O Espaço Entre Nós (The Space Between Us, 2017)


“What’s your favorite thing about Earth?”
Eu sou apaixonado pelo gênero da ficção científica, pelo tema da colonização de Marte, além de um romântico incurável e fã do Asa Butterfield mais ou menos desde seu Mordred em “Merlin”. Então, naturalmente, eu amei “O Espaço Entre Nós”. Ele não é um filme cientificamente exato nem nada disso, mas é um filme repleto de boas interpretações, carisma e EMOÇÃO. Asa Butterfield encarna Gardner Elliot, um novo personagem memorável para a sua lista, e nos comove com a sua inocência e pureza, e com a sua vontade de conhecer a Terra e de encontrar o seu pai, além da sua paixão por Tulsa, a garota que o faz sentir-se vivo. O filme é belíssimo e trata mesmo desses sentimentos, enquanto acompanhamos Gardner Elliot, um garoto que nasceu em Marte (!), redescobrir o mundo e a vida quando ele tem a chance de andar pela Terra. Sorri (ou chorei) do início ao fim do filme, e ele me fez bem... eu me conectei com ele emocionalmente.
O filme se inicia com a proposta de colonização de Marte, o East Texas, e a inesperada gravidez de Sarah Elliot, a astronauta-chefe da missão de seis pessoas até Marte. Isso muda todos os planos da NASA, todos os planos de Nathaniel Shepherd, o CEO da Genesis, e eles precisam decidir o que será feito. Abortar a missão para trazê-los de volta não é viável, e o bebê já estará para nascer quando eles pousarem em Marte, o que quer dizer que toda a sua gestação será em gravidade zero. Assim, em uma cena emocionante e quiçá desesperadora, Sarah Elliot dá à luz o seu filho, mas morre no parto. Dezesseis anos depois, Asa Butterfield interpreta Gardner Elliot, o garoto que nasceu em Marte, viveu “aprisionado” sua vida inteira e foi criado por cientistas. E não parece haver chance de ele retornar à Terra, porque seu organismo não está preparado para isso.
Assim, Gardner Elliot vive como pode em Marte, e as cenas são bonitas, embora tristes. Ele tem Kendra, uma astronauta que é quase como sua mãe, mas seu melhor amigo é um robô que ele mesmo ajudou a construir, e ele não tem ninguém da sua idade com quem conversar. Pelo menos não ninguém em Marte. Porque ele conversa com Tulsa, pelo computador, enquanto ela está nas chatas aulas de Cálculo, e são conversas tão bonitas, mas, ao mesmo tempo, tão distantes da realidade. Porque ele sabe que nunca poderá vê-la de fato. Ou assim acredita. Ele vive uma ilusão de visitar o túmulo da mãe, de encontrar o pai, mesmo que só tenha uma foto dele, e assiste a filmes da Terra enquanto tenta imitar os personagens, com toda a inocência que, para mim, recorda a inocência e a forma de pensar do Wall-E. Ele também via filmes, e ansiava por se apaixonar.
Até encontrar EVE.
Surpreendentemente, as coisas mudam quando surge uma chance de Gardner realmente vir à Terra. Sua alegria é imensa, e ele diz a Tulsa que descobriram um tratamento para a sua “doença”, e que em breve ele estará aqui e poderá vê-la… ela, por sua vez, manda ele se apressar, porque assim que completar 18 anos, ela desaparece. Durante sete meses, então, Elliot está a caminho da Terra, sem ter como se conectar com Tulsa, mas não poderia estar mais feliz. E, para mim, a emoção do filme já começou a se intensificar quando ele pousa na Terra, e precisa sair meio sem jeito, com um monte de aparelhagens como óculos escuros, porque não está habituado a nada sobre a Terra, mas está encantado pela quantidade de água no oceano ao seu lado… a inocência e felicidade com que ele comenta sobre a água é realmente o que nos conquista.
O carisma de Gardner Elliot é inegável.
Então, ele precisa se acostumar com a atmosfera terrestre, com o ar diferente, com a luz e as cores, com o fato de que ele é muito mais pesado. Algumas das cenas mais divertidas estão no Gardner tentando se acostumar com a gravidade terrestre. Mas ele é mantido como um prisioneiro ainda. “Mesma bolha, planeta diferente”. E ele teme que, por seu organismo frágil na Terra, eles vão mandá-lo de volta para Marte e, com medo de que isso realmente aconteça, ele escapa. É desesperador como Nathaniel e Kendra o buscam, e eu acredito na preocupação de ambos, que é bem viável, inclusive, mas eu também entendo o desejo de Gardner de VIVER. E ele é esperto, roubando roupas e enganando a todos. Afinal de contas, ele foi criado por cientistas. E, assim, ELE ESTÁ LIVRE. E há apenas dois lugares que ele gostaria de ir.
Primeiro, atrás de Tulsa.
Depois, atrás do pai.
Vou dizer: ver Gardner explorando a Terra, lentamente, me enche o espírito de alegria. Porque Gardner Elliot, de 16 anos, é basicamente uma criança grande demais. Tudo é novo para ele, e a inocência com que ele anda pelas ruas, desengonçado por causa da gravidade mais forte, é reconfortante. É bela. Ele pergunta “What’s your favorite things about Earth?” para todos que vê, consegue uns óculos bacanas, brinca na chuva enquanto todo mundo corre para se esconder… e eu gosto de ver o quão FELIZ ele está por isso tudo. Então ele chega à escola de Tulsa, onde ganha um tapa dela por ter passado 7 meses “dando um gelo”, e onde age com ingenuidade, ligando o chuveiro de emergência da sala, por exemplo, mas também dizendo coisas inteligentes que surpreendem a todos. Adorei uma das primeiras coisas que eles disseram um para o outro, inclusive:
“You’re taller than I thought you’d be”, ela diz.
“You’re meaner than I thought you’d be”, ele responde.
E eu sorrio.
Mas a maneira como os dois se conectam é SINCERA, e bonita. Ainda na escola, ele diz a ela que “é de Marte”, mas é claro que ela não acredita. E eles acabam em uma fuga intensa no teco-teco do pai dela, enquanto Nathaniel e Kendra tentam chegar até ele, e ele precisa fazer todo o esforço para CORRER nessa gravidade com a qual não está acostumado, mas a liberdade dele sobre as asas do avião, sentindo o vento no rosto e balançando seus cabelos… um momento puro. O voo tem essa conotação de liberdade, e eu me lembro de Harry voando no Bicuço em “Prisioneiro de Azkaban”. Esse sentimento de que nada o segura. Para mim, um dos momentos mais simbólicos do filme. E, para completar, Gardner está com Tulsa. Depois dessa fuga e daquele pouso forçado no meio da estrada, eles roubam roupas e um carro (adoro a maneira como ele diz que “se sente um criminoso” por causa disso!), e saem em uma viagem.
“A road trip with an insane person”
As cenas são LINDAS. Tulsa não acredita que ele seja de Marte, embora ele lhe diga que “porque algo lhe parece estranho, não quer dizer que não seja verdade”, e como uma criança, ele experimenta tudo o que pode experimentar na Terra. Ele come cinco hambúrgueres, ele se assombra com um cavalo (eu ri muito!), e esse tipo de coisa. Sempre com toda a inocência que faz com que Tulsa se encante por ele um pouco mais a cada momento… mesmo que ela ainda pense que ele é louco. Na sua inocência completa e falta de experiência com humanos que não sejam cientistas da NASA, ele recria cenas dos filmes que assistia em Marte, diz coisas que normalmente as pessoas não dizem (segundo ela, você não pode sair por aí dizendo o que pensa e o que sente!), e a conquista por completo. Eles passam momentos mágicos, eles se beijam, embora ele a advirta de que “não sabe como”, e eles passam uma noite juntos, deitados ao ar livre.
Depois eles se casam.
Quer dizer, não, mas a cena é tão linda como se fosse. Gardner está em busca de seu pai, e Tulsa está gostando dessa busca… com o anel, que é uma das poucas coisas que Gardner tem da mãe, eles conseguem encontrar o cara que celebrou o casamento dela e do seu pai, e é um lugar para ir. Ainda não há nome no cheque de pagamento que o cara encontra (eu devia ter prestado atenção nisso!), mas Tulsa consegue, a partir dele, um endereço. A maneira de chegarem até o pai de Gardner Elliot. Mas o momento mais mágico dessa sequência, para mim, é como a hippie que os indicou até ali e outras pessoas os esperam do lado de fora, prontos para jogar coisas como pétalas de rosas nos “recém-casados” e, visualmente, A CENA É LINDÍSSIMA, bem como toda a fotografia do filme… e eles se beijam, e eu fico tão contente de vê-lo poder viver um pouco.
Com um endereço, eles podem chegar até o pai de Gardner, ou poderiam. Enquanto na casa do homem que celebrou o casamento, o nariz do garoto sangra pela primeira vez, e nós sabemos que o seu corpo não vai suportar a gravidade da Terra por muito tempo. Depois, quando as luzes e o barulho forte da cidade intensificam o seu mal-estar, Gardner cai no meio da rua, enquanto Tulsa chama por socorro. É um dos momentos mais bonitos, porque os médicos estão assombrados com as características de Gardner, e Tulsa percebe que ele estava dizendo a verdade o tempo todo. Ele é MESMO de Marte. E ela está pronta para fugir, porque o Serviço Social está chegando e não pode encontrá-la ali, mas ele acorda e a convence a fugir com ele, porque ele também não pode ficar ali, ou então jamais chegará ao seu pai. Assim, eles fogem juntos, para a parte final da jornada.
Uma parte emocionante, por sinal, enquanto Tulsa dirige, sempre preocupada se Gardner ainda está vivo no banco de trás ou não. Ele está pálido e fraco quando chegam no endereço, e ele não é bem recebido pelo “pai”, e a cena é forte e triste. É Tulsa quem descobre que o homem na foto com sua mãe era irmão dela, portanto seu tio, mas Gardner já não se importa. Ele está lá embaixo, no mar, dizendo que não pôde escolher onde nasceu, mas pode escolher onde vai morrer. E AQUILO ME PARTIU O CORAÇÃO. Ele diz que, por mais que ele queira a Terra, a Terra não o quer. E então ele pergunta para Tulsa, pela primeira vez, “qual é a sua coisa favorita na Terra”, e ela responde, como não podia deixar de ser: “Você, Gardner”. O último beijo, a despedida, e então ele se joga no mar, com as memórias de seus momentos na Terra passando em flashes emocionantes… inicialmente, eu não achei que ele morreria. Então, por alguns segundos, eu realmente temi e me desmanchei em lágrimas. Por fim, as mãos de Nathaniel o resgatam.
Nathaniel, seu pai.
Havia muita coisa ainda a acontecer para a finalização do filme, que é muito bonita. Nathaniel o salva em um avião que precisa ser levado para fora da estratosfera, onde em gravidade zero, talvez, o corpo de Gardner responda. E responde. Ele tem um momento terno e rápido com Tulsa, o seu corpo se recupera, temporariamente, e Nathaniel descobre que ele tem forças para ir a Marte com o filho. Ele retorna, “de volta para casa”, enquanto, na Terra, Kendra adota Tulsa. Ela vai ter uma mãe, e ela a filha que não podia ter. Me arrepiou! Não só isso, mas Tulsa também se junta à equipe de treinamento para ser uma astronauta… para visitar Gardner. O filme me divertiu e me emocionou. Amei a fotografia, a trilha, as interpretações, e a história me comoveu de uma maneira incrível, valorizando o amor e a inocência… há quem não goste, mas whatever. Acredito que essas pessoas não gostam por esperar algo diferente. Não é uma ficção científica, não é uma distopia, não é surpreendente e inovador como "Matrix", mas com a ficção científica como pano de fundo, o filme cumpre com competência aquilo a que se propôs, e é belo e poético. EU AMEI E SUPER APROVO. Tem carisma, tem força e tem carga emotiva. Muito, muito bonito.

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