A Barraca do Beijo (The Kissing Booth, 2018)



“She can tell her best friend anything… except this one thing”
Se todos nós tivéssemos a oportunidade de viver os nossos “amores platônicos”, aqueles que cultivamos durante toda nossa infância e adolescência, ainda que soubéssemos que eles não tinham futuro, nós o faríamos de qualquer maneira? Eu acredito que sim, tenho certeza de que eu sim, e eu adoro esse tipo de filme que tem um quê de “comédia romântica”, mas um final imperfeito, que às vezes é muito mais real do que imaginamos. Mas, acima de tudo, eu não acho que “A Barraca do Beijo” seja sobre o amor de Elle e Noah nem nada disso… não, eu sinceramente acredito que “A Barraca do Beijo” é sobre a AMIZADE de Elle e Lee, uma amizade que nasceu com eles e que é mais importante do que qualquer outra coisa. Sabe aquela pessoa por quem você se apaixona e acha que nunca mais vai poder viver sem? Elle tem o Lee, e o Lee tem a Elle.
Eles nunca poderão viver um sem o outro.
A amizade deles, como eu disse, “nasceu com eles”. Eles nasceram no mesmo dia e na mesma hora, no mesmo hospital, filhos de duas “BFFs”, mesmo antes de inventarem esse termo, como Elle diz. A sequência inicial do filme é LINDA, falando sobre a amizade e os gostos deles, com uma transição de tempo indo dos 7 aos 11, 14 e 16 anos através da dança no “lugar favorito” deles, o que foi absolutamente lindo. Ali, vemos Elle aprendendo a nadar, aprender que gosta de futebol, desenvolver um crush no Noah, o irmão mais velho do Lee, e estipularem regras para a amizade deles… regras muito fofas que tem a ver com o relacionamento deles e o rege, dos 6 anos até agora. Também temos as dolorosas, mesmo que rápidas, cenas em que Elle se despede de sua mãe, e foram muitos de poucos segundos que me levaram às lágrimas já no início do filme…
Mas Elle e Lee dançando <3
Elle pode ser um verdadeiro desastre, e Lee está ali sempre com ela – gosto de como ela diz que “eles foram praticamente criados como gêmeos”, o que quer dizer que nem sempre ele é o grande defensor maravilhoso, Lee também é imperfeito, mas o seu amor por Elle não o é, e isso é o mais lindo. Adoro os momentos que eles passam juntos, como quando ele pula lá do segundo andar na piscina de casa e ela ri feito louca, ou de quando ele pede ajuda para comprar uma camisa pra festa da escola que vá impressionar uma das “OMG Girls”, e todos esses momentos que os dois compartilham… a relação é leve, bonita, nossa meta de amizade. A cena das tintas. A cena do lanche na escola! E em paralelo tem o lindo gato e gostoso irmão mais velho do Lee, o Noah Flynn, por quem Elle tem um crush desde sempre (!), mas que está fora de alcance. Afinal de contas, Regra Nº 9: Parentes estão fora de cogitação!
As coisas MUDAM COMPLETAMENTE graças à tal festa e a ideia que eles finalmente têm, como “Clube de Dança” (!), para ajudar a arrecadar fundos – UMA BARRACA DO BEIJO. Surge na própria cena das camisas, quando ela diz que “a única maneira de ele ganhar um beijo da Mia era pagando por isso”. Quando eles apresentam a ideia ao comitê, no entanto (ri muito dessa cena!), Elle acaba prometendo que Noah Flynn vai trabalhar na Barraca do Beijo: agora, ela só precisa convencê-lo. E é CLARO que isso não vai ser uma tarefa nem um pouco fácil, e eu ADORO como ela tenta fazer isso em uma festança na casa dos Flynn quando os pais estão fora da cidade, uma festa em que Elle perde o controle, fica bêbada e dá um show… mas é divertido. Gosto de como ela é mandona, de como Noah dispensa a garota com quem está para falar com Elle, e como cuida dela quando ela está prestes a tirar muita roupa.
Pela primeira vez, ela dorme no seu quarto…
…e acorda o vendo gostoso, só de toalha. WOW!
Ela não consegue convencê-lo a trabalhar na Barraca do Beijo até a hora da festa, que até vem rápido no filme, porque é isso o que vai mudar a vida deles para sempre e dar a motivação para o restante do filme. Quando é evidente que Noah não vai trabalhar, Lee acaba indo em seu lugar, e quando a maioria das garotas resolve sair da fila, uma delas, a Rachel, se anima em “ser a próxima”. Se Lee encontra o “amor” naquela noite, algo também acontece para Elle. As Garotas OMG não querem beijar o nerd da escola, inventam toda uma história, e o destino brinca com eles a ponto de, quando ela é colocada vendada no palco, o próximo da fila ser, justamente, O NOAH! Ele a beija, e ali tudo muda para ambos. Porque ele percebe que a proteção toda NÃO É apenas de irmão mais velho. E a beija de novo… e é um beijo de verdade, intenso.
Agora: será que ele queria beijá-la novamente?
Desse modo, a relação entre os dois começa, em momentos quase confusos, que não são o cúmulo da fofura e do romantismo brega, porque não é encaixadinho e “perfeitinho”. Ela anda em sua moto, por exemplo, embaixo de chuva, e eles acabam se protegendo da chuva em um gazebo lindo no meio da cidade, e ali ela o beija novamente. Adoro que ela tenha a coragem de tomar essa iniciativa, de dizer como se sente, de perguntar o que ele sente por ela… E É TÃO FOFO! Porque ela é, também, “a melhor amiga chata de seu irmão mais novo”, mas não é só isso. Ele adora como ela é a única que não está “caidinha” por ele, ou como o enfrenta pelo que quer, e gosta de passar tempo com ela… por isso, eles se beijam novamente, e dessa vez é pra valer. Ou quase, até o comentário maldoso daquele policial sobre “não levar mais as garotas para lá”.
Eita.
Mas, eventualmente, eles acabam juntos, e ela só está disposta a fazer isso com algumas regras, como “chega de brigas” e “ninguém pode saber” – pelo menos até ela contar ao Lee. Assim, Elle e Noah começam um romance secreto que tem um quê de aventura, e meio que é um “desejo obscuro” de quase todo mundo. Adoro a cena deles no quarto dele quando a mãe dele chega e ela precisa se esconder embaixo da cama, adoro como ele a ensina a andar de moto, ou como ajuda a esconder o relacionamento, como naquela cena em que coloca o capacete nela e a beija, para que ninguém veja que é ela, mas nós sabemos que o romance não pode simplesmente dar certo assim. Porque mesmo que eles se gostem, ele é mais velho, está se formando na escola, passou em Harvard (!), e ainda tem a história de ela não ter contado nada ao Lee.
REGRA Nº 9!
O filme fica surpreendentemente triste e pesado quando o Lee acaba descobrindo por causa de um pequeno acidente na sua casa. Ela está ajudando Noah com a moto quando cai e machuca o rosto, e o Lee SE ENFURECE perguntando se foi ele quem fez isso com ela, e ele pode não ser muito bom de briga – mas ele brigaria por Elle. O mais triste e errado foi que, embora planejasse contar ao amigo, naquele momento Lee perguntou se estava rolando algo entre eles, e ela disse que NÃO! Assim, quando ele os vê se beijando alguns minutos depois, a sensação de TRAIÇÃO é muito mais forte, e eu o compreendo. Me partiu o coração vê-lo chorar, vê-lo sofrer, vê-lo brigar com o irmão no gramado de casa, ou vê-lo indo embora chorando dizendo a Elle que “ela e Noah se merecem”. Sua vida inteira seu irmão sempre teve tudo, e a única coisa que ele tinha e o irmão não era ela.
Agora nem isso.
L
Como eu disse no início dessa review, acho que mais do que um filme de romance, esse é um filme sobre a AMIZADE. É sobre Elle e Lee, não sobre Elle e Noah – que fica em segundo plano. Quando Lee vai embora triste e ela acha que perdeu o amigo para sempre, ela não consegue pensar em Noah. E isso não significa que não o ame nem nada, mas é que sua prioridade, nesse momento, é o Lee. Ela jamais poderá ficar com o Noah enquanto não resolver as coisas com seu melhor amigo antes. Afinal de contas, o LEE é a pessoa sem a qual ela não pode viver pelo resto da vida! Agora, Elle está sozinha, sem os Irmãos Flynn, e em uma cena lindíssima, a mãe de Lee, melhor amiga de sua mãe, aparece para falar com ela, dizendo que ela e a mãe dela também já brigaram, mas isso não significa que deixaram de se amar em nenhum momento.
Ela nem se lembra o motivo de nenhuma briga…
Elle só precisa achar uma maneira de consertar isso.
Foi FOFÍSSIMO como uma das coisas que ocorreu a Elle, depois de muito tempo de sofrimento isolado, foi a REGRA Nº 7: “Não importa o quão bravo você esteja com o seu melhor amigo, você precisa perdoá-lo se ele te trouxer sorvete”. Como quando ela quebrou o braço andando com o patinete dele na infância. É fofíssima e triste trazendo um sorvete para ele, que ele ignora jogando no lixo e não dizendo nada. Mas tudo bem, ele precisava do tempo. Eles fazem as pazes em uma cena LINDA que é a minha favorita DO FILME TODO – porque não é chega de diálogo clichê nem nada. Está mais nas ações e no olhar. Quando ele vai dançar e coloca fichas para ele, e ela está tristonha, assistindo e fingindo que não está olhando. Daí ele coloca mais fichas, para um segundo dançarino, e a convida sem dizer nada. Eles se resolvem ali, dançando e rindo, “no seu lugar favorito”.
ISSO É AMIZADE! <3
Por isso, Elle vai ao baile de formatura com Lee e Rachel, e é um evento e tanto, repleto de acontecimentos. Noah não está em nenhum lugar a ser visto, e o tema daquele ano é “MEMÓRIAS”, o que, além de fotos bizarras, traz a própria Barraca do Beijo de volta. A Barraca na qual Lee sobe para ganhar um novo beijo de Rachel, porque foi ali que tudo começou, e onde Noah, enfim, reaparece, para beijar Elle… e é tudo muito forte para ela. O filme me surpreende em momentos como esse. Achei que podia ser o momento do grande beijo, que podia ser que o Lee que tivesse trazido o irmão, ou que sorrisse para ela “autorizando” o relacionamento. Mas não. Noah se declara para Elle na frente de toda a escola, diz que a ama, e ela diz que “não pode mais fazer isso”, que “não pode mais seguir magoando as pessoas que ama por sua causa”. Então ela vai embora.
Mas está destruída.
Lee demora para perceber o que está fazendo com a amiga, mas eu não o julgo. Ele a ama, e ele sinceramente não quer “perdê-la” para o irmão, mas eu acho que é muito mais do que isso. Ele conhece Noah, ele sabe de suas “conquistas” sem significado, e ele não quer a Elle sofra… tudo só vem à tona na festa à fantasia que é a festa de aniversário de Elle e Lee, celebrado em uma única festa, ano após ano, e eles sobram suas velinhas, fazem seus pedidos, e conhecemos a REGRA Nº 1: “Só seu melhor amigo sabe seu desejo de aniversário”. Mas Elle não conta o dela a Lee. Não ali, ao menos. Até que ela faça o que tinha que ser feito: se abre com ele, diz toda a verdade, diz que o ama, mas que mesmo sendo seu melhor amigo, ele não pode escolher quem ela pode ou não amar. E ele precisa entender isso para que possa continuar em sua vida.
E ele entende.
Porque, como sempre soubemos, ELE A AMA.
E quer que ela seja feliz.
Assim, quando ele inventa uma coisa de “ir atrás do Noah”, quem a espera no carro não é mais o Lee… mas o próprio Noah. REGRA Nº 18: “Ficar feliz com as conquistas do amigo”. Dali em diante, durante as últimas semanas, Elle fica com Noah todos os segundos livres que tem, vivendo o seu “amor de infância”, que ela queria viver… independente do futuro. Isso é que eu achei mais lindo do final do filme. É um final imperfeito e, por isso, perfeitamente sincero. Ela se despede dele no aeroporto, quando ele está partindo para Harvard, e pede que ele não vire para trás e acene uma última vez – e ele hesita no topo da escada rolante, mas a obedece. Não se vira. Ali, ela vai embora, com a moto dele, que ele a ensinou a pilotar, falando sobre como não sabe se as coisas darão certo entre eles… ela espera que sim, mas ainda que não dê, parte de Noah Flynn sempre estará com ela.
E o primeiro amor não é justamente sobre isso?
LINDO! <3

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