Vale o Piloto? – The Rain 1x01 – Stay Inside



STAY DRY. STAY ALIVE.
Eu adoro como a Netflix proporciona que vejamos com facilidade produções de todo o mundo, e depois de sucessos como “Dark”, alemã, e de “3%”, nossa produção brasileira, e que teve uma excelente segunda temporada (!), agora “The Rain” é a minha estreia em séries dinamarquesas. Em um cenário pós-apocalíptico devastado, o Piloto nos mostra que a série tem muito potencial com tramas misteriosas e organizações como a “Apollon”, que me fez pensar na “Umbrella”, além de ter um SUSPENSE impressionante… passei metade do episódio tenso, e gostei demais de como as coisas caminharam nos primeiros 45 minutos da série… depois de uma introdução competente e de uma passagem de tempo angustiante e bem retratada, a série dá uma guinada legal nos seus últimos minutos, para movimentá-la para os episódios seguintes. E os visuais estão incríveis!
A série começa bastante teen, em sua primeira cena, com uma trilha sonora alegre, Simone correndo pela escola para chegar a tempo de uma apresentação, com os amigos a esperando, e então o seu pai aparece desesperado, puxando-a pelo braço e a levando embora; ele também diz aos amigos dela que todos deviam ir pra casa: VAI COMEÇAR A CHOVER. A pressa de Frederike, o pai, dirigindo o carro é assustadora e perigosa, enquanto o rádio anuncia “reações alérgicas e problemas respiratórios”, sintomas que começaram depois da chuva. Naquela sequência repleta de tensão, um acidente na rodovia tranca a passagem, e eles não têm outra maneira de fugir a não ser a pé, e enquanto correm guiados pelo pai rumo a um bunker secreto, a primeira gota de chuva cai. E então outra e outra, enquanto a família se abriga em segurança.
Num bunker da APOLLON.
O pai tem algumas informações a respeito do que está acontecendo, e eu sinto que isso tudo tem relação àquelas cenas que vemos em flashback sobre a doença de Rasmus. Frederike, em algum momento do passado, pesquisou uma maneira de curar o filho, e acabou testando nele antes de ter absoluta certeza dos efeitos que causaria… isso em paralelo com a maneira como clama que “é o único que pode consertar isso e impedir que todos morram” me faz pensar que ele tem algo a ver com a criação do vírus que está caindo com a chuva e matando pessoas no mundo todo. Como Frederike diz que é o único que pode “consertar isso”, ele precisa sair, e promete voltar assim que possível. Antes de partir, ele deixa Simone responsável pelo irmão, Rasmus, e os dois ficam sozinhos com a mãe, por algum tempo bastante curto… porque alguém bate à porta.
Crianças não são lá muito racionais, em várias situações, e eles não pensam demais a respeito dos perigos de alguém batendo à porta. Movidos pelo impulso e pela burrice, eles abrem a porta, e um cara, contaminado pela chuva e à beira da morte, segura a camiseta de Rasmus… para salvar a vida do filho, a mãe se joga contra o homem, e acaba morrendo sob a chuva. A cena é desesperadora, enquanto eles assistem e ouvem a morte da mãe. Depois disso, eles estão realmente sozinhos. Foi triste ver Rasmus chorando abraçado a Simone, e sozinha ela tem um pequeno surto, antes de tentar assumir a liderança do bunker e encontrar uma maneira de contatar outros bunkers. Eles buscam um rádio, um telefone, qualquer coisa que possam usar para conversar com alguém do lado de fora, e realmente conversam com um garoto, chamado Philip…
…mas ele não pode ajudá-los.
O cenário do bunker deixa tudo com uma atmosfera mais apocalíptica e desesperadora, e Simone pensa a ir a um hospital para onde os sobreviventes estavam sendo levados, como Philip lhe contou, mas Rasmus não quer que ela vá, de modo algum, porque diz que é perigoso e a mãe morreu lá fora. Mesmo assim, durante a noite, Simone pensa em sair em busca do pai, mas não tem coragem… ela se lembra da promessa que fez ao pai de cuidar do irmão. Agora, resta ele cumprir sua promessa e retornar. Assim, ela fica, e tenta ao máximo levar a situação, e eu achei LINDA aquela cena dela com o irmão, em que os ânimos estão comprometidos, ele está nervoso, e ela vai colocando músicas, uma atrás da outra, até conseguir levá-lo para dançar, de um jeito tão inocente, e tão bonito… foi, talvez, o único momento de pequena felicidade do episódio.
E o tempo passa… passa rapidamente. Refeições sempre iguais, plantas que eles mesmos plantaram crescendo e morrendo, bolo de aniversário de 11 anos de Rasmus, e mais e mais tempo passando. CINCO ANOS DEPOIS, as coisas mudaram. Rasmus agora é um adolescente bonito, Simone é uma jovem adulta cansada, e eles continuam ali dentro, presos. Na triste cena em que ela o ajuda a “fazer a barba”, ele pergunta “por que ela mentiu” sobre o tempo que iam passar ali dentro, e diz que o pai não vai mais voltar, que já deve ter morrido, e que em breve eles também morrerão, até a comida está acabando… e para reforçar a sua raiva e o seu desejo de deixar o bunker para trás, Rasmus soca o espelho à sua frente, até quebrá-lo. Antes de sair de lá com Rasmus, no entanto, Simone decide sair e “ver como as coisas estão”, e vai sozinha, durante a noite.
É angustiante. O mundo está escuro, vazio e destruído. Quando ela chega a um ponto de evacuação em uma escola, ela encontra todas as pessoas mortas e apodrecidas em camas fedorentas, e quando ela retorna, existe desespero em sua voz: ela diz que não tem mais nada lá fora para eles, mas anuncia que eles vão sair amanhã e tentar chegar ao próximo bunker, e assim de bunker em bunker. É tudo o que podem fazer. Foi muito fofa a relação que cresceu entre os irmãos, e a maneira como ele a abraça e diz que “ela não precisa mais cuidar dele, agora eles vão cuidar um do outro”, e a felicidade inocente dele porque enfim vai poder sair e ver o céu novamente é tão pura que ele quase parece a criança novamente, aquele garoto que entrou no bunker há cinco anos. Mas as coisas, infelizmente, não saem como eles esperavam e o nível de oxigênio começa a despencar…
Com as ventilações bloqueadas, o alarme soando e tudo fechando automaticamente, Rasmus ajuda a irmã, ainda desacordada, a sair, a arrastando para fora. Então as portas se abrem, e por um momento, tudo parece bem. Quando eles respiram ar puro, Rasmus olha encantado para o céu, segura a grama nas mãos, mas então eles se deparam com outras pessoas do lado de fora, os esperando com armas apontadas para suas cabeças, em um momento cheio de tensão. Então, diferente do que Simone percebeu ao sair sozinha na noite anterior, ELES NÃO ESTÃO SOZINHOS, mas tampouco podem confiar nessas pessoas ameaçadoras que estão à sua volta e os obrigam a retornar para dentro do bunker. UMA ESTREIA E TANTO, que nos empolgou, instigou e nos faz querer voltar depressa para o próximo episódio… se vale o Piloto? COM TODA A CERTEZA!
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