Chocante (2017)


“Me dá um CHOQUE DE AMOR!”
Quantas sensações boas assistindo a esse filme! “Chocante” é uma delícia, e tem de tudo. Da comédia à deliciosa nostalgia que nos leva de volta aos tempos de Dominó e Menudo, nos anos 1980 e 1990. Eu CRESCI ouvindo essas músicas e tenho uma paixão imensa por elas, graças à minha mãe. Chorei. Mas sempre choro nesse tipo de filme. Cheguei em casa cantando, colocando no rádio minhas músicas desses grupos que eu tenho gravadas há anos, e cantando as letras inteiras. “Mas ela não gosta de mim / Vive me dizendo não / E nem tem pena do meu coração / Que só vive nessa ilusão”. O filme me fez muito bem, e com muito carinho eu coloco “Chocante” numa vaguinha de meus filmes favoritos, por todo o sentimento que ele carrega. Foram boas risadas, boas memórias, boas músicas… eu voltaria JÁ para assistir mais uma sessão!
O filme já começa IMPACTANTE. Não, impactante não… chocante. É uma leva deliciosa de nostalgia quando o Chocante, a boy band dos anos 1990, é apresentada. As televisões antigas, as roupas coloridas e O PROGRAMA DO GUGU! E é igualzinho à época. As bailarinas naqueles bambolês, o pintinho amarelinho… que nostalgia boa! Então o grupo canta, e temos uma edição brilhante que nos mostra toda a fama e ascensão do grupo em alguns meses. Pelas cenas mostradas e pela apresentação de cada um, eu escolhi Tarcísio como o mais lindo de todos. Embora o Clay fosse uma graça também (interpretado pelo João Villa, diretamente de “Pega Pega”). Mas eu escolhi o Tarcísio porque ele era gato (interpretado pelo Rafael Canedo!), e isso foi antes de ele tirar a camisa, porque que corpo! E então é super boy band. As músicas, os passinhos, as roupas coloridas, as fãs enlouquecidas com cartazes, gritando seus nomes, pedindo autógrafos…
UM MÁXIMO!
Depois dessa brilhante introdução, temos Sônia Abraão anunciando uma notícia trágica: a morte de Tarcísio, o membro mais carismático do Grupo Chocante. E ele morreu de forma bizarra: com um vaso de orquídea que caiu na sua cabeça enquanto ele andava na rua. “Uma morte chocante”. Parece cheesy, mas esse tipo de trocadilho infame me levou às gargalhadas! Porque a maneira como todo mundo lidou era hilária… no velório de Tarcísio, os outros integrantes do grupo se reencontram, 20 anos depois do fim da banda: Téo, Clay, Tim e Tony. E temos uma fã enlouquecida, Quézia, interpretada por Débora Lamm, que está ali para chorar sobre o corpo, tirar uma última selfie, e ficar toda empolgada porque a banda está toda ali. Depois de momentos no bar e umas cervejas, ela oferece a sua casa para que eles se reúnam novamente quando quiserem.
As interpretações são ótimas. Todos eles, embora talvez não admitam, vivem com saudade da época do CHOCANTE, em umas vidinhas chatas, como diz o Tim. Tim, interpretado por Lúcio Mauro Filho, é um médico do DETRAN, completamente entediado com tudo. Tony, interpretado por Bruno Garcia, é um motorista de Uber que coloca a música do Chocante para tocar a cada corrida (“Me dá um choque de amor!”), e os passageiros sempre pedem que ele a desligue. Téo, interpretado por Bruno Mazzeo, filma casamentos e batizados, e tem uma filha chamada Dora, interpretada pela fofa da Klara Castanho. Por fim, temos o Clay, talvez o meu favorito de todos, interpretado por Marcus Majella, que trabalha “na sessão de marketing” de um supermercado. Todos mentindo sobre suas vidas, ou “aumentando-as” para parecerem menos insignificantes.
O filme tem uma edição excelente… ele nos leva a acompanhar a vida desses quatro integrantes do Chocante no presente, mas também nos traz programas e bastidores do Chocante nos anos 1990, com os lindos e jovens atores interpretando os personagens, e isso cria todo um clima gostoso de nostalgia em meio a toda a comédia. Clay, que nos anos 1990 era o mais “pegador” de todos, agora se assumiu gay, e eu não pude deixar de pensar no Ricky Martin! Eles realmente acabam se reencontrando. Eles fizeram sucesso por 8 meses, 240 meses atrás, mas foi uma época marcante. No apartamento de Quézia, que é quase um santuário divertido do Chocante, eles podem reviver toda essa época sem culpa, eles podem CANTAR, eles podem até pensar em se reunir mais uma vez para fazer um show, de “brincadeira”.
E levam isso adiante…
Eles buscam Lessa, o “empresário que tem pressa”, que fora empresário da banda na década de 1990, e o colocam no barco para trazer a banda de volta. Ele, por sua vez, deseja um quinto integrante para substituir o Tarcísio, e assim traz Rod, interpretado pelo Pedro Neschling, que é um garotão todo famoso com as meninas, que deturpa totalmente o motivo dessa “reunião”, e fica fazendo snapchats que são “chatos”, mas são perfeitamente HILÁRIOS, com destaque para quando, no táxi, em um momento triste, um dos integrantes do Chocante tira o celular das mãos dele e joga pela janela! O filme é REPLETO de “Choque de Amor” e ensaios da coreografia que são DIVERTIDÍSSIMOS! Ri tanto com os cinco ensaiando na sala de Quézia, e com a própria coreografia, que tinha toda essa questão do “choque”, e um final que era meio “Chaves”.
AH, EU AMEI!
Tudo é muito gostoso, tudo é muito nostálgico, tudo é muito FOFO. Quando as coisas dão errado e eles são tachados como “banda trash” em uma gincana de escola, fazem barraco e tudo o mais, parece que tudo terminou. O CHOCANTE chegou ao fim mais uma vez. E cada um volta à sua vidinha chata. É ali que temos uma versão BRILHANTE de “Tô P da Vida”, do Dominó. COMO AQUILO FOI APAIXONANTE. Me arrepiou… quando a música começou a tocar no carro, eu comecei a sorrir como bobo e cantei a música toda com eles. Se encaixou perfeitamente. Dominó tem tudo a ver com o Chocante, a música tinha tudo a ver com o que os personagens estavam sentindo naquele momento, e eu achei uma graça como isso os levou de volta ao Chocante, independente de ser uma grande apresentação, de ser para um monte de pessoas…
Era para eles!
Era a vida deles!

“Tô P da vida
E o mundo em volta dá ferida
Em transes loucos, transas nossas
De mãos atadas vistas grossas
É muito pouco amor à vida”

Porque o Chocante chegou ao fim, sim, mas ainda era demais. Entendemos, com o desenrolar do filme, o que aconteceu. Sabemos, o tempo todo, que o grupo chegou ao fim porque o Téo bateu no Tarcísio na frente de todo o Brasil, na televisão, mas depois descobrimos o porquê disso, e foi porque o Téo era totalmente apaixonado pela mãe da Dora, desde sempre, e ele encontrou ela e Tarcísio se beijando nos bastidores do Domingo Legal, no dia em que Téo bateu nele. Sinceramente, não sei se dá para culpá-lo depois disso. E eu achei uma fofura a maneira como ele não deixou que Dora se inteirasse disso. Porque quando ele tirou o vídeo, eu achei que ele não queria que a filha o visse bater no Tarcísio, mas a verdade é que ele só estava protegendo a mãe dela, e foi muito bonito. A relação de Téo e Dora, de pai e filha, era LINDA DEMAIS.
Por isso, o final não podia ser melhor. É dia de “O que o meu pai faz” na escola, e ela pede que ele não se atrase. Ele vai falar sobre ser “cinegrafista”. E ficamos angustiados, embora saibamos que ele TEM que chegar, mas aquele batizado foi uma das cenas mais HILÁRIAS do filme, com o Téo apressando tudo para sair correndo e chegar à escola, apresentado por Quézia, ao lado de seus amigos, de volta às roupas coloridas dos anos 1990, COMO CHOCANTE! A apresentação de Quézia, o olhinho brilhando de lágrimas da Dora, o olhar dela e do pai no final do filme… aquilo me emocionou de uma maneira! Que coisa linda! Eu só queria ver o Bruno Mazzeo, o Lúcio Mauro Filho, o Bruno Garcia e o Marcus Majella interpretando e cantando uma versão completa de “Choque de Amor”, foi isso o que o filme ficou me devendo…
Porque além disso, nada. Estava ÓTIMO.
As atuações estavam fantásticas, um personagem melhor que o outro.
Por fim, como parte dos créditos finais, somos levados novamente aos anos 1990, para ver o clipe completo de “Choque de Amor”, a principal música do CHOCANTE. São os 5 integrantes, interpretados pelos jovens Matheus Corcione, Apollo Costa, Thauan el Pavuna, João Villa e Rafael Canedo, naquelas roupas coloridas, com todas as caricaturas da época, como expressões faciais exageradas, passinhos fofos… “Choque de Amor” seria, mesmo, UM SUCESSO. Contagiante e chiclete, ela fica com a gente pelo resto da semana, no mínimo. E o clipe era bom. Os rapazes eram lindos, tinham talento, e nos levavam de volta à época de Dominó. COMO ISSO É BOM! E, em se tratando de uma comédia, eu gosto muito dos “choques” da música, que só fazem com que levemos o clipe menos a sério, mas ainda assim ele prece legítimo. Bizarro e fofo, o clipe contagia e nos deixa pregados na cadeira: por que a gente tinha que ir embora do cinema?!
Um filme para guardar no coração!

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