13 Reasons Why 1x02 – Fita 1, Lado B


“You need friends. Even just hot chocolate friends”
Chegou a hora de Monet’s… e do meu coração se partir. Dói acompanhar a história de Hannah Baker, porque é doloroso demais ver amizades e relações que podiam ter sido um máximo sendo corroídas por o que quer que seja – boatos, ações idiotas ou infantilidade. Quando Hannah conhece Jessica Davis e, depois, Alex Standall, eu não queria que aquilo acabasse, aquelas tardes de “FMV” sobre um chocolate quente, ou o que quer que Alex estivesse tomando naquele dia… essa é a história de Hannah Baker. De sua vida – ou melhor, de como sua vida chegou ao fim. Cada pessoa que recebeu as fitas tem uma parcela de culpa no suicídio que motiva a série, eles só precisam continuar escutando para descobrir qual. É natural que isso mexa com a escola como um todo, que Clay encontre versões consternadas de personagens de sua vida que apareceram nas fitas…
Como é o caso de Justin Foley.
Como, agora, é o caso de Jessica Davis.

“Welcome back. So glad you're still listening. Are you having fun? You must be wondering who's next, and why. Is it you? What did you do? How did you end up on these tapes? Maybe you did something cruel. Or maybe you just watched it happen. Maybe you didn't even realize you were being cruel. Maybe you didn't do anything at all. And maybe you should have. Too late. I think you know exactly what you did. And after these tapes, you'll never forget it. I know I won't. Oh, and, uh, by the way... I'm still dead”

Hannah Baker tem uma inclinação teatral fascinante para realmente mexer com a cabeça de qualquer um a quem as fitas sejam destinadas. Enquanto memórias confusas rondam a cabeça de Clay Jensen, e ele é acordado pela mãe, preocupada com ele, disposta a fazê-lo voltar a tomar antidepressivos que ele deixou de tomar há 2 anos, a memória de Hannah atormenta no formato de carros e na construção perfeita de todo o mistério que incita a curiosidade. Quem mais está nas fitas? Quem é o próximo? Em que parte VOCÊ entra nisso tudo? Quem mais na escola já sabe que você é um dos culpados pela morte de Hannah? “What? Feeling paranoid? On edge?” Hannah Baker sabia o que estava fazendo quando gravou as fitas. Soube prender cada um deles aos fones de ouvido, soube atormentá-los, agora e para sempre.
O alvo da segunda parte? JESSICA DAVIS. Jessica é a atual namorada de Justin Foley que, curiosamente, desapareceu desde o episódio passado, depois de uma conversa com o Sr. Porter, o que não foi por acaso. Quando Hannah introduz Jessica na história, ela nos leva de volta no tempo, para aqueles flashbacks de cores quentes, quando a Srta. Antilly armou todo um plano para que as duas se tornassem amigas, sendo elas as novas garotas na escola – tudo o que ela queria era que elas tivessem um rosto conhecido no meio da multidão. Foi uma introdução incrível à amizade das duas, com aquelas deliciosas trocas de nomes, por exemplo, que significou tanto… “See? The senses of humor in you two! It’s a perfect match!” E, embora elas não acreditassem que isso fosse mesmo acontecer, elas acabam se tornando amigas… e é uma boa sequência de cenas!
Gosto de como, nesse episódio, as coisas começam a ficar mais complexas. Como mesclamos os flashbacks com cenas de Clay Jensen no presente, sendo empurrado nos corredores da escola, vendo Jessica fugir dele ou do Sr. Porter, que por acaso pede para conversar com ele sobre Hannah, porque ele quer entender o que aconteceu. Hannah Baker dá uma boa dica sobre isso, ao apresentar o conselheiro: “Mr. Porter was the replacement for Mrs. Antilly, who moved to another school district. Which, as it turns out, was very unfortunate. That's for another tape”. Mas Clay parece mais obcecado com Jessica do que esteve com Justin no episódio passado. Ele a segue, tenta falar com ela sobre as fitas, sobre o Sr. Porter, e tudo o que ela tem a dizer é “Then listen, don’t talk” e “Don’t believe in everything you hear, okay?”
Porque a amizade começou de fato, e o Monet’s, a lanchonete, teve uma participação eficaz nisso. “It was a hot chocolate friendship, good for cold months, but maybe not perfect for all seasons”. Jessica e Hannah se tornam amigas a ponto de diariamente compartilharem um chocolate quente, fazerem compras juntas e até compararem o que compraram… então Alex Standall entra na história. O primeiro dia é EXCELENTE! Na lanchonete, elas vão até ele, conversam com ele, perguntam sua interpretação do estranho quadro recém-pendurado na parede, e é tudo tão FOFO. Alex é fofo, a princípio, e a interação é dinâmica, gostosa. Todos viram amigos, os três. E é muito triste entender que eles têm uma boa química e que a amizade é bacana, porque você sabe que ela está fadada ao fracasso, se o nome de Jessica Davis está ali naquelas fitas…
Quando conhecemos Alex Standall, o conhecemos no presente também, sob a perspectiva de Clay Jensen, que pergunta como ele está na escola: “How am I doing? How are YOU doing? Yeah!”, e ele não está nada bem. É forte e é triste… ainda mais em comparação a dias tão “bons” ao lado de Hannah e Jessica…

“You need friends. Even just hot chocolate friends. Especially when your life goes to shit. Day after day, drink after drink, we lifted our mugs and we lifted each other. […] In spite of our differences, we were what we each needed at that moment in time. Three drinks against the world. Two hot chocolates, and whatever the hell Alex was drinking”

Quem nunca teve esse tipo de amizade?
O tipo de amizade “chocolate quente” de Hannah Baker é bem clara. Eles estavam ali um pelo outro enquanto precisavam um do outro. E as cenas são emocionantes porque são absurdamente simples, e parecem verdadeiras. Os três juntos, conversando no Monet’s, com suas bebidas, falando sobre seus problemas e inseguranças, com os outros dando suas forças… e então isso vai se desfazendo. INFELIZMENTE, isso começa a se desfazer com o passar do tempo ou, como Hannah Baker provavelmente colocaria, com o passar das estações…

“I'm not great at math, but here's one thing I learned for sure: one plus one plus one... is not a simple equation. Alex was the first to stop coming. He found some other friends. He traded up. We were still friendly in the halls, but that's it. Then it was down to Jessica and me. But then, Jessica stopped coming, too. We all went our separate ways. Or so I thought”

Eu entendo Hannah, eu juro que eu entendo – uma amizade, ainda que “chocolate quente”, é uma amizade, e o fim dela pode magoar demais – e quando Jessica e Alex começaram a namorar, Hannah se sentiu excluída, e aquilo doeu, porque doeu até em mim! Então Hannah foi buscar consolo em Clay, perguntando se ele achava que ela um dia seria tão bonita quanto Jessica Davis, e ele não soube responder, e aquilo era tudo o que ela precisava… todos os garotos são iguais, ela diz. Acho que Clay nunca reparou o quanto era IMPORTANTE para Hannah Baker, e o quanto ELE poderia tê-la salvo de tudo isso, o que talvez o torne o mais culpado de todos… como ela diz no começo do episódio: não por ter sido cruel, mesmo sem saber que está sendo, mas por não ter feito nada quando tinha a chance, e agora já é tarde demais.
Foi triste ver Hannah vendendo os ingressos no cinema quando Jessica e Alex aparecem para se divertir juntos, sem ela – é uma situação estranha, repleta de tensão, e Hannah sofre – ouvi-la dizendo a fala padrão que diz a todos os clientes, como se eles não fossem mais do que clientes comuns é apavorante. Jessica diz, no presente, para Clay, que era mentira. Que não foi assim que aconteceu, que foi Hannah quem parou de vir… será? Por que uma garota morta mentiria? Jessica Davis, no presente, é uma garota diferente. Roupas desleixadas, cabelo mal arrumado, preocupada com Justin Foley que não aparece mais na escola, e tudo o que Clay quer é ENTENDER. Essa é mesmo uma das fitas mais confusas. As coisas não são claras, e são íntimas. Mas Jess pede que Clay Jensen a deixe em paz, que escute as fitas e SÓ.
As coisas se intensificam na narrativa de Hannah e nos flashbacks por causa de uma lista divulgada por Alex Standall, que não vemos em um primeiro momento. Mas como essa é a gota d’água que destrói a amizade e coloca Jessica na lista de Hannah é evidente. Jess está triste, mas com mais raiva que triste, e ela diz que deveria saber, que ela a traiu, que ela estava interessada no Alex esse tempo todo, e que fez isso porque ela ficou incomodada mesmo porque ele e Jessica estavam saindo… e quando Jessica diz aquele “Because that’s what sluts do”, evocando as fotos divulgadas por Justin, concordando com ela, ela passou dos limites. Aquilo doeu MUITO MAIS do que o tapa na cara físico que ela deu em Hannah depois do “Fuck you”, muito mais. Foi triste, foi forte, mas a culpa é compartilhada por Jessica e por Alex, nesse caso.
Uma cena interessante de acompanhar, independente das fitas de Hannah ou de Clay as escutando, é Jessica e Justin conversando, quando ela o encontra, e ele está jogando videogame, não se importando com mais nada. Acontece que Justin está preocupado com o que Clay pode fazer com as fitas: “He's not like the rest of us. He could say something”, o que se caracteriza como novas dicas sobre o conteúdo das demais fitas, ao lado de “He’s not there yet, if that’s what you mean”, o que cria um suspense interessante que nos deixa ansioso para continuar assistindo, e “Justin, if Hannah WAS lying… why are you here?”, sugerindo ainda as próximas ações de Justin em fitas. Também temos Tony perguntando para Clay porque ele está demorando tanto, mas eu entendo o Clay, de algum modo. Ele GOSTAVA da Hannah, e dói saber que ela está morta e escutar sua voz… talvez ele esteja com medo de escutar seu nome.
O que eventualmente tem que acontecer.
Por ora, vemos a lista de Alex Standall nas mãos da mãe de Hannah, que liga para Tony em busca de ajuda… mas nós ainda vamos trabalhar com essa lista com mais atenção em algum momento do futuro…

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Comentários

  1. Respostas
    1. Oi! No original, "FML" significa "Fuck My Life", então seria algo como "Foda-se Minha Vida" em português, por isso a troca do "L" por "V" :D

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