Vale o Piloto? – The Time Traveler’s Wife 1x01

O que a viagem no tempo faz em um relacionamento?

O TEMPO QUE EU ESPEREI POR ESSA SÉRIE E FINALMENTE ELA ESTÁ AQUI! E, apesar das críticas duvidosas, ela é tão perfeita quanto eu esperava que fosse. “A Mulher do Viajante no Tempo”, livro de Audrey Niffenegger, é um dos livros que eu mais amei ler na vida (você pode conferir minha review clicando aqui), e durante anos eu esperava por essa versão em série da história, adaptada por Steven Moffat. Protagonizada por Theo James e Rose Leslie, “The Time Traveler’s Wife” apresenta um Piloto consistente e empolgante que deve agradar aos fãs da obra original, porque é quase uma transcrição exata das páginas de Audrey Niffenegger, narrando a inusitada história de amor de Clare Abshire com Henry DeTamble, um viajante no tempo… bonita e melancólica, essa é uma história de amor intensa e sofrida, que fala sobre expectativas, sobre frustrações e sobre esperas…

Eu adoro como “The Time Traveler’s Wife” é, em muitos sentidos, sobre quebras de expectativa – a começar pela obra em si. Ela é, acima de tudo, um romance, uma história de amor entre duas pessoas, com o adendo de que o principal conflito em seu relacionamento é a viagem no tempo. Mesmo com a viagem no tempo presente em todos os momentos da trama, e sendo o que a movimenta de maneiras inusitadas, divertidas e ocasionalmente dolorosas, não sei se podemos afirmar que ela é o centro de “The Time Traveler’s Wife”. De qualquer maneira, é, para mim, o casamento perfeito entre o romance e a ficção científica, que são dois gêneros que eu adoro… e a série prova, nesse primeiro episódio, uma competência brilhante para contar a história através de diferentes épocas que se entrelaçam, e ver a idade dos personagens em tela me deu uma sensação gostosa de estar lendo novamente o livro…

A data e as idades sempre estão presentes no livro para nos situarmos.

O início da série traz o mais velho que provavelmente conheceremos de Clare e de Henry, contando sobre o relacionamento deles… e sobre como a viagem no tempo está envolvida nisso. Henry viaja no tempo desde os 7 anos de idade, e esse é um “dom” (ou uma “deficiência”, como ele coloca) que ele não pode controlar – e no qual tampouco vê muita vantagem. Ele salta de um tempo para o outro, deixando para trás uma pilha de roupas, o livro que estava lendo, uma caneca de café… e, então, ele aparece pelado em outra época (muito se comenta sobre o Theo James nu em “The Time Traveler’s Wife” e, de fato, esse é um grande atrativo da série, não vamos ser hipócritas), com fome, precisando fazer de tudo para sobreviver: então, ele tem que ser bom em correr, em lutar e em roubar… de que outra maneira ele sobreviveria a todas essas viagens?

Clare, por sua vez, conta sobre a sua experiência de estar casada com um homem que pode viajar no tempo a qualquer momento – e é uma experiência dolorosa, embora ela não tenha conhecido nada diferente disso… ele desaparece sem aviso e ela não sabe quando ele está, se está bem, se vai voltar, quando vai voltar, e é uma experiência aterradora que ela precisa enfrentar constantemente. A história, então, começa a contar pontos importantes da vida de ambos e momentos em que elas se entrelaçam, e é incrível como o episódio é bem conduzido através de uma Clare de 6 e 20 anos, e um Henry de 7, 28 e 36 – e é sempre incrível ver os detalhes se encaixando, quando lacunas da vida de Henry são preenchidas, e essa é uma sensação quase catártica que histórias bem contadas de viagem no tempo sempre me proporcionam.

A trama do primeiro episódio gira, principalmente, em torno de primeiros encontros… conhecemos uma Clare de 20 anos “esbarrando” em um Henry de 28 em uma biblioteca, e é a primeira vez que ele a vê – embora ela já o tenha visto 152 vezes nos últimos 14 anos, o que gera toda uma situação bastante estranha, no mínimo. Clare, por sua vez, viu Henry pela primeira vez quando ela tinha 6 anos e ele tinha 36, um encontro que também podemos acompanhar nesse episódio. Ambas as situações são inusitadas porque tanto Clare quanto Henry geraram um no outro certa interdependência que pode ser bem perigosa, mas, na história deles, inevitável: Clare cresceu sabendo quem era o Henry, esperando para encontrá-lo na vida adulta… Henry, por sua vez, recebe uma enxurrada de informações sobre casamento para as quais não estava preparado.

Ainda.

E, no meio disso tudo, também vemos um pouquinho do Henry de 28 anos, que é o mesmo Henry que acabou de encontrar Clare pela “primeira vez” na biblioteca e que mais tarde vai sair para jantar com ela, encontrando o seu eu de 7 anos em sua primeira viagem no tempo, sendo o “outro” viajante no tempo que vai ajudá-lo e ensinar tudo o que ele precisa saber… inusitadamente, também uma história que o seu eu de 36 anos está contando para a Clare de 6 anos, na clareira, porque ela quer saber mais sobre ele. A interação dos Henrys de 28 e 7 anos é muito boa, e com uma força que dá um toque de realidade com as duas visões distintas da viagem no tempo: o Henry criança se pergunta se ele é um super-herói ou algo assim, se ele vai solucionar crimes, mas o Henry adulto sabe que não é bem assim… e precisa ensiná-lo a sobreviver.

Tudo funciona muito bem no episódio: a interação dos Henrys em fases diferentes de sua vida, a interação do Henry de 36 anos no passado com Clare, e o Henry mais imaturo de todos, aos 28 anos, que acabou de conhecer sua futura esposa… esse primeiro encontro é frustrante, na verdade, para Clare, porque ela esperou sua vida praticamente inteira para conhecê-lo, para transar com ele, para viver uma história, e agora ele não parece ser nada do que ela imaginou – porque ele não é, na verdade, o Henry que ela conheceu, mas uma versão mais jovem, mais imatura e, quem sabe, mais babaca do Henry que será seu marido. E assim como ele não estava preparado para esse encontro, essas informações e essa expectativa toda, ela também não estava preparada para ver que as coisas não serão tão fáceis quanto ela sempre sonhou que seriam.

É um primeiro encontro desastroso… que termina com um sapato jogado na cabeça dele.

Assim como a Clare de 6 anos jogou um sapato no Henry de 36.

Gostei muito de tudo em “The Time Traveler’s Wife” – a começar pela atuação de Rose Leslie e Theo James, eu estão muito bem em seus personagens, e é inevitável não ficar babando pelo Theo, que é crush de uma galera desde “Divergente”, e agora a HBO vai nos alimentar com várias cenas dele pelado… também gostei demais do ritmo da série, que pode até parecer um pouco “lento” para quem não conhece a trama, mas talvez porque as pessoas ainda estão se habituando ao que de fato é a série… foi um primeiro episódio INCRÍVEL, que conseguiu estabelecer coisas importantíssimas para o futuro de “The Time Traveler’s Wife”, explicando a condição de Henry, como as viagens acontecem (raramente para o futuro, por exemplo, mas pode acontecer, e isso eventualmente será muito importante), por exemplo, e os “primeiros encontros” de Henry e Clare.

Também adorei a maneira como o episódio parece ter se divertido ao conectar as coisas e os vários momentos que acompanhamos… a maneira como o Henry de 28 anos retorna de seu primeiro encontro com o Henry de 7 com o tempo apertado para o seu encontro com Clare, e então rouba roupas e um buquê de flores na rua, e finalmente entendemos porque ele estava meio afoito e sem ar quando chegou ao restaurante; também vemos o Henry de 36 anos viajar para a primeira vez em que vê Clare, na clareira, e saltar dali para a época em que ele tinha 28 anos e o encontro dele com Clare tinha acabado de dar muito errado e ela estava furiosa com ele… ele até tem a chance de conversar com o seu eu de 28 anos (que delícia ver duas versões de Theo James juntos, hein?!) e dar nele o chacoalhão que ele precisava – que não queria ouvir, mas que precisava…

Também foi lindo ver o Henry de 36 anos conversando com aquela Clare de 20 anos, frustrada porque é apaixonada por ele, por aquele Henry, não pelo Henry de 28 anos com quem acabou de discutir e em quem acabou de tacar um sapato. Admirado demais com a maneira como Theo James consegue representar essas duas fases/personalidades do personagem, e como ele é de fato apaixonante em sua versão de 36 anos, mas como ele consegue mostrar a Clare que, infelizmente, aquele ali é um Henry mais velho, casado (ela chamando ela mesma do futuro de “Bitch” por ser “a esposa do Henry” foi sensacional!), e não casado com ela… não com ela de 20 anos. Para que eles vivam sua história, a Clare de 20 anos ainda vai ter que insistir no Henry de 28, e eles vão construir o que quer que eles tenham no futuro juntos… trabalhoso, sim, mas que relacionamento não é?

Adorei “The Time Traveler’s Wife”. FINALMENTE chegou!!!

 

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