesmo com Gaipa – um cara que está sempre presente, parece um companheiro e tanto, e com quem ele tem uma boa relação amigável… o problema, é claro, é que a sua relação com Gaipa é mais uma amizade mesmo do que qualquer outra coisa, e o que ele pode fazer se o seu coração não dispara por Gaipa como ele deve estar disparando por Wen? E Wen se faz presente de uma maneira sedutora que parece “impedir” Jim de escapar – vide aquela cena na qual Jim liga para Wen e ele o convida para se juntar a ele e ao pai durante um jantar, no qual o pai de Wen se pergunta se “ele vai apresentá-lo ao seu novo namorado”. Era para ter sido “um lance de uma noite só”, mas os sentimentos estão aflorando.

Interessante que até algo que podia ter se tornado um grande problema entre eles acaba sendo resolvido até que rapidamente: o lugar onde funciona o restaurante de Jim está prestes a ser vendido pelo dono da propriedade para a construção de uma expansão do shopping – e, ironicamente, Wen é o responsável pelo projeto… na noite em que ele apareceu no Moonlight Chicken pela primeira vez e se embebedou, ele estava celebrando a sua promoção, sem saber ainda que aquele lugar seria demolido – nem que ele se importaria tanto com aquele restaurante, com o seu dono e com o que ele representa para as pessoas da região. Agora, ele se sente culpado, e resolve contar a Jim antes que ele fique sabendo disso por alguma outra pessoa.

Wen faz o correto, e Jim reage da maneira esperada: naquele momento, ele diz que não vai ficar bravo com ele, mas também diz que é melhor que ele não apareça no restaurante naquela noite. No fundo, Jim sabe que Wen não tem culpa, e é maduro o suficiente para não ficar bravo com ele, mas isso não quer dizer que não tenha doído naquele momento. Achei interessante como “Moonlight Chicken” retratou esse problema de maneira realista, e como dois adultos decentes deveriam tratá-lo… no fim, não tem a ver com Jim e Wen, e é muito bom ver que, depois de processada a informação, as coisas meio que voltam ao normal entre eles, tanto que eles vão juntos a um festival naquela noite, onde colocam suas cestas de folhas para flutuar juntas na piscina.

Uma das tramas principais de “Moonlight Chicken” também gira em torno da faculdade de Li Ming – e é interessante ver o Earth fazendo o papel de pai, mesmo que Jim não seja realmente pai de Li Ming… de um jeito ou de outro, ele desempenha o papel paterno, e, por isso, é compreensível a sua preocupação com o futuro do sobrinho, especialmente quando ele ainda não falou nada sobre a faculdade para a qual vai se inscrever, e a escola parece preocupada com o seu baixo rendimento… quando Jim tenta conversar com Li Ming a respeito do futuro, no entanto, as coisas sempre acabam dando errado e os dois brigam, em uma relação difícil e comum na qual eles têm uma dificuldade tremenda de comunicação que ainda precisa ser superada.

Inusitadamente, Wen vai ter uma participação interessante nesse processo de aproximação dos dois… ou de mediação para que eles se escutem, já que os dois são igualmente teimosos e irredutíveis. Sem sentir de Wen a pressão típica de uma figura paterna, Li Ming se sente muito mais à vontade para se abrir com ele sobre as suas angústias e os seus planos, como sua ideia de ir para os Estados Unidos para trabalhar por uns anos e depois pensar no que vai fazer. É completamente diferente de qualquer coisa que Jim tenha imaginado para o futuro de Li Ming, mas, no fim das contas, a decisão tem que ser dele e ele tem que estar lá para aconselhar e para apoiar, certo? Então, Wen conversa com Jim sobre Li Ming para tentar fazê-lo entender que a felicidade é diferente para cada um.

Falando em felicidade, essa é a melhor palavra para descrever toda e qualquer interação entre Li Ming e Heart – ESSES DOIS SÃO ABSOLUTAMENTE FOFOS. Repetindo a dupla de “My School President”, os dois entregam algumas das cenas mais leves e mais bonitas de “Moonlight Chicken”, capazes de aquecer nossos corações… pode vir uma parcela de sofrimento para eles, mas acredito que, talvez, o plot de Li Ming e Heart não seja pautado no sofrimento em si (talvez na melancolia, dependendo de qual for o fim que o roteiro reservou para eles, mas não tristeza propriamente dita), mas na autodescoberta e na colaboração mútua, porque é muito bonito ver como a conexão que eles estabeleceram é profunda e natural, e como um se importa verdadeiramente com o outro.

Se no episódio anterior os vimos conversar a respeito de filmes e compartilhar uma série de momentos, nesse episódio ganhamos uma das cenas mais lindas do casal, quando eles estão sentados de pernas cruzadas no chão, um na frente do outro, e Heart está ensinando a Li Ming a língua de sinais – é algo tão significativo! Básico, nessa situação, mas Heart talvez nunca tenha tido ninguém que se importava tanto com ele, e em parte nem por causa do preconceito de pessoas de fora, mas porque a mãe superprotetora o proibiu de sair de casa desde que ele ficou surdo. Li Ming é a primeira pessoa com quem ele interage de verdade em muito tempo, e isso é importante demais para ele… e podemos dizer que Li Ming está aprendendo bem rápido a se comunicar.

Os dois ainda compartilham uma cena divertida na qual Heart decide “assaltar o bar do pai”, que foi o que inusitadamente começou toda a história entre eles, porque Li Ming foi acusado de ser o responsável quando a primeira bebida quebrou, e aquela cena dos dois bebendo juntos (e dando risadas soltinhas depois) é importante na exemplificação da cumplicidade que nasceu entre eles. Também foi lindo o festival improvisado que Li Ming organizou para ele e Heart, porque queria compartilhar com ele um desejo e a promessa de que, no ano seguinte, eles soltariam juntos uma cesta flutuante no rio… espero sinceramente que eles possam cumprir essa promessa. Nesse momento, só vivo contente por eles estarem juntos, feliz com aquela cena dos dois dormindo na mesma cama.

Tem como ser mais perfeito?

 

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Comentários

  1. Esse episódio foi incrível! Fiquei triste pelo flashback do Jim, que canalha aquele ex dele. Fico pensando como alguém tem corsgen de trair alguém como o Jim. Muito mau caratismo (e burrice). Agora dá para entender por que seu coração está fechado para o amor.

    Fiquei um pouco receoso de que o fato de o Wen estar responsável pelo projeto que ameaça a demolição do restaurante do Jim fosse ocupar um espaço muito longo como um conflito, mas que bom que aparentemente isso já foi superado. É muito massa ver que a série se mantém com uma sobriedade e tom adulto em seu roteiro, já que a superação desse conflito mostra justamente isso, que o Jim é maduro o suficiente para compreender que a culpa não é do Wen.

    Dá uma peninha do Gaipa, ele é tão fofo e atencioso, mas acho que é bom ele tirar o time dele de campo, porque não tem como competir com o lindo do Wen. Se for para o coração do Jim se abrir para alguém, vai ser para o Wen, não tem jeito. Achei fofo ele convidando o Jim para comer junto com o pai, por mais que aquela situação fosse talvez um pouco constrangedora. O pai de Wen parece ser maravilhoso.

    As cenas de Heart e Li Ming são muito fofas, amei eles nesse episódio. Adoro que o diretor fez a escolha certa, em não fazê-los se comunicar por celular. Seria muito mais fácil para eles trocarem mensagens de texto, bem mais rápido e prático do que escrever em um bloquinho de notas, mas sem dúvidas escrever no papel é muito mais fofo e romântico do que a frieza da tela do celular. Um grande acerto do diretor, sem dúvidas. Muita fofura eles bebendo juntos e sorrindo, o Heart ensinando língua de sinais para ele, eles juntos na cama, eles fazendo um festival improvisado e fazendo aquela promessa que eu também espero muoto que eles possam cumprir. Tenho medo do futuro desse casal, porque o Li Ming parece mesmo decidido a ir para o exterior, e aí eles imevitavelmente vão se separar. São pura fofura os dois, então não vou ficar pensando nisso por agora, por mais que me preocupe.

    Amei seu texto amigo, está maravilhoso como sempre, e me fez refletir sobre uma coisa que eu não tinha parado para pensar quando assisti o terceiro episódio: Jim já enfrentou a dor de uma traição, e agora está prestes a se decepcionar com Wen, caso descubra que ele já é comprometido. Ele provavelmente não deve tolerar infidelidade, e não gostará nem um pouco de saber que, caso se relacione com um Wen comprometido, vai estar ocupando o lugar de amante.

    Tenso, viu?

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    Respostas
    1. "Adoro que o diretor fez a escolha certa": Aof, né, amigo? Aof para mim é sinônimo de qualidade hahaha (O fanboy do Aof ataca novamente kkkk). Mas falando sério: apenas o Aof, um homem maduro e abertamente gay conseguiria entregar tanta verdade como ele consegue em "Moonlight Chicken". Tenho certeza de que, de uma maneira ou de outra, tem muito da sua própria vivência na forma como ele escreve e conduz a série, e eu amo demais! Essa maturidade do roteiro é demais!

      E eu não tinha parado para pensar nisso que você falou sobre o Heart e o Li Ming poderem se comunicar pelo celular, e você está completamente certo: a maneira como foi feito deixou tudo muito mais pessoal, muito mais bonito de se assistir... e o fato de o Li Ming QUERER aprender a língua de sinais para poder se comunicar com o Heart porque ele se importa de verdade! Meu Deus, eles são muito fofos!

      P.S.: Abri um sorriso sincero quando abri a postagem e vi o tamanho do comentário, de verdade. Pode continuar hahahaha ❤️

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    2. Tem episódios que arrancam comentários mais extensos kk. Fico feliz que tenha gostado, amigo. Logo mais vou fazer um comentário no mínimo 5 vezes maior pra sua retrospectiva kk

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    3. Meu Deus, quero muitooo hahaha
      (Proporcional ao texto, que é umas 5 vezes maior que esse)

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