Le Voyage Dans La Lune (1902)


Georges Méliès é um visionário. Sua obra mais famosa é provavelmente Le Voyage Dans La Lune, que conta a história de um grupo de cientistas que viajam para a Lua – lançado em 1902 e com uma versão em cores, isso só mostra a visão e audácia do diretor, que marcou uma época e todas as seguintes. É impossível passar pelo estudo de Cinema (no meu caso Literatura e Cinema) sem pelo menos um breve estudo dos trabalhos de Méliès – e recentemente ele ganhou ainda mais visibilidade entre os leigos do assunto com A Invenção de Hugo Cabret, uma belíssima homenagem de Scorsese tanto a Méliès quanto ao cinema em geral.
Como diretor, escritor e também ator de suas produções, Georges Méliès produziu mais de 500 curtas-metragens entre 1896 e 1913 – ele se encantou pela arte do cinema assim que ouviu falar dela, e revolucionou a maneira como ele era produzido. Considerado o “pai dos efeitos especiais”, ele também foi o pioneiro das produções em cores. Naquela época, as filmagens ainda eram todas feitas em preto e branco, mas ele e sua equipe pintavam manualmente todas as cenas quadro a quadro, o que dava um ar diferente e inovador em cada um de seus filmes – e é por isso que vemos cores tão vivas e sempre tão coloridas em suas produções.
Atualmente temos acesso na internet a uma versão em cores de Le Voyage Dans La Lune, dessas pintadas à mão por ele e sua equipe, mas na época de lançamento foi tudo em preto e branco – a versão pintada só foi recuperada em 1993, e como ainda estava em condições deploráveis, demorou até que a reconstituição fosse feita, com o filme relançado na nova versão em 2010. Muitos de seus filmes, infelizmente, se perderam, embora muitos ainda tenham sido encontrados e não se perdeu tanto quanto se imaginava alguns anos atrás. Ainda, no entanto, existem filmes dos quais não se conhece o paradeiro, o que é uma pena ao trabalho desse maravilhoso diretor.
Viagem à Lua mostra uma aventura no espaço de um grupo de pessoas, e o curta de 15 minutos está dividido da seguinte maneira: decisão e teoria de como realizar a viagem / construção do “foguete” / embarque e decolagem / a Lua com cara e o olho sangrando / aterrissagem / personificação dos corpos celestes / ataque dos nativos / violência e fuga / queda no mar / e o retorno. Difícil quem gosta de cinema e nunca se deparou com a mais clássica figura de Méliès que é a Lua com um rosto e um foguete em seu olho, que muitas vezes confundimos com um telescópio… porque convenhamos, ele meio que parece um telescópio.
Eu gosto demais dessa abordagem e dessa temática um tanto quanto moderna para a época – também gostei da maneira como sinto Julio Verne na versão de Lua que Méliès representa em seu filme, além de me lembrar um pouco Além do Planeta Silencioso, de C.S. Lewis. Por sinal preciso ler aquele livro novamente! É um clássico tema de ficção científica, extremamente moderno para a época, e o surgimento dos efeitos especiais que hoje fazem toda a diferença no cinema. Georges Méliès é um dos pais dessa arte que tanto adoramos e que faz parte de nossas vidas atualmente… sempre é bom homenageá-lo e prestigiar seus trabalhos.

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