Desventuras em Série 3x01 – O Escorregador de Gelo: Volume 1



“The world is quiet here”
Chegou a hora de retornar ao delicioso universo de “Desventuras em Série”, e sempre me ADMIRA o quanto a série é parecida com o livro, e o quanto ela consegue traduzir o sentimento perfeitamente, inclusive com as definições de palavras e os exemplos “malucos” que Lemony Snicket utiliza, como quando explica a “Síndrome de Estocolmo”, ou quando começa, iluminado apenas por fósforos, falando que “algumas coisas são melhores quando não são escorregadias”, como na parte de trás do livro – algumas alterações pequenas são feitas à trama, mas nada gritante, apenas para que funcione melhor na tela, e eu gosto de como a série tem a oportunidade de, mesmo que por poucos minutos, sair um pouco do mundinho dos Irmãos Baudelaire e expandir a visão do universo, nos levando a ver Kit Snicket pela primeira vez, por exemplo, antes do Hotel Desenlace.
E ELA TEM O AÇUCAREIRO!

For Beatrice –
When we met, you were pretty, and I was lonely.
Now, I am pretty lonely.

Depois de uma breve review do que aconteceu na segunda temporada da série, reencontramos Violet e Klaus Baudelaire onde os vimos pela última vez: em um trailer do Parque Caligari, caindo montanha abaixo em uma velocidade absurda, enquanto Klaus pede a Violet que ela invente algo que possa salvá-los – é uma sequência DESESPERADORA, e já mostra que a série voltou com tudo. Uma introdução brilhante e eletrizante, quando Klaus ajuda a diminuir um pouco a velocidade das rodas, e Violet cria um drag chute que os salva dramaticamente… parece trágico, perigoso, mas o tecido os segura enquanto o trailer fica pendurado de um penhasco, apenas por tempo o suficiente para que Violet e Klaus rastejem de volta para a estrada. Adoro a ironia da placa no trailer: “Não seguro para crianças”. Enquanto isso, Sunny sobe a montanha no carro dos vilões…
Enquanto Olaf acredita que os Irmãos Baudelaire estão mortos em algum lugar lá embaixo.
O caminho montanha acima tem uma bifurcação que leva a dois caminhos distintos – Olaf escolhe um que o leva para distante da sede de C.S.C., onde ele planejava chegar para “colocar fogo no lugar com todos os voluntários dentro”, e Violet e Klaus também chegam à mesma bifurcação, onde eles têm um embate que me parecem MUITO BOM! Violet quer subir em busca de Sunny, enquanto Klaus quer ir até a sede de C.S.C. na esperança de encontrar um de seus pais ainda vivo, e então ele/ela poderá ajudar a resgatar Sunny. No fim, no entanto, eles não precisam fazer essa escolha, porque os mosquitos da neve atacam e, enquanto eles correm em outra direção, acabam em uma caverna, onde são recebidos por Carmelita Spats, pronta para chamá-los de “bisbórrias” mais uma vez. Aqui, as coisas acontecem um pouco diferentes inicialmente.
Mas depois retornam a toda a magia do livro.
A CONVERSA EM CÓDIGOS! <3
Carmelita os reconhece e os chama de “Baudelaires”, e embora Klaus e Violet tentem mentir que não são os Baudelaire, eles já chamaram a atenção de um misterioso Escoteiro da Neve que é o único no grupo que está usando máscara. Ou, como ele chama “Very Furtive Disguise” (“Camuflagem Surpreendentemente Conveniente”). Assim, enquanto os Escoteiros e os Baudelaire se reúnem em volta da fogueira para uma série de histórias chatas da Carmelita e o juramento sem sentido dos Escoteiros da Neve, também temos aquela MARAVILHOSA sequência em que Klaus, Violet e o garoto misterioso conversam em código C.S.C., e aquilo é meu momento favorito no episódio! Depois que todos anoitecem, então, eles sobem pelo Caminho Secundário das Chamas, confiando no escoteiro misterioso porque, aparentemente, “ele leu muito”.
E “as chances de alguém que lê muito ser mau são mais baixas”.
Além dos Baudelaire, também acompanhamos, ainda que brevemente, Kit Snicket, e eu acho UM MÁXIMO como apresentam a personagem, fugindo do homem com barba mas sem cabelo e da mulher com cabelo mas sem barba na beira de um precipício, de onde ela pula com asas mecânicas – eu gosto de como esses trechos são adicionados aos episódios, porque isso é meio que uma novidade mesmo para os leitores ávidos dos livros. São eventos sobre os quais ouvimos falar, mas que nunca chegamos a presenciar de fato, e é bom vê-los mais completos – também gostei da breve interação que Kit Snicket teve com as aberrações do Parque Caligari, que já estão começando a duvidar da escolha que fizeram no episódio passado, de se juntar à trupe do Conde Olaf, quando são mantidos do lado de fora durante a noite gélida da montanha, sem nem uma fogueira.
Por Sílvio Gomes, no Banco de Séries.
Sunny, por sua vez, é quem brilha em “O Escorregador de Gelo”: livro e série. Gosto de como Lemony Snicket diz que “foi difícil averiguar o que aconteceu a Sunny no tempo em que esteve na Monte Fraught com os vilões”, e então compara a sua história com a da Cinderela, mas sem a fada madrinha, o vestido bonito, o baile, a carruagem, o príncipe e o final feliz… só com a parte da Gata Borralheira mesmo, basicamente. Porque Sunny está TRABALHANDO para os vilões, fazendo café-da-manhã, e ela é absolutamente fofa. E eu gostei muito de como o homem com mãos de gancho foi fofo ao ajudá-la, dando-lhe roupas novas e mais quentinhas, além de um pano para limpar as cinzas do seu rosto… isso prejudica um pouco o imenso SOFRIMENTO que Sunny passou nas montanhas no livro, dormindo no frio, escondida em um prato de salada, mas enriquece o personagem do homem de mãos de gancho, o que vai ser importante para “A Gruta Gorgônea”.
O mais legal de “O Escorregador de Gelo” é perceber O QUANTO A SUNNY ESTÁ CRESCENDO. Agora, ela fala de uma forma bastante compreensível já, e ela consegue até manter uma conversa com o homem de mãos de gancho enquanto ele a ajuda a preparar o café-da-manhã. Enquanto Lemony Snicket explica a “Síndrome de Estocolmo” e a “Síndrome do Monte Fraught”, vemos que a relação entre Sunny e o homem de mãos de gancho foi mesmo muito fofa, E A SUNNY NÃO PODERIA ESTAR MAIS LINDA… infelizmente, no entanto, o Conde Olaf não valoriza o esforço de Sunny para preparar uma refeição com seus recursos limitados, e a acusa de estar tentando envenená-los, jogando tudo fora e a humilhando, embora eventualmente ele amenize tudo dizendo que “foi uma piada” e que “precisa dela para colocar as mãos na fortuna Baudelaire”.
Senti falta da crueldade, porque isso ME ANGUSTIOU no livro quando o li!
Então, o homem com barba mas sem cabelo e a mulher com cabelo mas sem barba aparecem no Monte Fraught (recebidos por um gritinho do Conde Olaf), enquanto Violet e Klaus seguem o misterioso Escoteiro da Neve mascarado pelo Caminho Secundário das Chamas, até uma escotilha com o símbolo de C.S.C., e uma porta fechada com o Cerramento Supravernacular Complexo – uma fechadura elaborada conectada com uma máquina de escrever, que exige três frases em específico. As três crianças juntas sabem as respostas de todas as perguntas, sendo o tema central de “Anna Karenina” a pergunta mais difícil, mas a mãe dos Baudelaire fez com que eles decorassem isso no passado – ela os estava preparando para esse momento… como se os estivesse treinando para ser parte de C.S.C., mesmo que eles não fizessem ideia de nada disso na época.
Inicialmente, a porta não se abre, e enquanto o suspense perdura, vemos Kit Snicket perdendo o Açucareiro (“I lost the Sugar Bowl. I lost everything”). Então, a porta enfim se abre, e os Baudelaire esperam poder encontrar uma organização que vai ajudá-los, e um dos pais, um inesperado sobrevivente do incêndio… mas não há nada disso do outro lado da porta. O lugar já foi totalmente destruído por um incêndio, e enquanto Violet e Klaus chamam pelo pai e pela mãe, nosso coração se parte ao ver toda a esperança que tiveram se despedaçar de forma tão cruel… eles não vão reencontrá-los, como esperaram. Então, conhecemos a importante frase de C.S.C. pela primeira vez (“Aqui o mundo silencia”), e a identidade do misterioso Escoteiro da Neve que é, também, o famigerado “sobrevivente de um incêndio”, mas de outro incêndio: QUIGLEY QUAGMIRE.
O terceiro trigêmeo…

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Comentários

  1. Boa noite!
    Queria deixar registrado que eu definidamente AMEI sua análise da série.
    Eu estou exatamente no penúltimo episódio da série (já li os livros, mas ainda assim estou ansiosa para terminar, visto que posterguei muito a voltar assistir).
    Estava estudando -sociologia da educação- até que me deparei com a recomendação do romance de Anna Karenina. Esse nome me soou de um modo tão familiar que logo "enxerguei" o Klaus na minha mente falando isso. Fui conferir se ele havia citado mesmo e voilà, vim parar aqui. ahaha
    Só queria agradecer-te por me proporcionar uma deliciosa leitura nessa madrugada.
    Deus o abençoe!

    Att,
    Liz Bruna.

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    Respostas
    1. Nossa, Liz! Muitíssimo obrigado pelo comentário, fico muito feliz que tenha gostado do texto, fiquei ainda mais feliz de ler suas palavras! Um abraço... e sinta-se à vontade para comentar o fim da série por aqui também, se quiser haha

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