First Doctor – A Big Hand for the Doctor (Eoin Colfer)


Sério? Que conto fantástico!
Eu sempre fui muito encantado pela narração de Eoin Colfer, sempre interessante e capaz de nos prender a atenção, mesmo por capítulos gigantescos… até me surpreende que ele tenha escrito uma média de 50 páginas nesse conto e não muito mais do que isso – é um capítulo de Artemis Fowl. Mas eu admiro, agora ainda mais do que nunca, o seu trabalho e a sua imensa criatividade. Mistura Eoin Colfer com Doctor Who? Só podia ser sucesso! E provavelmente ninguém melhor do que ele para começar essa série de contos… mesmo que eu gostaria de ver uma história sua com Matt Smith, e seu senso de humor único.
Eu gostei da história do começo ao fim. Desde as primeiras linhas eu já estava fascinado, e uma coisa que me surpreendeu e me agradou bastante foi a quantidade de referências utilizadas pelo autor. Parabéns para Eoin Colfer, capaz de, de maneira tão sutil, fazer tantas referências, algumas inteligentíssimas como é o caso da presente no curto e genial Epílogo da obra, nos deixando contentes e fascinados, cada vez mais admirados com sua capacidade criativa. Ótimo autor! Sim, eu surtei lendo o conto, especialmente as últimas palavras, que não mais tinham a ver com Doctor Who, mas que foi tão grandioso que eu gritei de emoção… volto a isso mais tarde.
O Primeiro Doctor foi interpretado por William Hartnell de 1963 a 1966. Já não tem como não gostar dele pelo fato de ele ser o primeiro ator a interpretá-lo, ser a primeira encarnação de nosso personagem tão querido. Participou de quatro temporadas, e teve um número grande de companions, mas a sua primeira companion foi Susan Foreman, sua neta. E eu vou focar principalmente nela porque é justamente ela a companion do Doctor no primeiro conto da série escrito por Eoin Colfer, A Big Hand for the Doctor.
A nossa primeira imagem de Doctor é de um senhor de idade, cabelos grisalhos, um semblante sério e um tom de superioridade – a maioria das descrições dele na internet o chamam de “rabugento”, o que na verdade foi mudando ao longo dos anos. Ele aprendeu, lentamente, a ser um pouco mais sociável, mas sem nunca deixar os comentários sarcásticos perante a ignorância alheia. Sem muita paciência, eu diria que ele era genial – mas esse para sempre será um ponto controverso entre whovians, alguns que o idolatram e outros que não gostam dele por sua personalidade difícil. Eu acho que nós devemos a ele pelo menos muito respeito. Era bastante protetor com garotas por lhe lembrarem de sua neta.
A Big Hand for the Doctor conta a história de quando em uma batalha com um Soul Pirate o Doctor perdeu sua mão direita, e ganhou uma nova improvisada e reptiliana de Aldridge. Os Soul Pirates são alienígenas que abduzem principalmente crianças, para usar sua força vital como “combustível” para suas naves – e quando várias crianças, dois adultos e sua neta Susan são pegas por eles, o Doctor precisa fazer de tudo para salvá-los, mesmo com sua mão debilitada. É uma característica história cheia de aventura do Doctor, muita inteligência e planos intricados que dão certo de uma maneira excepcional, dispensando as lutas físicas. E um desfecho brilhante.
Eu acho que Eoin Colfer não criou uma história apenas típica para o Primeiro Doctor, mas sim a misturou com muito mais do que isso – com uma história de 50 anos, esse conto além de trazer referências externas geniais, também teve algumas referências que eu posso jurar que vieram da própria série, com possíveis comentários a respeito dos Doctors futuros. Além de alguns comentários que mais me pareciam vindos do Matt Smith do que do William Hartnell… como por exemplo “‘Five fingers, Aldridge. I need an entire hand just to do up my shirt in the mornings. Humans put buttons in the most awkward places even when they are quite aware that Velcro exists.’ He checked his pocket watch. ‘Or rather, will exist in half a century or so’.” Me lembrou um pouco o Matt, mas também teve a rispidez e sarcasmo do William… impossível se desvincular e ligar a apenas um Doctor.
Mas se você me perguntar, sim, o Eoin Colfer fez um esforço tremendo para transformar seu Doctor em William, com descrições como “a Time Lord who did not possess a sense of humour” ou comentários vindos do próprio Doctor como “Even if I hadn’t lost one of my hands, I would not be smiling like an idiot. I don’t laugh. I don’t play games. I have a serious mission”. O tipo de passagem que me deixava nas alturas! Ah, e claro, eu tenho que mencionar essa passagem: “You could always regenerate. Maybe the next guy will have a better sense of humour, not to mention a sense of fashion” – como uma gravata-borboleta talvez?
E para que ninguém comece com “Jefferson fascinado por Matt”, olha só:
“Oh, how I wish I had already regenerated to become the tall one with the dicky bow”, thought the Doctor, who occasionally had visions of his future selves.
Eoin Colfer, autor de
A Big Hand for the Doctor
Mas antes de terminar o meu texto (não que eu esteja com alguma intenção real de fazer isso tão logo), eu não posso deixar de mencionar duas importantíssimas referências que Colfer faz durante o conto, uma ao próprio Artemis Fowl (me pareceu assim) e outra a Harry Potter. A primeira estava rapidamente na cena “‘D’Arvit!’, swore the Doctor aloud” – REALLY? Isso é uma coisa muito a cara de Eoin Colfer mesmo! Porque mesmo que não tenha sido uma coisa criada por ele, D’Arvit foi muito utilizado em toda a série de Artemis Fowl como um xingamento dos elfos, e foi ele o responsável por difundir isso. Típico dele, eu achei uma sutil e inteligente auto-homenagem, gostei bastante! E outro foi “‘Hogwarts, it is not’, thought the Doctor, realizing that no one would appreciate this reference for almost a century”. NOSSA! Simplesmente perfeito…
E como se eu já não estivesse surtando, eu devo dizer que o Epílogo foi uma das melhores partes do conto. Colfer coloca um autor sem inspiração sentado longe e assistindo à luta do Doctor com Igby no telhado… e ainda coloca um comentário como “An author by trade, he’d found some little success in the theatre, but had not yet found the spark of a magical Idea that could elevate him to the status of his friend Arthur Conan Doyle”. Essa referência por si só já era espetacular, mas isso me deixou bastante ansioso e feliz, sabendo que (conhecendo Colfer como conhecemos) ele não nos decepcionaria, e o final seria inteligente. Quem era esse autor?
“What he thought he saw was this:
Children surrounded by stardust flying into the night.
Two people fighting on a rooftop.
One was perhaps a pirate and the other seemed to have a hook for a hand”
AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!
Se você entendeu quem foi o autor que Eoin Colfer caracterizou de maneira tão genial em tão poucas palavras, parabéns meu amigo, você tem um cérebro rápido e cheio de boas memórias de infância. Quem acompanha o blog há tempos saberá que essa é uma história da qual sempre gostei, amei, e agora ter essa outra visão de como ela foi concebida, de qual foi sua inspiração… impossível ler Peter Pan no futuro e não pensar no Doctor lutando com Igby, e como aquilo gerou Peter vs o Capitão Gancho… PERFEITO! Parabéns Eoin Colfer, belíssimo trabalho. O Primeiro Doctor magistralmente representado nos contos, eu realmente aconselho a leitura a todos, porque vale muito a pena! Até mais…

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