Os Monólogos da Vagina


“Eu estava lá. Eu vi”
Não sabia bem o que esperar de “Os Monólogos da Vagina” antes de chegar ao Teatro Gazeta, mas agora digo que FOI UMA EXPERIÊNCIA INCRÍVEL! Com muito bom humor, segurança e propriedade, o espetáculo escrito por Eve Ensler que chegou ao Brasil em 2000 (e está em cartaz desde então) faz um retrato bem interessante a respeito do tema que, aparentemente, a maioria das pessoas não fala sobre: VAGINAS. As três atrizes que são todas Eve e são todas as mulheres entrevistadas até que nascesse o espetáculo se dizem preocupadas com as “vaginas”, com o que as pessoas pensam sobre elas, ou melhor: COM COMO NÃO PENSAM SOBRE ELAS. E então nos convidam a PENSAR. E eu achei isso sensacional. Com as talentosíssimas Maximiliana Reis, Sônia Ferreira e Cacau Melo, o espetáculo ganha vida e nos diverte e emociona.
Os Monólogos da Vagina é, provavelmente, diferente de qualquer coisa que você espera antes de, de fato, IR AO TEATRO. Com temas sérios tratados em monólogos mais tristes como “Minha vagina era minha vila”, ou então trechos mais tristonhos no meio de monólogos muito mais divertidos, como “Eu tinha 12 anos e minha mãe me deu um tapa”, o espetáculo consegue mesclar incrivelmente bem a seriedade do tema com informação, dúvidas e solução de dúvidas e MUITO BOM HUMOR. Trata-se de um retrato bem humorado daquilo que pensamos (ou não) e daquilo que gostaríamos de falar… eu sei que eu RI MUITO no espetáculo quase inteiro e foi uma experiência recompensadora. As atrizes estão de parabéns e nos conquistam desde o começo, e depois um pouquinho mais a cada cena que passa. O tempo todo e sempre.
Sinceramente, eu acho que a Maximiliana Reis é, em muitos momentos, a RAINHA do espetáculo – TODAS estão de parabéns, mas o tanto que eu com a Maximiliana! Seja no monólogo sobre menstruação, quando elas eram criancinhas, ou então no monólogo sobre “Pelos”, no qual ela faz um relato sobre como “seu marido” não gostava de pelos e a traiu, o que parece TÃO REAL! [E é] Ah, e também aquele ÓTIMO monólogo intitulado “Porque ele gostava de olhar para ela” (ou algo assim, não me recordo EXATAMENTE o título), em que ela conta sobre como descobriu a sua vagina e se encantou por ela por causa de um homem – o que pode não ser a causa mais certa, mas ele fez uma diferença, passando horas olhando para ela com pura admiração e deleite. EU RI TANTO DAS POSIÇÕES DA MAXIMILIANA E DAS EXPRESSÕES DELA!
Aqueles dedinhos batendo na cama de tédio!
Sônia Ferreira é quem começa o monólogo da “Mulher que amava fazer vaginas felizes”, se eu não me engano, e ela está FABULOSA com aquele chicote (todas elas estão, embora na primeira vez tenha sido um susto generalizado!), contando sobre como gosta de fazer “vaginas felizes” – ah, aqui vale ressaltar a inteligente interação com o público, durante todo o teatro, nos fazendo gritar a palavra “vagina” no início, por exemplo (porque, segundo elas, é uma palavra feia, e não fica melhor, por mais que a gente diga repetidamente), ou então escolhendo um casal para atormentar do começo ao fim – no dia em que assisti, Bruna e Felipe. Também foi DOLOROSA a interpretação de Sônia Ferreira em “Minha vagina era minha aldeia”, o que me doeu profundamente.
Quanto a Cacau Melo, eu acho que um de seus melhores momentos, indubitavelmente, é “Minha Vagina, Eu”, quando ela interpreta uma mulher americana (ou inglesa), com um leque HILÁRIO e um sotaque maravilhoso e divertido, que conduz o “workshop da vagina”, ensinando as mulheres a se conhecerem, a descobrirem o prazer e o orgasmo… temos Sônia Ferreira dizendo aquele hilário “Did ela, did ela!” e a Maximiliana desconversando sem querer fazer o seu depoimento… e ÓTIMOS MOMENTOS como esses! Oh, e aquele fabuloso momento em que elas retratam os vários tipos de gemidos e elas têm toda a razão: quem foi acompanhado estava mesmo se cutucando e dizendo coisas como “olha aí, bem, o seu!”
Um dos monólogos MAIS LINDOS do espetáculo inteiro é “Eu estava lá, eu vi”, no qual representa-se O NASCIMENTO de um bebê, e como esse é um momento mágico e bonito – a emoção é palpável, e eu senti que aquele ali seria o fim do espetáculo, e por isso fiquei MUITO CONTENTE quando não foi, porque eu não estava com a mínima vontade de ir embora. No meio de todos esses divertidos e instrutivos e, às vezes, pesarosos, monólogos, as atrizes retornam como Eve Ensler para trazer alguns FATOS sobre a vagina que são muito informativos e conferem um grau de seriedade bacana ao espetáculo, como a descoberta do clitóris, e como uma mulher foi morta como bruxa por isso e outras coisas assim. Algumas informações alarmantes, como o número de vítimas de estupro no Brasil, que é assustadoramente alto!
Também temos monólogos CURTÍSSIMOS e muito divertidos, que são respostas rápidas dadas pelas mulheres que Eve Ensler entrevistou, com perguntas que ela fez a todas elas, como “SE SUA VAGINA SE VESTISSE, O QUE USARIA?”, que trouxe respostas como “um boné”, “uma jaqueta de couro”, “um vestido de baile”, “alguma coisa que pudesse ser lavada na máquina”, “saltos altos”… ou “SE SUA VAGINA PUDESSE FALAR, O QUE ELA DIRIA?”, que trouxe respostas como “me abraça”, “vamos brincar”, “não pare”, “lembra de mim?”… e “A VAGINA TEM CHEIRO DE QUÊ?”, que trouxe respostas como “gengibre”, “suor”, “rosas”, “pêssegos”, “bosques”, “queijo”, embora isso tudo tenha sido já coberto pelas atrizes mais cedo, quando elas perguntaram à “Bruna” se o “Felipe” já tinha dito que sua vagina cheirava como pétalas de rosas.
Não, não.
O espetáculo é um máximo E DEVE SER ASSISTIDO. Está em cartaz em São Paulo, no Teatro Gazeta, e VALE MUITO A PENA! Eu acho que é possível que você esteja um pouquinho envergonhado no início do espetáculo, talvez por causa do tabu acerca do tema, mas “Os Monólogos da Vagina” é justamente O ESPETÁCULO IDEAL PARA ISSO. As atrizes são um máximo e o texto é muito bem escrito, porque conscientiza e traz fatos, além de falar de assuntos sérios no meio de um retrato bem-humorado e profundamente REAL, colhido das entrevistas de Eve Ensler ao redor do mundo. Vale muito a pena, pela diversão e pela instrução, e eu garanto que vai ser uma experiência que te fará sair do teatro sorridente e feliz e querendo ver mais uma vez. Então anote aí: TEATRO GAZETA, na Av. Paulista. CONFIRAM, VALE MUITO A PENA!

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P.S.: Preciso comentar que eu e meu namorado, que estivemos na primeira fila do espetáculo no dia 05/05/2017, ficamos pelo teatro esperando as atrizes saírem depois do fim do show. E AQUILO VALEU TANTO A PENA! Eu fiquei absurdamente ENCANTADO pela Maximiliana Reis (que eu só conhecia por seu papel de Berta em Cúmplices de um Resgate) e pela maneira como ela é querida! Com um carinho tremendo e toda a atenção do mundo que nos dispensou, ela passou um bom tempo conversando com a gente, e se dispôs a sair procurar tanto a Sônia quanto a Cacau para falar conosco e tirar uma foto. Um exemplo de carisma demonstrado em alguns minutos de muito carinho e atenção e eu fiquei encantado pela maneira como ela nos tratou! Maximiliana Reis, se um dia você ler isso aqui: VOCÊ É UM AMOR DE PESSOA, SOU SEU FÃ DEMAIS AGORA! Além de que o seu talento é inegável. Parabéns!
P.P.S.: Sônia Ferreira foi a segunda que encontramos na saída do teatro, graças a Maximiliana Reis, que fez o que pôde para encontrar suas colegas de elenco! Extremamente simpática, ela nos agradeceu por ser um “saco de risadas” na primeira fila, e eu fiquei comovido com como ela disse que estava feliz que tivéssemos gostado, porque “elas faziam o espetáculo para nós”. Fiquei TÃO CONTENTE em ver tanto carinho e simpatia nessas duas!


P.P.P.S.: Cacau Melo, infelizmente, já tinha ido embora na noite em que assistimos ao espetáculo, embora Maximiliana tenha tentado encontrá-la para falar com a gente, mas curiosamente (é o destino, eu acho) nós a encontramos no domingo seguinte de manhã, andando pela Paulista. Outro amor de pessoa!



P.P.P.P.S.: Mas o carinho de Maximiliana Reis <3 QUE MULHER SENSACIONAL! PARABÉNS! *-*

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