American Horror Stories 2x02 – Aura

Tecnologia e o sobrenatural.

OUTRO EPISÓDIO EXCELENTE! Esperando que os próximos episódios se mantenham no ritmo desses dois primeiros, estou bastante confiante na segunda temporada de “American Horror Stories”, que parece ter algo que a primeira temporada não tinha: o cuidado de, de fato, desenvolver uma história com um roteiro decente… tanto “Dollhouse” quanto “Aura” contaram histórias consistentes e, o melhor: muito diferentes uma da outra. Essa é uma das coisas de que mais gosto em séries antológicas (e gosto de algumas, como “Black Mirror” e “The Twilight Zone”): a capacidade de contar histórias diferentes a cada semana, tendo em comum um elemento ou um gênero… nesse caso, o terror e o suspense. Ambos os episódios até agora trabalharam muito bem o suspense, deixando o espectador angustiado enquanto assistia ao episódio.

“Aura” faz algo que talvez a franquia “American Horror Story” nunca tenha feito até o momento, que é trazer tecnologia para a sua narrativa – e, por isso, você vai encontrar várias pessoas associando o episódio a “Black Mirror”, que é uma referência desse tipo de narrativa atualmente, embora não seja a primeira ficção a fazer isso (se você ler os contos de Philip K. Dick ou assistir às adaptações de sua obra, por exemplo, vai perceber que o autor de ficção científica foi um precursos importante de “Black Mirror”). O conceito gira em torno de uma nova tecnologia colocada na porta de casa “para a segurança”, mas que pode, também, tornar as pessoas paranoicas: uma câmera que permite que você veja quem está do lado de fora antes de abrir a porta, e um sensor que avisa quando há movimento do lado de fora… mas ele começa a captar coisas estranhas.

Particularmente, eu aprovei a união da tecnologia com o sobrenatural – ainda por cima porque aconteceu uma explicação pseudocientífica que funciona como novum no episódio, gerando credibilidade dentro do universo desse episódio em específico. Jaslyn é a primeira a ter um “encontro” através da Aura, e começa a ver um funcionário da sua antiga escola do ensino médio, o Sr. Hendricks, que está pedindo para entrar e falar com ela… é aterrorizante, gera um suspense bacana, e antes mesmo que as respostas comecem a vir à tona, já percebemos, pelos elementos apresentados, que a visita do Sr. Hendricks se trata da visita de um fantasma. Quando nenhuma outra câmera captura a imagem de Hendricks, nem mesmo a Aura, Jaslyn resolve ir investigar ela mesma, e tentar entrar em contato com Dayle, mas descobre que ele está “desaparecido”.

Eventualmente, Jaslyn acaba o deixando entrar, e eu gostei da reviravolta que o roteiro dá nesse momento – porque imaginamos uma série de coisas ruins que podem acontecer, mas Jaslyn e Hendricks acabam compartilhando um momento catártico e quase emocionante no qual ambos pedem desculpas um ao outro… ele por ter ficado obcecado e feito com que ela não se sentisse segura na escola, ela por ter sido cruel com ele e zombado dele junto às amigas. E, quando isso é “resolvido”, Dayle Hendricks desaparece em uma nuvem de pó, e Jaslyn já entendeu o que aconteceu antes mesmo de assistir, no jornal local, que o corpo dele foi encontrado no rio, depois de ele ter pulado de uma ponte há algumas semanas… de alguma maneira, Aura está atraindo espíritos que têm coisas pendentes. E, depois de Hendricks, um novo fantasma aparece na porta.

E, dessa vez, é para Bryce, o marido de Jaslyn. Há uma quebra de ritmo quando a história do Sr. Hendricks é resolvida faltando mais de 10 minutos de episódio, mas eu também gostei da história de Bryce e Mary Jeane Burkett, a garota que morreu atropelada no parque – e que Jaslyn deixa entrar para saber o que ela quer, já que Bryce não vai fazê-lo… as revelações chegam aos poucos conforme Bryce é pressionado a contar a verdade a Jaslyn, e ela descobre que ele era noivo de Mary Jeane Burkett em 2002, e ele estava com ela quando ela foi atropelada… na verdade, eles estavam discutindo porque ela estava grávida e ele queria que ela tirasse o bebê porque “ele não fazia parte do plano”, e quando Mary Jeane foi atropelada, Bryce terminou de matá-la ao invés de chamar ajuda. Então o seu fantasma, diferente do de Hendricks, não está ali para perdoá-lo…

A reta final é rápida, traz a morte de Bryce e o seu já esperado retorno, três meses depois, quando Jaslyn se muda para uma nova casa e, mesmo que ela não peça, uma Aura é instalada na sua porta… e deixá-lo entrar talvez não proporcione um encontro com o qual ela possa lidar facilmente. A narrativa funciona, o desenvolvimento é bom e a conclusão também, com direito a uma pitadinha de “quero mais”, que é algo que séries antológicas costumam fazer… porque sempre há mais a contar naquele universo. Fico muito feliz com os rumos que “American Horror Stories” está tomando, e se tivermos uma temporada consistente e preocupada em, de fato, contar histórias como esses dois primeiros episódios, talvez a série consiga se recuperar da má fama que conquistou com a sua primeira temporada… pessoalmente, acho que “Stories” poderia ser até maior que “Story” um dia, com um bom desenvolvimento!

 

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