Amy, a Menina da Mochila Azul – O desaparecimento de Amy

“¿Por qué me la quitaste? Era solo una niña”

O Bucanero partiu para San Felipe, com uma tempestade à vista, para salvar Amy, Adrián e todas as crianças que foram maltratadas por anos naquele lugar por Carlota… é uma atitude nobre e desesperada de um pai que não vê a hora de reencontrar uma filha, mas é, também, uma atitude imprudente. É assim que o Bucanero, um barco já velho e “cansado”, acaba sucumbindo frente a uma tempestade, e é desesperador ver os restos do naufrágio que deixou as crianças perdidas no mar, com coletes salva-vidas, e uma delas completamente desaparecida: Amy. Toda a sequência do desaparecimento/morte de Amy, na última semana de novela, mexeu muito comigo! A Televisa não pegava leve em novelas “infantis” (há controvérsias), e ela é tão dramática quanto uma novela adulta, e eu sofri de verdade enquanto esperava pelo retornou (ou não) de Amy.

Em algum momento, achei mesmo que ela não retornaria.

As sequências são dolorosas, repletas de emoção e muito bem-escritas e interpretadas. É um dos arcos mais tristes e difíceis de se assistir da novela, e eu assisti aos prantos em vários momentos, mas é também um dos momentos mais intensos, em que mais nos pegamos presos à tela, à história e àqueles personagens, e então nos lembramos que estamos a poucos capítulos de nos despedirmos de “Amy, a Menina da Mochila Azul”, e precisamos “lidar” com isso. O motivo das lágrimas, então, é misto. Quando quase todos são resgatados do mar e as crianças são levadas para o hospital para fazerem alguns exames, sofri com o desespero de todos chorando por Amy, sem saber o que aconteceu com ela, com medo que ela tenha morrido… e isso parece movimentar toda a cidade. Desesperado, Octávio acompanha a marinha em uma busca…

…e volta só com a sua mochila azul. Sem Amy.

Amy é a protagonista, e de uma novela infantil ainda por cima (!), então você espera que ela vá voltar, mas as cenas são verdadeiras demais para que você não sofra enquanto assiste. A comoção é real, o nervoso, agonia e tristeza que passamos são reais também. E três personagens fazem toda a sequência ser mais intensa, três personagens que amam Amy incondicionalmente, e que não podem viver sem ela: Matías, Octávio e Raúl. Raúl chora ao lado dos amigos enquanto, esperançoso, aguarda o retorno de Octávio, mas então despenca quando Octávio volta sozinho e chora num abraço de Emília, sofrendo, dizendo que isso não é justo… logo, a cidade se reuniu para preparar uma espécie de homenagem a Amy, que se parece demais com um velório, e aquele foi o momento eu que eu desabei também. Aquele altarzinho com a foto de Amy vestida de marinheirinha.

Nossa, como doeu!

As crianças e todo o povoado estão usando branco e chorando, quando Matías chega perguntando onde Amy está – quando ninguém responde, ele vê o que parece um altar em sua homenagem, e a cena é surpreendentemente pesada… Octávio entrega a Matías a mochila que encontrou no mar na busca com a marinha, e se aproxima da foto de Amy para acrescentar uma foto de Marina ao seu lado… o choro de Matías ecoa nossos sentimentos, e então Bruno tenta tirá-lo dali, porque tudo é muito forte e muito pesado, e Matías pede que ele não toque nele. Antes de ir embora, Matías vê Raúl chorando e sente toda a dor do garoto, e quase o abraça, mas acaba indo embora sem fazê-lo. Bruno o segue, porque “não pode deixá-lo sozinho”, e eu acho um máximo como o Bruno é um companheiro em todos os momentos… quase como um filho para ele.

Matías acaba em um barco no mar, chorando e sofrendo, sem querer aceitar… e se Amy realmente não voltasse, eu acho que o destino de Matías seria morrer sozinho naquele mar. Em uma das cenas mais tristes de toda essa história, o roteiro brinca conosco enquanto brinca com Matías, porque “Amy” aparece no barco para ele, e por um segundo, mesmo sem entender como ela surgiu ali, nós queremos acreditar que está tudo bem… mas não está. Matías a abraça, pergunta onde ela estava, e Amy diz que ela estava ali o tempo todo, no coração dele, onde ele mesmo disse que ela sempre estaria… então Matías percebe que o que ele estava abraçando não era Amy de verdade, apenas a mochila que Octávio lhe entregara mais cedo, e aquilo o deixa ainda mais triste, enquanto ele grita com o mar e pergunta por que ele não o leva no lugar da filha.

Matías teria se jogado no mar e morrido de infelicidade se o Bruno não tivesse chegado a tempo de salvá-lo. Enquanto isso, lá na beira do mar, Raúl também conversa com Amy… ele grita chamando seu nome, diz que a ama e que sempre vai amá-la – Raúl diz que, da primeira vez que a viu, ela salvou a sua vida, e agora, para salvar todo mundo, ela morreu… é a garota mais valente que ele conhece e ele a ama. Tudo é extremamente intenso e extremamente triste. Em um dos momentos mais tristes da novela inteira, Raúl pega a foto de Amy que estava lá na sua homenagem e canta a música deles, a versão mais triste possível da música que escreveu para ela… o tanto que ele está sofrendo e não tem ninguém para apoiá-lo e para cuidar dele. Ele é uma criança, e ele está em dor, ele precisa de alguém! Assim como Matías tem Bruno, os pais de Raúl deviam estar ali por ele.

Mas não estão.

O grito de pura dor de Raúl parece chegar até nós… atuação brilhante e de partir corações.

 

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Comentários

  1. Eu tava imaginando como seria o seu texto quando chegasse nessa parte. Assim como as demais novelas infantis, eu só tenho apenas flashes de quando passou pq meu pai assistia jornal e a gente dividia tv, mas... Daí fui rever alguns capítulos no youtube e não imaginei que a reta final fosse desse jeito :o

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    1. Nossa, eu achei as cenas bem fortes, bem tristes... não sei se eu estava muito emotivo ou se foi forte mesmo, mas mexeu comigo. Até porque passei meses reassistindo à novela, né, então tive todo o envolvimento emocional com os personagens de novo e tal. Foi bem desesperador, bem triste, mas bem bonito, sei lá.

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    2. todas as vezes que vejo amy me sinto como que parte da historia, parece que estou ali com ela vivendo todos os momentos, e como se eu fosse uma criança da turma ou alguém que está lá ao vivo presenciando tudo e sentido o que eles sentem.

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  2. Mas em questão de finais tristes te juro que nada supera o da quinta temporada de Chiquititas Argentina e de Floricienta, a Cris Morena consegue ser mais cruel com o público infantil nesse quesito...

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    1. O de Floricienta eu conheço... a versão do Brasil ainda deu uma amenizada, né, a da Argentina é mais cruel. De Chiquititas Argentina eu não lembro, e estou tentando me manter sem saber mesmo, porque pretendo ver a 5ª e a 6ª (a 6ª eu vi quando passou no SBT em 2006) na íntegra e comentar, então vou segurar a emoção pra quando eu for ver haha

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