LES MISÉRABLES (Brasil) – Texto 1 de 3


Que espetáculo EXTRAORDINÁRIO! Eu VIVI Les Misérables, dessa vez, de forma diferente de qualquer outra! O lindíssimo musical, com uma história comovente, orquestra belíssima e músicas marcantes, me tocou de forma inesperada, e eu saí do teatro comovido, e com lágrimas nos olhos. Foi uma das experiências mais DELICIOSAS que tive no teatro. O elenco brasileiro (encabeçado por um espanhol no papel de Jean Valjean, sobre o que eu aprofundarei na PRÓXIMA POSTAGEM!) é talentosíssimo como era de se esperar, e a esmerada produção mostra a incrível força e capacidade do teatro brasileiro, nos lembrando uma vez mais de como nossas produções musicais estão IMPECÁVEIS. Les Misérables é a expressão da beleza, da força e da luta, e eu não podia estar mais feliz por termos um musical como esse nos dias de hoje.
A história do prisioneiro 23623 não é apenas a história de Jean Valjean, mas é a história de várias vidas conectadas de alguma maneira ao longo dos anos, e é perfeitamente emocionante. Adaptado da obra clássica de Victor Hugo, Les Misérables começa com um impactante prólogo que me destrói completamente. A maneira como os prisioneiros remam e cantam “Olhai! Olhai!” me arrepia, e a maneira como Jean Valjean se torna livre, mas o mundo não está preparado para recebê-lo… tudo é comovente na introdução fortíssima, melancólica e cheia de esperanças do musical – o ex-prisioneiro 23623, preso POR ROUBAR UM PÃO, é acolhido por um padre, e tenta roubá-lo no meio da noite, e é pego novamente por isso… mas o padre intervém, finge que foi tudo parte de um caríssimo presente, e essa atitude, e voto de confiança, mudam a vida de Jean Valjean para sempre.

Les Misérables

São alguns minutos fortíssimos no prólogo que antecede a apresentação do título do musical – e então a história se inicia alguns anos mais tarde. Tudo é muito intenso. O musical marca bem a história (e a plateia) com músicas de letras tristes e poéticas, uma orquestra forte. As lágrimas são inevitáveis, o sentimento de pesar também… mas a beleza de tudo e da mensagem é esmagadora. Alguns anos mais tarde conhecemos Fantine e a sua dolorosa história que a leva a perder o precioso colar, os cabelos e toda a sua dignidade, até que, em leito de morte, ela faça Jean Valjean prometer que cuidará de sua filha, Cosette. E, agora prefeito, Jean Valjean tornou-se um homem cada vez mais admirável e excessivamente BOM, o que o marca de forma tão profunda. Como quando ele vai até o tribunal se entregar a Javert…
Enquanto ele entoa “23623” no fim daquela canção…
ME ARREPIA ATÉ AGORA!
Vários momentos do musical são memoráveis e nos marcam profundamente. Como quando Jean Valjean vai resgatar Cosette e lhe dá uma boneca de presente, depois de cobri-la com um casaco, e então a gira em seus braços… um momento tão rápido, tão simples e TÃO TERNO. Me emociona demais! Belo e tocante. E a maior parte do musical acontece depois da segunda passagem de tempo, quando conhecemos Marius e as versões jovens de Cosette e Éponine, além do pequeno Gavroche, quando a vida de Jean Valjean acidentalmente cruza com a de alguns estudantes idealistas durante a Revolução Francesa, que lutam em uma alarmante e triste barricada final, repleta de mortes, dor e sofrimento. A mensagem do musical é FORTE e fala sobre luta, sobre esperança e sobre o AMOR. Não apenas de Cosette e Marius, mas todo tipo de amor.
De Jean Valjean por Marius ao arrastá-lo, quase morto, pelos esgotos, por exemplo!
A cena da Barricada ainda me traumatiza e ainda me arrepia. É aqui que temos músicas como “A Chuva Cai” (“A Little Fall of Rain”), quando Éponine morre nos braços de Marius. Temos músicas como “Deus do Céu” (“Bring Him Home”), quando Jean Valjean pede a Deus que Marius possa ir para casa em segurança depois daquilo tudo. E quando Gavroche morre, as lágrimas fluem intensamente, e o coração se aperta, e queremos gritar a injustiça da realidade expressa brilhantemente em uma obra dolorosa – Gavroche era a coisa MAIS FOFA do musical, a luz daquele grupo, e a sua vozinha cantando no meio do campo de batalha… doce, linda e dolorosamente partindo. Foi a PIOR morte para se assistir. A pior. TODO MUNDO MORREU NAQUELA BARRICADA. Todo mundo menos Jean Valjean e Marius, que foi carregado semi-morto para a segurança.
Mais tarde ele canta “Tantas Mesas e Cadeiras” (“Empty Chairs at Empty Tables”)
UMA DAS MELHORES MÚSICAS (mas fica para as próximas postagens!)
É um musical IMENSO. Não estou falando em tempo. Estou falando em todo o resto. Em cenário, em figurino, e em FORÇA. Orquestra brilhante, letras tocantes e uma história INCRÍVEL publicada pela primeira vez em 1862, e ainda tão forte, tão marcante e tão atual… senti, ao final, que o meu coração tremia. Não apenas minhas mãos, e não apenas meus olhos estavam vermelhos de lágrimas… não, eu sentia meu coração tremer, porque as emoções durante Les Misérables são incontestavelmente INTENSAS. Um belíssimo musical que ainda deve emocionar MUITA GENTE. Uma produção cuidadosa e incrível do Brasil, mais uma vez, que traz outro musical brilhante para os palcos de São Paulo em uma produção grande e digna. Recomendo a todos os fãs de musical e de boas histórias, porque Les Misérables SEMPRE vale a pena!

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