Primeiro Capítulo de “Malhação 2008” (15 de Outubro de 2007)

“Será que as pessoas são assim tão diferentes umas das outras? Ou será que elas são iguais? Algumas pessoas simplesmente têm tudo. Eu tenho um irmãozinho lindo, uma mãe que me ama, eu sempre pensei que eu era uma delas… mas algo me diz que, depois dessa temporada, eu vou pensar bem diferente”

 

Apesar de ser conhecida como “Malhação 2008”, a 15ª temporada de “Malhação” faz a sua estreia fora de época, ainda em Outubro/2007, porque a temporada anterior acabou não dando muito certo – particularmente, eu não gosto de “Malhação 2007” nem um pouco. Assim, a história que começa com Angelina e Gustavo sendo atormentados continuamente por Débora fica no ar mais tempo que qualquer outra temporada do folhetim já ficou, até Janeiro/2009, contabilizando um total de 324 capítulos. E essa é uma das minhas temporadas favoritas! Nessa temporada, temos alguns nomes bastante conhecidos e personagens icônicos que são lembrados até hoje, a exemplo da incrível vilã Débora, interpretada perfeitamente por Nathalia Dill, em seu primeiro papel importante na TV (ela tinha feito uma participação em um episódio de uma série da HBO no ano anterior).

O primeiro capítulo começa com a chegada de Angelina para trabalhar em um casamento que acontecerá em um hotel de luxo numa cidade longe de onde ela mora… e ela percebe, de imediato, que “não pertence àquele mundo”, que “as pessoas são muito diferentes umas das outras”. Angelina é humilde e simples, e caminha com passos contidos e olhar um pouco assustado pelo hotel a que acabou de chegar, enquanto os “riquinhos” são apresentados ao som de “Festa no Apê”. É um começo EMPOLGANTE, porque nós ainda não sabemos quais daqueles serão pessoas que possivelmente admiraremos, pessoas que detestaremos, eles só estão juntos, se divertindo, dançando, cantando e filmando tudo para postar na internet depois… naquele momento, queremos esquecer qualquer problema futuro e nos divertir com eles.

Mas “Malhação” nos puxa logo de volta à realidade… estamos falando de uma época em que “Malhação” ainda seguia bastante uma “fórmula pronta” e confiava nela, porque dera certo por anos consecutivos… “Malhação 2008” precisará, eventualmente, se reinventar, mas ela não sabe disso ainda. Enquanto Angelina caminha e vê os jovens se divertindo, ela acaba esbarrando em Débora, a fazendo derrubar o que quer que carregava na mão para beber… a cena é forte e prova que Débora não vai ser fácil de tragar. Ela fica furiosa, chama Angelina de “coisinha”, e quando ela a corrige, dizendo que “seu nome é Angelina”, Débora diz que “não está nem aí para o seu nome”. A cena é humilhante, Débora se sente mais que todos porque Angelina é visivelmente pobre, e então ela a manda embora, dizendo que aquela é uma área “só para hóspedes”.

“Ou vai dizer que a molambenta tá hospedada aqui?”

E o pior é que a sociedade muitas vezes apoia comportamentos como o de Débora, seja por medo ou por pura idiotice mesmo, e a supervisora de Angelina garante que a cena seja mais humilhante ainda… ela faz com que Angelina “peça desculpas à senhorita”, e a manda para a cozinha, dizendo que depois ela conversará com ela. E como ela é apoiada por pessoas como a babaca daquela supervisora, Débora continua sendo um asco de pessoa, vide aquela cena em que ela humilha uma outra funcionária por ter entrado no seu quarto, dizendo que “tinha um aviso na porta, e se ela não viu porque é velha, então o problema não é dela”. Angelina, topetuda, vê a cena e parte em defesa da senhora (“Você de novo? Vou pedir a sua cabeça e vai ser agora”), e quem interrompe a cena dessa vez é Félix, o pai de Débora… que é muito parecido com ela.

Mas a Débora chamando a Angelina de “coisa”…

Ouch, chega a dar calafrios!

Em paralelo, também acompanhamos a apresentação de Gustavo, e eu acho ele tão encantador nesse primeiro capítulo… ele é leve, pra cima, tem uma relação bonita com o pai… e eu gosto de como se “prevê” o encontro dele com Angelina, quando o pai lhe pergunta a respeito de namoradinhas, e fala que, quando ele menos esperar, “vai aparecer a garota perfeita para ele”. Também é legal como uma conversa dele com o pai, quando eles visitam uma aldeia indígena, ecoa os pensamentos que Angelina usou para iniciar a temporada, quando ela se pergunta a respeito do quanto as pessoas são iguais e quanto as pessoas são diferentes… “Gente é gente, independente da raça, do credo, da classe social… no fim, todo mundo tem um coração”. E olha que Gustavo vem de uma família tão abastada quanto a família de Débora, mas a relação é diferente.

O casamento que acontecerá no hotel é do pai de Débora (!) com uma mulher que ela detesta, e ela fará de tudo para que esse casamento não aconteça – “Se depender de mim, não vai ter casamento nenhum!” Débora está infeliz e brava, achando que o pai está substituindo a mãe, mas com o pouco que já conhecemos de Débora não podemos deixar de pensar que, se ela odeia tanto assim a noiva do pai, é porque ela não pode ser tão má assim… e então conhecemos Beatrice, a mulher que será sua madrasta, e a conhecemos quando Angelina, toda educada e formal, vai ao quarto levar um chá para ela, e a Beatrice se mostra uma pessoa extremamente simpática, extremamente do bem… Angelina acha o vestido lindo, diz que “ela vai ficar linda nele”, e Beatrice gosta de ouvir isso, porque “tem gente que o acha simples demais”.

Quando Angelina se prepara para sair e “deixar que ela se arrume”, então, Beatrice pede que ela fique um pouco mais com ela… conversar a acalma. As cenas são muito bonitinhas, com Angelina fazendo companhia para Beatrice, e no fim Beatrice a agradece por isso tudo, e pode estar nascendo algo entre bonito entre elas… mal posso esperar para vê-las juntas no colégio! Beatrice até fala com Angelina sobre namorados e sobre o amor, e Angelina diz que “não tem tempo para isso”, mas Beatrice diz, assim como o pai de Guga dissera para ele mais cedo, que ela um dia vai encontrar o rapaz perfeito… e, ao que tudo indica, esse dia é hoje, para ambos. Antes de Angelina deixar o quarto, Beatrice lhe diz uma última coisa importante: “Você é uma menina muito especial, sabia? Nunca deixe que digam o contrário”. FOI UMA SEQUÊNCIA EMOCIONANTE.

Gustavo, então, chega ao clube para o casamento, porque seu pai é amigo de Félix, o pai de Débora, e nós temos aquela típica cena de “Malhação”, aquele momento em que os protagonistas se olham pela primeira vez, se apaixonam no primeiro olhar, ao som de qualquer que seja a música-tema deles – nesse caso, “Nothing But a Song”, do Tiago Iorc, que eu ADORO. Logo, no entanto, vem Débora, toda dramática, dizendo a Gustavo que “sua vida acabou”, e o abraça, e Angelina assiste, meio sem entender, meio com o coração partido, se é que ela já pode se sentir assim… Guga, por sua vez, tenta acalmar Débora, tenta dizer que as coisas não são tão ruins quanto ela pensa, e que tudo vai melhorar… que ela não pode pensar que está perdendo o pai nem nada parecido, mas tem que pensar que ela está ganhando mais um membro para sua família.

Logo depois disso, Angelina vê quando Gustavo defende Fernandinho, que está sendo provocado e maltratado por Andréas e Peralta, e eu quase consigo ouvir os pensamentos de Angelina: “Talvez ele não seja tão mal assim, se defendeu o garoto, né?” Guga enfrenta os “amigos” para defender o Fernandinho, e é uma cena interessante, mas ali se oficializa a rivalidade de Guga e Andréas, e isso ainda vai dar o que falar. Durante uma briga, Andréas empurra Gustavo na água, e quando Gustavo cai, ele acaba batendo a cabeça e desmaiando, mas Andréas não move um dedo para ajudá-lo: “O cara sabe nadar. Deixa ele ficar de molho um pouquinho pra aprender a lição”. Correndo, Angelina pula para salvá-lo, sem hesitar, e o tira da água, pedindo que ele acorde, porque “ele tem que ficar bem”. E é assim que Angelina e Gustavo se conhecem.

É esse o começo de uma GRANDE HISTÓRIA.

“Malhação 2008” é um marco, e eu estou amando estar de volta a ela!

 

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