Turma da Mônica Jovem (1ª Fase, Edição Nº 9) – O Príncipe Perfeito


“Romeu, Romeu… ONDE, RAIO, VOCÊ SE METEU?!”
Eu me lembro claramente da época do lançamento dessa edição da Turma da Mônica Jovem e das minhas opiniões na época – era Abril de 2009, e a revista ainda estava achando o seu lugar, o seu estilo, sua maneira de contar histórias… e se saiu muito bem! Particularmente eu ainda gosto mais da saga O Brilho de um Pulsar, naturalmente, mas todos queríamos ver histórias do cotidiano, e finalmente eles acertaram em fazê-la, diferente da Edição #5, que eu acho mais fraquinha. O Príncipe Perfeito é uma ÓTIMA história que traz o Fim de Semana dos Talentos e uma produção de Romeu e Julieta no Colégio do Limoeiro, com a aparição de um suposto “príncipe”, para enervar o Cebola e enchê-lo de ciúmes porque Toni, o tal novo rapaz, tem uma vibe de galã da Disney (você sabe, tipo Zack Efron em sua época de Troy Bolton, ou Sterling Knight como CHAD DYLAN COOPER!) e é super “bacana”.
A introdução que ocorre no primeiro capítulo da edição é muito boa… assenta o terreno para a chegada de Toni. Estamos no meio das audições para Romeu e Julieta, nas quais a Mônica, chateada por causa de um atraso imperdoável do Cebolinha, é obrigada a tentar o papel de Julieta com o Cascão, o que sai como um verdadeiro DESASTRE, naturalmente. Enquanto isso, Carmem aparece poderosa com Denise como seu Romeu, e ela acaba ficando com o papel – a grande questão está no fato de, ao correr pelo auditório fugindo da fúria de Mônica, Cebola acaba escalado para Romeu por sua “espontaneidade e modernismo”. Ele nem queria o papel, e ainda assim o conseguiu, e isso deixou a Mônica muito mal… então, tudo está armado. Mônica e Magali passam por Toni na rua sem lhe dar atenção, e Magali sugere que ela CONVERSE com o Cebolinha…
Mas quando ela tenta fazer isso, ele não está disposto. Afinal, OLHA O MEDO.
De certo modo, a Turma da Mônica Jovem me deixa muito confuso, às vezes eu não sei o que pensar ou quem defender, e acho que isso tem muito a ver com o “ser adolescente”. Não necessariamente alguém está certo, nem errado. Talvez a Mônica tenha construído mesmo essa imagem ao longo dos anos e por isso é muito difícil para os garotos não sentirem medo dela? Como culpar realmente o Cebolinha nesse começo, porque ele só estava fugindo porque achava que ela ainda estava furiosa e queria bater nele… mas eu também não consigo defender o Cebolinha, porque eu sempre achei que sua versão Jovem continua muito imatura e infantil. Enfim. É nesse contexto que Mônica conhece Toni, e eles chegam JUNTOS na sala de aula, sorridentes, e ela ainda é inteligente para se fazer de dissimulada para o Cebola, intensificando o seu ciúme.
Não que ele ainda precisasse ser intensificado.
Convenhamos que o Toni era realmente uma gracinha, independente do que ele fosse no fim da edição – claro, ele não era um Do Contra (que é um gato) e muito menos um Chico Bento (não há mais lindo que ele!), mas ele era bem fofo… então as garotas ficam encantadas, e a Denise diz coisas como “Denise, mas pode me chamar de amor!” (quem nunca quis?), e o Cebolinha fica profundamente incomodado, tentando conseguir sua ficha completa e descobrir seus defeitos. Marco Antônio. Apelido: Toni. 15 anos. Escorpião. E na verdade, embora toda a motivação inicial para as investigações de Cebolinha partir de seus ciúmes por causa da proximidade de Toni e Mônica, ele tinha razão em querer investigar… afinal de contas, ninguém pode ser assim tão perfeito, tão gentil, tão simpático, tão sorridente. Então alguma coisa estava errada.

“Entendeu agora, Cascão? Aluno exemplar… gente boa com os caras… gentil ao cubo com as meninas… até mesmo com a Mônica! Um cara tão legal que chega a ser enjoativamente perfeito! Percebe o que isso significa? Ele é como o videogame de última geração! Quando o novo modelo chega… os outros ficam obsoletos”

Tamanha perfeição parece associada a muita falsidade, não?
De todo modo, ainda não estou nem perto de dizer que, por isso, a Mônica devia estar com o Cebola nem nada assim. Tudo bem que nessa fase da Turma eles são muito jovens (bem mais jovens que a turma do Chico Bento Moço quando as revistas começaram, por exemplo), mas o Cebolinha ainda precisa crescer e amadurecer demais para que possamos torcer por ele e pela Mônica. Precisa parar de insistir sobre como “uma pessoa que não tem medo da Mônica” ou que “a abraça” “não pode ser normal”. A Mônica não estava escutando isso para ter seus sentimentos machucados, claro, mas ainda assim não é algo que eu estou disposto a apoiar, por isso não acho que um relacionamento nessa época fosse ser saudável. Eles só tinham uma queda (séria) um pelo outro, mas precisamos ficar nisso. Ainda vai aparecer alguém perfeito para a Mônica, que saiba valorizá-la e AMÁ-LA.
E desculpem os desavisados: MAS NÃO É O CEBOLINHA.
Enfim.
O Cebolinha arma um milhão de planos para envergonhar o Toni, tem até uma luta de sabres-de-luz de Tauó, com referência a Luki Caiuósqui, mas plano atrás de plano é falha atrás de falha. Motivados pelos ciúmes do Cebola, nos identificamos parcialmente por deixarmos de confiar em uma “perfeição forçada”, mas eu queria que o Toni fosse PERFEITO mesmo, para que o Cebola pudesse sofrer pela Mônica e aprender a valorizá-la… isso ainda viria a acontecer, não com Toni, mas com outro personagem. A Mônica não poderia ter sido mais direta com o Cebolinha quando ele é substituído na peça por Toni, que passa então a interpretar o Romeu, quando diz: “Se ele não mostra interesse… não pode ficar chateado por ser substituído!” Mas é triste perceber que, no geral, o Cebola nem sabe do que ela está falando…
Ah, na peça? Carmem passa mal e Mônica assume o papel de Julieta.
Isso mesmo. Toni de Romeu e Mônica de Julieta. Para o desespero do Cebolinha!
Toda a finalização da edição é bem feita. Você esperava ver Toni ser desmascarado, mas eu, particularmente, não sabia como isso seria, quando li a história pela primeira vez. Após o sucesso da apresentação, Toni pede para conversar sozinho com Mônica, e então a magoa falando de uma garota que gosta, NO OUTRO COLÉGIO, e pedindo conselhos… pode parecer “pouco”, vendo agora, mas é um mundo desabando quando você tem 15 anos, fala sério! Mas era o plano todo. O verdadeiro plano infalível. Toni era, por fim, o Tonhão da Rua de Baixo, que passou esses anos todos treinando e cuidando da aparência só para poder humilhar a Mônica e se vingar da Mônica por ter batido nele quando ambos eram crianças… incrível como algumas pessoas passam anos guardando uma mesma mágoa, não? Suas vidas se definem por isso e, acho, elas deixam de “viver” realmente.
Uma edição profunda, pense nisso!

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