Família do Bagulho (We’re the Millers, 2013)



“We’re the Millers!”
EU A-DO-REI! Eu adoro ver comédias que realmente nos divertem e que nos arrancam risadas com as coisas mais bizarras – e existem tipos e tipos de comédia. As mais inocentes, como “Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso”, ou as de besteirol, como os maravilhosos “American Pie”, e eu não saberia bem como classificar “Família do Bagulho”. Existe um quê de clichê que acaba numa cena fofíssima pela qual já estávamos esperando e, nem por isso, deixa de ser emocionante, mas eu acho que a grande sacada de “Família do Bagulho” está no elenco que é MARAVILHOSO. A comédia é arriscada, desde a sua premissa (sobre o contrabando de 2 toneladas de maconha do México para os Estados Unidos) até algumas cenas que burlam o “politicamente correto” e podem ser ocasionalmente chocantes… mas eu me diverti com a ousadia do filme.
David Clark é um pequeno contrabandista de droga que se sai muito bem com os pequenos negócios que faz… ou pelo menos se saía, até aquele momento em que Kenny viu uns caras na rua mexendo com Casey, uma garota sem-teto (mas que tem um iPhone), e resolveu que podia “defendê-la”, mesmo que claramente não pudesse… David, que, apesar de negar eternamente, gosta do garoto inocente que mora no seu prédio, vê que isso não vai dar certo e acaba indo ajudá-lo – e o Kenny solta algo como: “O David é legal. Ele é um traficante de drogas”. Então, David já não tem nenhuma chance a não ser fugir, e os caras acabam entrando na sua casa e levando bastante dinheiro… o que quer dizer que, agora, ele tem uma dívida de alguns milhares de dólares com o seu chefe, e, naturalmente, não tem nenhum meio de conseguir esse dinheiro.
A não ser “trabalhando”.
Como eu disse, a grande sacada de “Família do Bagulho” é o ELENCO! De cara, percebemos que Jason Sudeikis e Will Poulter são INCRÍVEIS juntos – e na verdade eu gosto muito da atuação de Will Poulter, e ele tem uma característica muito fofa para a comédia… sério, eu estava fascinado pelo Kenny durante todo o filme! Além deles, se unem Emma Roberts como Casey, a garota sem-teto, e a sempre maravilhosa Jennifer Aniston como “Rose”, uma stripper. Agora, David precisa encontrar uma maneira de ir até o México, pegar a “raspinha de maconha” que seu chefe encomendou, e trazer de volta para os Estados Unidos sem ser preso… e ele percebe que não existe disfarce melhor do que o de uma família de bocós, viajando em um trailer. E eu adoro como eles se caracterizam. O cabelo do David. A roupinha de Casey. A Rose toda “mãezona”.
Kenny só precisa continuar sendo ele mesmo…
Naturalmente, cada um topa por um motivo. Kenny topa participar porque está animado e quer ajudar. Rose exige 30 mil dólares, enquanto David oferece a Casey mil dólares. Então, a confusão começa. O mais difícil de escrever sobre uma comédia, é que contar um evento engraçado não é tão engraçado quanto vivê-lo ou assisti-lo, e por isso fica vago o quanto eu gostei de uma coisa ou não. Mas cenas que me marcaram foram, por exemplo, aquelas várias que surgiram depois que um bloco de maconha caiu sobre Rose e ela precisou ficar fingindo que era seu filho, abraçando ele longe dos cachorros da polícia, nenando ou, principalmente, quando os Fitzgerald querem vê-lo e o “bebê” é jogado no meio da rua e atropelado por uma série de caminhões e carros – COMO EU RI NAQUELE MOMENTO! E como amei a Casey toda inteligente, pensando na melhor desculpa do mundo!
A trama tem suas complicações, e é divertidíssimo. Acaba sendo até razoavelmente fácil passar pela polícia americana de volta aos Estados Unidos, mas eles ainda estão bem longe de Denver, o que quer dizer que o trailer acaba estragando quando o David dirige muito rápido, eles acabam passando um dia inteiro com os loucos dos Fitzgerald e descobrem que a droga que buscaram no México não pertencia realmente ao chefe de David, que os enganou para que eles roubassem duas toneladas de maconha… então, os verdadeiros contrabandistas estão LOUCOS atrás deles, o que quer dizer que eles correm muito risco. Dos contrabandistas reais, eles acabam escapando de forma bem divertida, com direito a um show de strip-tease de Rose, e o Kenny sendo um pouco “badass” pela primeira vez na vida… e no meio de todas essas confusões, eles meio que se aproximam.
As cenas com os Fitzgerald também são DIVERTIDÍSSIMAS, e bastante bizarras, na verdade. Porque existe um certo apelo sexual que torna tudo, talvez, um pouco duvidoso, mas nós nos divertimos de todo modo. Como a cena em que David e Rose tentam invadir a barraca deles para roubar alguma coisa, e eles acabam quase tendo uma noite de swing, ou quando a pobre Melissa, toda apaixonada por Kenny, entra no trailer e vê aquela cena MALUCA em que Casey e Rose estão ensinando Kenny a como beijar… no fim, eles descobrem que Don Fitzgerald trabalhava para a polícia no esquadrão antidrogas, e, naturalmente, eles ficam desesperados achando que podem ser descobertos a qualquer momento. Mas isso só vai acontecer mesmo lá no fim do filme, quando as coisas já mudaram significativamente… e tudo se resolve de forma bem bacana!
Porque uma das maiores complicações do filme é quando Kenny é picado por uma aranha e precisa passar algumas horas em um hospital, mesmo que David tenha prometido levar a droga até Denver até aquela noite. Enquanto esperam pelo Kenny ficar melhor, Rose e David têm A MELHOR CENA DO FILME com Casey, que é quando ela sai com um cara bem idiota, e eles agem EXATAMENTE como pais de verdade, preocupados, entrevistando o cara e tudo… e o melhor de tudo é que eles não estão interpretando. E eu adoro como eles usam frases típicas de PAIS, quando ela retorna, por exemplo, a criticando porque “estavam preocupados”, porque “não sabiam se ela estava morta numa vala” e dizendo que “ela podia ter ligado para avisar onde estava e se estava bem”. É SENSACIONAL, UMA FAMÍLIA DE VERDADE NASCENDO. Porque a preocupação é sincera. E David e “Rose”, que descobrimos se chamar Sarah, se aproximam nesse momento também.
Kenny demora um pouco para sair do hospital, e David já não está mais com muita paciência para esperar, e depois que ele derruba o Kenny da cadeira de rodas, correndo com ele, ele acaba revelando que vai receber 500 mil dólares pelo serviço, quando ofereceu só 30 mil a Sarah e 1 mil a Casey… e o Kenny maravilhoso: “Vocês estão recebendo dinheiro?” Ali, ELES SE SEPARAM. Então, David vai embora sozinho, Casey se separa dos outros, dizendo que “eles não são uma família de verdade”, mas Kenny e Sarah agem exatamente como uma mãe e um irmão fariam, defendendo Casey de um menino idiota que só quer beijá-la ao invés de escutar o desabafo da garota… E É UMA DAS COISAS MAIS FOFAS DO FILME, ESSE “SALVAMENTO”. No fim, David acaba retornando por eles, porque a consciência pesada não o deixou ir até Denver, mas nem tudo pode “ficar bem” assim tão fácil…
Então, eles passam por uma última situação complicada juntos, como uma família…
Como OS MILLERS.
De volta no parque, eles acabam sendo encontrados por Pablo Chacon, o verdadeiro dono das drogas, e a confusão se estabelece, mas eles acabam RESOLVENDO AQUILO COMO UMA FAMÍLIA. Eles estão dispostos a atirar neles, porque é um filme sobre tráfico, no fim das contas, e David dá um passo à frente, fazendo um discurso EMOCIONANTE sobre como prefere que atire nele e deixe os outros irem, porque ele não achou que isso aconteceria, mas ele se importa com eles e não quer que eles se machuquem. E as carinhas dos demais, escutando aquilo! E pode ser bobo de minha parte, mas eu achei aquilo TÃO LINDO! Então, eles se resolvem juntos… David consegue fazer Chacon derrubar a arma, Sarah atira nele meio que sem querer e, para o nosso tremendo ORGULHO, o Kenny consegue dar um soco em Chacon, o nocauteando. Então, Don Fitzgerald prende os traficantes e dá aos “Millers” uma chance de escapar.
<3
No fim, os “Millers” acabam fazendo o certo. David vai até seu chefe, Gurdlinger, e ele diz que “o David está atrasado, e por isso o negócio está acabado”. Mas David sabia que ele nunca tivera a intenção de pagá-lo. Então, descobrimos que ele fez um acordo com o DEA e Don Fitzgerald, que chegam para prender os traficantes e acolher David e os demais em um “programa de proteção a testemunhas” – assim, no fim do filme, os “Millers” estão vivendo JUNTOS EM UMA CASA DE SUBÚRBIO, COMO UMA FAMÍLIA DE VERDADE… agora, eles realmente SÃO os “Millers”, pelo menos por algum tempo… e, mesmo assim, estão lá cultivando umas folhinhas de maconha no jardim… é estranho como pode ser o surgimento de uma família, mas Sarah, David, Casey e Kenny DEFINITIVAMENTE têm entre eles o melhor que uma família pode ter: eles se importam uns com os outros.
E isso é lindo.


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