MILES MORALES: Homem Aranha (Parte 1)

O surgimento de um novo Homem-Aranha…

Nossa, eu me lembro tão bem da sensação estranha que foi ler a morte de Peter Parker e o surgimento de Miles Morales… o Homem-Aranha sempre foi o meu personagem favorito e, por muito tempo, Peter Parker foi o único personagem que conhecemos enfrentando o crime com esse nome e com esses poderes. Eu ainda tenho guardados os gibis da “Ultimate Marvel” com o arco da trágica morte de Peter Parker e o surgimento de Miles Morales como o novo Homem-Aranha – eles foram publicados no Brasil pela primeira vez em 2012, e eu me lembro bem de ter comprado e lido essas histórias na época, em completo choque e êxtase… era muito triste ler a morte de um personagem muito querido, e eu estava tentando lidar com a ideia de perdê-lo quando Miles surgiu para herdar seu manto, sendo um novo Homem-Aranha, e eu não sabia se estava preparado para isso…

Tinha toda aquela história de que o Peter Parker continuava existindo no universo principal da Marvel, e que o que tinha morrido era sua versão adolescente no Universo Ultimate, para dar lugar a uma nova história – mas, na época, eu estava em choque demais para entender essas várias possibilidades dos quadrinhos, até porque era algo grandioso que nunca tinha acontecido antes. Mas, se um novo Homem-Aranha ia ser apresentado, precisávamos mesmo de algo grandioso… assim como Peter Parker tinha, em seu passado, mortes trágicas como a do Tio Ben e da Gwen Stacy, o que ajudava a construir o seu perfil de herói, a Marvel precisava de algo igualmente imenso para poder apresentar um novo Homem-Aranha ao mundo: MILES MORALES chega como um novo adolescente picado por uma aranha, alguém repleto de possibilidades, moderno, e com um uniforme MUITO maneiro.

Não teve como não gostar dele rapidamente.

Como eu ainda tenho os quadrinhos “Ultimate Marvel” em casa, vou relê-los para comentar a saga da morte de Peter Parker que levou até esse momento, mas, agora, precisamos falar de Miles Morales. Em 2020, a Panini republicou as primeiras histórias de Miles Morales, lá de 2011 (“Ultimate Comics Spider-Man #1 a #10), em um encadernado muito bonito e com um formatinho novo que, inicialmente, me causou estranheza, mas pelo qual logo me apaixonei. Ele é um pouco menor que os gibis com os quais estamos acostumados, mas mantém a proporção do original em uma edição bonita de se guardar e que parece ser tendência para toda uma nova linha da editora, que está trazendo outros títulos do Aranhaverso no mesmo formato. Falando em Aranhaverso, parte de mim sente que foi a morte de Peter Parker e o surgimento de Miles Morales, no Universo Ultimate, que tornou o Aranhaverso possível.

E, atualmente, o Aranhaverso é uma das coisas mais interessantes no Universo Marvel.

Miles Morales surgiu em um universo em que Peter Parker havia morrido, e ele é picado por uma aranha radioativa, mais ou menos como aconteceu com o Peter – dessa vez, no entanto, uma aranha acabou “fugindo” do laboratório quando o tio de Miles entrou escondido para pegar alguma coisa, e calhou apenas de Miles estar na casa do tio quando se deparou com a aranha que estava louca para picar alguém… gosto muito do universo de Miles e da apresentação do personagem. Se Peter Parker também tinha seus problemas financeiros, eles não se assemelham aos de Miles Morales, um garoto negro que mora no Brooklyn e que acabou de “ganhar na loteria” para ir estudar em uma escola especial que é o sonho da sua mãe, mas que ele nem tem certeza de que quer de verdade… e, agora, a sua vida está prestes a mudar para sempre.

É sempre bacana ver os personagens descobrindo seus novos poderes. É rápido e intenso para Miles. Ele é mordido na casa do tio e acaba fugindo correndo de lá enquanto seu pai está gritando com o tio, falando coisas terríveis para ele e dizendo que “não o quer perto do seu filho”, e é bacana como os poderes de Miles Morales não são necessariamente os mesmos de Peter Parker – ele é, em todos os sentidos, um novo Homem-Aranha. Um dos primeiros poderes que ele descobre é o da invisibilidade, mas ele também pode correr muito rápido, dar saltos incríveis e dar choque nas pessoas, o que ele descobre quando é atormentado por um valentão na rua que está disposto a roubá-lo. Então, desesperado, sem entender e querendo alguém que possa ajudá-lo, ele corre até a casa do seu melhor amigo, o Ganke, e é uma cena genial! Porque essa história tem uma cena genial atrás da outra.

Gosto de como as primeiras publicações do Miles Morales conseguem equilibrar a sua vida de herói (ou a descoberta de seus poderes) com a vida do garoto do Brooklyn e os problemas que ele enfrenta… antes que Ganke possa chegar a qualquer conclusão, o pai de Miles aparece na sua casa para buscá-lo, e os dois têm uma conversa forte que retrata a vida do jovem marginalizado e contrapõe a vida do pai de Miles à vida do Tio Aaron – o pai conta a Miles sobre como, no passado, ambos já foram presos, e como isso fez com que ele decidisse deixar a vida do crime para trás e construir a família que ele tem hoje, enquanto Aaron não parece ter deixado essa vida para trás, embora ele não saiba a que o irmão se dedica atualmente… mas, por isso, ele não quer que Miles fique indo visitar o tio, e é uma conversa bastante pesada que dita parte do tom da publicação.

Também temos toda a questão de Miles ser taxado como mutante quando usa, sem saber ainda controlá-los, seus poderes na frente das pessoas… como se Miles já não fosse marginalizado o suficiente, ele ainda pode, agora, ser parte de uma parte da população que é perseguida e colocada em campos de concentração por todo o país. É assustador. E o próprio pai reproduz esse discurso preconceituoso assustador quando o Surfista Prateado e o Tocha Humana aparecem lutando no meio da cidade… mas, eventualmente, Ganke lhe envia uma mensagem dizendo que ele não é um mutante, mas, talvez, o HOMEM-ARANHA: afinal de contas, diz-se que Peter Parker também foi mordido por uma aranha, como ele dissera que aconteceu com ele – então, Miles resolve testar, lembrando-se do Homem-Aranha escalando as paredes pela cidade e, bem…

Ele consegue ficar parado no teto, exatamente como o Homem-Aranha.

E, nas palavras de Miles: “Ferrou”.

 

Mais reviews de Miles Morales EM BREVE!

 

Comentários