Hairspray LIVE! (2016)



“You can’t stop the beat!”
EU SEMPRE FUI APAIXONADO POR “HAIRSPRAY”! Na verdade, eu tenho uma história muito especial com o musical, já que ele foi o primeiro que eu assisti no cinema, e também o primeiro que eu assisti ao vivo no teatro, em 2010, na montagem no Rio de Janeiro. Então tem história para mim… além disso, eu adoro as músicas envolventes, o tom colorido e divertido, e todo o mote, que fala sobre o preconceito enquanto uma garota gordinha e “à favor da integração”, luta pelo direito de seus amigos negros de dançarem com ela em um programa de TV, o Corny Collins Show, em plena Baltimore de 1962, uma época preconceituosa e à favor da segregação… assim, sempre me fascinaram os temas que “Hairspray” propõe, e como o faz com bom-humor e vida, sem deixar de ser crítico, enquanto nos envolve em glitter, câmeras e muito laquê.
A proposta de “Hairspray LIVE” não é a de ser uma “adaptação” do musical original de 2002 (que eu amo!), mas apenas uma forma um pouco diferente de encená-lo. Assim, ele incorpora duas músicas do filme de 2007, “Ladies’ Choice” e “Come So Far (Got So Far to Go)”, e corta uma dos palcos da Broadway, “The Big Dollhouse”, mas é a única diferença em texto dos palcos. O roteiro é exatamente o mesmo, em falas, e toda a essência da história que amamos está presente nesse musical, que parece uma extensão da versão oficial do teatro: gravado em um estúdio de televisão e exibido ao vivo, a abrangência de cenários é maior, e isso deixa tudo muito bonito, porque podemos explorar as ruas de Baltimore, a casa de Tracy Turnblad, a loja de discos de Motormouth Maybelle, os estúdios da WZZT… e tudo é grande, colorido, bonito… e dá movimento às cenas.
É a “adaptação” perfeita do musical.
No elenco, temos Maddie Baillio interpretando a charmosa e carismática Tracy Turnblad, uma garota feliz que sonha em dançar na televisão, e que fará de tudo para conseguir realizar esse sonho. Ao seu lado, como o galã do Corny Collins Show, temos Garrett Clayton interpretando Link Larkin, e eu devo dizer que eu adorei a sua versão do personagem – Link Larkin é um garoto bonito e bastante superficial, mas que amadurece demais depois de conhecer Tracy, até que possa ajudá-la a fugir da cadeia e merecer o seu amor. Garrett estava lindinho demais no papel. E, interpretando uma das minhas personagens favoritas, Penny Pingleton, temos Ariana Grande, que ficou uma graça com aqueles longos cabelos, aqueles vestidos xadrez e aquele chiclete que ela não deixa de mascar em nenhum momento… sensacional.
E ela arrasou em “Without Love”, o momento mais esperado de qualquer Penny.
Também temos a sempre maravilhosa Kristin Chenoweth interpretando Velma Von Tussle, a “Miss Baltimore Crabs”, e eu realmente não sabia o quanto eu precisava da atriz interpretando esse papel até assisti-la em “Hairspray LIVE!”, porque ela estava impecável, divertida e maldosa como a personagem deve ser… a reprise, que normalmente é chamada de “Velma’s Revenge”, também estava sensacional. Dove Cameron interpreta a nojentinha da Amber. A MARAVILHOSA Jennifer Hudson interpreta Motormouth Maybelle, e ela tem um dos momentos mais fortes do musical durante “I Know Where I’ve Been”, que nos arrepia e nos leva às lágrimas, e Ephraim Sykes interpreta Seaweed J. Stubbs, quem ensina uns passos diferentes de dança que garantem a Tracy um lugar no Corny Collins Show, exatamente como ela sempre sonhou…
O musical começa com a contagiante “Good Morning, Baltimore”, que apresenta Tracy Turnblad cantando pela cidade em seu caminho para a escola, e o mais legal dessa canção é que ela apresenta parte dos cenários que ainda serão explorados mais tarde. Ao fim da aula, Tracy e Penny saem correndo da escola para chegar em casa a tempo de assistir o “Corny Collins Show”, ao som de “The Nicest Kids in Town”, que tem uma das letras mais debochadas e mais divertidas do musical (“Who cares about sleep / When you can snooze in school?”). Ali, Corny anuncia que uma das garotas está deixando o programa por um período de 9 meses (!), e portanto haverá uma vaga aberta para quem quiser ser “um dos jovens mais legais da cidade”: para isso, eles só precisam matar aula amanhã e ir ao estúdio da WZZT e fazer as audições para o programa.
E é claro que Tracy vai!
Nos estúdios da WZZT, além de ser humilhada e descartada por Velma Von Tussle, Tracy também “escuta os sinos” quando Link Larkin esbarra nela e pede desculpas… eu adoro “I Can Hear the Bells”, porque ela é toda divertida e bizarra, sobre como ela se apaixonou ou sobre como “agora sua vida faz sentido”, porque “Link Larkin tocou nela”. Eu amo a proposta da apresentação, sendo inteiramente um sonho de Tracy, mas que eventualmente pode vir a se realizar… afinal de contas, durante um baile na escola (no qual Corny canta “Ladies’ Choice”), Tracy mostra a ele os movimentos que aprendeu com Seaweed na detenção e chama sua atenção. Então, ela acaba se tornando parte do CORNY COLLINS SHOW (eu amo Penny e os pais da Tracy assistindo pela TV!), e ela até rouba um beijo de Link (!) ao fim de “It Takes Two”, que ele estava cantando “especialmente para ela”.
UMA DAS MINHAS CENAS FAVORITAS DO MUSICAL!
Com o sucesso de Tracy, as coisas começam a mudar não apenas para ela, mas em toda a cidade… as garotas começam a usar perucas altíssimas que imitam o penteado de Tracy Turnblad, e ela é, inclusive, convidada para ser a garota-propaganda da loja do Mr. Pinky, o que ela acha um máximo! Assim, ela convence a mãe a sair de casa como sua “agente”, durante “Welcome to the 60’s”, que sempre foi uma das músicas mais queridas do musical. Acontece que a sequência é bonita, libertadora, cheia de cores, e a transformação de Edna Turnblad é emocionante! Na versão ao vivo da NBC, também tivemos duas participações especiais interessantes nessa sequência, que foi Ricki Lake, a atriz que interpretou Tracy no filme original, de 1988, e Marissa Jaret Winokur, que foi a primeira garota a interpretar a Tracy nos palcos da Broadway.
O fim do primeiro ato, então, leva Tracy, Penny e Link Larkin até o bairro onde Seaweed e Motormouth moram, depois de uma desastrosa aula de Educação Física, na qual, ao ver Tracy desmaiada e “linda quando está inconsciente”, Link “escuta os sinos”. Assim, o musical começa a explorar com mais vigor a trama do preconceito racial, e a letra de “Run and Tell That” é baseada nisso, de um jeito intenso, crítico e dançante… eu adoro a sequência, que culmina em uma cena importantíssima na loja de discos de Motormouth, onde Link acaba, eventualmente, abandonando Tracy por medo de “arriscar a sua carreira”, e Tracy incentiva todos a protestarem pelo direito de dançarem todos juntos na TV! Brancos e negros. Assim, com “Big, Blonde and Beautiful”, eles protestam, mas são barrados nos estúdios da WZZT, e Tracy Turnblad acaba indo para a cadeia.
A versão ao vivo cortou a música das mulheres na cadeia, mas manteve a lindíssima e emocionante reprise de “Good Morning, Baltimore” (“I’ll eat some breakfast, then change the world!”) e, claro, a música que sempre foi a minha favorita no musical: “Without Love”. Eu adoro tudo nessa sequência! Eu amo as coisas que o Link fala, depois de perceber que foi enganado pelas Von Tussle e que não devia ter abandonado Tracy, ou como ele amadureceu por causa da garota, mas ainda é um pouco “concentrado demais em si mesmo”, e eu só senti falta do “esqueirozico” e do “tubo de laquê” para tirar Tracy da prisão… a música é ótima, Garrett estava mais lindo que em qualquer momento do musical, Tracy estava ótima, e Ariana Grande ARRASOU no “And I’m never going back!” (embora sua voz tenha sido fraca pro restante da canção), que é a parte que qualquer fã de “Hairspray” fica ansiosamente esperando para ver como a Penny fará… afinal de contas, isso é pessoal de cada atriz que a interpreta.
A música é uma graça!
E nos encaminha para um dos momentos mais fortes e emocionantes do musical. Depois de escapar da prisão, Tracy é levada por Link para a casa de Motormouth Maybelle, e ela se pergunta se deveria se entregar novamente para a polícia, e os demais se perguntam se deviam mesmo continuar lutando apenas para “dançar em um programa de TV”, mas é o momento de Motormouth explicar que isso não é apenas sobre dançar num programa de TV… Tracy mesmo não entrou nessa “confusão” toda para ser famosa, nem por causa do Link, porque ela quase o perdeu justamente por isso, mas porque não achava justo que ela e Seaweed não pudessem dançar juntos. Motormouth explica isso tudo com “I Know Where I’ve Been”, que é uma das músicas mais impactantes do musical… e Jennifer Hudson ARRASOU com a voz e impacto que Motormouth precisa causar!
De arrepiar.
Então, caminhamos para o final do musical, durante o “Miss Hairspray 1962”, que conta com uma música do Corny (“Hairspray”), de Amber (“Cooties”) e, por fim, A ENTRADA TRIUNFAL de Tracy Turnblad com seus amigos, para cantar e dançar “You Can’t Stop the Beat”, que fala, basicamente, SOBRE ELES E SOBRE O QUE NÃO PODE SER PARADO! É sensacional. A música é divertida, feliz, colorida e EU ADORO a coreografia, que infelizmente não foi usada no filme de 2007, mas que é a dança mais icônica de “Hairspray” nos palcos, e que foi maravilhoso rever, com esses atores. Tracy arrebenta, explode em votos, ganha a coroa de Miss Hairspray 1962, além do perdão oficial do governador e uma bolsa de estudos para a faculdade – então, ela tem o poder, também, de anunciar que “de agora em diante, o Corny Collins será um programa INTEGRADO!”
A sequência final é repleta de informações, piadas, diversão e música“You Can’t Stop the Beat” dura vários minutos, e nós não queríamos que ela acabasse nunca… é aquela música contagiante que nos faz sorrir, cantar e querer dançar também. Além de Tracy e Link, também temos uma parte dedicada a Penny (“Eu sou uma garota bonita, mamãe!”) e Seaweed, outra dedicada a Edna, presa numa lata de laquê gigante desde a hora do almoço, Motormouth Maybelle, que estava fantasiada de policial para ajudar em todo o plano para que Tracy e os demais invadissem o programa ao vivo, e até as Von Tussle ganham um trechinho da canção… tudo é bonito e pra cima, e eu gosto de como “Hairspray” tem o poder de criticar, conscientizar e ainda nos divertir, porque eu sempre termino o musical sorrindo e me sentindo um pouco mais feliz.
“You Can’t Stop the Beat” faz isso conosco.
Amo esse musical. E amei a versão ao vivo! LINDA!


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