Vale o Piloto? – Chespirito: Sem Querer Querendo 1x01 – Ao Sapateiro, Seus Sapatos

“¿De qué color es la risa?”

Finalmente, a aguardadíssima estreia de “Chespirito: Sem Querer Querendo”, a série que se propõe a contar a história de Roberto Gómez Bolaños, o criador de personagens como o Chaves e o Chapolin Colorado. Particularmente, eu estava há muito tempo ansioso por essa estreia, que aconteceu no último dia 05 de junho, porque sou uma criança dos anos 1990 que cresceu assistindo ao programa do “Chaves” diariamente no SBT, e que até hoje se diverte e ri de cada episódio. Foi o adulto que carrega essa criança dentro de si que se emocionou tão grandemente no teatro, em 2019, quando esteve na plateia de “Chaves: Um Tributo Musical”, o musical brasileiro que honra o legado de Bolaños/Chespirito de maneira tão bonita. E agora estou aqui… pronto para me divertir e me emocionar.

“Chespirito: Sem Querer Querendo” é uma série biográfica com episódios lançados semanalmente, e eu estou curioso para ver as escolhas criativas que permitirão que essa história seja contada… a história por trás de um homem com talento inegável para a comédia e de uma produção que ganhou uma popularidade tão grande e gerou tantos conflitos nos bastidores. “Ao Sapateiro, Seus Sapatos” é o episódio de estreia da série, e é uma obra muito mais impactante e grandiosa do que eu pude notar nos trailers… parece menos uma caricatura de “Chaves” e mais uma série potencialmente dramática que se volta ao desconhecido, ainda que com certo glamour e com certa fantasia que inevitavelmente mascara verdades. Para uma estreia, foi excelente!

Gosto do jogo proposto pelo roteiro… jogo que permite que a série passe por diferentes momentos da vida de Roberto Bolaños e que essas diferentes fases se intercalem na construção de uma história maior. Começamos a série em Bogotá, na Colômbia, em 1981, e percebemos o desgaste não necessariamente da produção, mas das pessoas envolvidas – Bolaños está cansado, não queria estar ali. E é dali, de um Bolaños adulto interpretado por Pablo Cruz Guerrero, que retornamos a 1935, na infância do personagem vivida por Dante Aguiar, e à década de 1950, na juventude em que Bolaños é interpretado por Iván Aragón, e então à década de 1970, quando o personagem do “Chavo del 8” e toda a vila estavam no auge de sua fama e popularidade.

As cenas da infância de Bolaños são muito poéticas, bonitas de se assistir… são quase fantasias permitidas pela licença poética de uma série como “Chespirito: Sem Querer Querendo”. Gosto muitíssimo da cena do Bolaños “se descobrindo” ao lado de um palhaço no picadeiro de um circo e gostando dos aplausos e das risadas causadas por ele, bem como da cena que ele compartilha com o pai, também um artista… um pintor que nunca teve sucesso. Essas cenas são importantes para dar corpo ao jovem que conhecemos em 1951 na Ciudad de México – aquele jovem brincalhão com inspiração em Chaplin que fazia seus companheiros de fábrica rir durante o horário de trabalho e tirava seus superiores do sério… aquele jovem que não queria ficar ali para sempre.

Roberto Bolaños, que viria a se tornar o “Chespirito”, é um jovem cheio de sonhos, e que destemidamente aproveita oportunidades… mesmo contra a vontade da mãe, que quer que ele aposte em algo mais “certo”, Bolaños se arrisca ao pedir demissão da fábrica e ir fazer uma entrevista para uma rede de televisão que está precisando de aprendizes de escritores e produtores – é nesse universo que ele quer estar, e ele tem ideias fascinantes o tempo todo! É a sua determinação que lhe garante a atenção do canal e a paixão de Graciela, com quem ele se casa em 1956, e vemos a sua ascensão porque ele faz com que as pessoas acreditem nele e em sua visão… ele é descrito como alguém que, além de inteligente, é muito determinado, e ele de fato o é.

Gostei muito de como a série apresentou a sua mente trabalhando… de como o vemos transformar cenas do cotidiano em material para as suas esquetes, e de como ele começou a criar coisas que reconhecemos, atualmente, que virariam episódios do “Chaves”, como a leitura da carta pelo Chaves e o Seu Madruga. E embora seja primordialmente centrado em sua juventude, esse primeiro episódio também nos apresenta a um pouco do Bolaños já adulto, quando o encontramos em 1978 descobrindo que ele vai ter que escrever um episódio com os personagens da Vila do Chaves em Acapulco, e ele precisa se virar para dar um jeito de levar o personagem para lá… mas é o que o canal quer. As cenas em 1978 dão dicas do que ainda estamos por ver…

Episódio muito bom!

 

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Comentários

  1. Oi Jeff, eu me chamo Abel Lameque e acabei de conhecer seu espaço e, olha, tô me sentindo em casa. Talvez, por que somos da mesma geração (eu, nasci em 1993, e vi no X que você é de 1992). Só queria dizer que estou adorando de ler seus reviews. E assim que assistir o 2ºepisódio de Sin Querer Queriendo volto pra ler suas análises. Abç!

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    1. Olá, Abel! Você não sabe como eu fico feliz de ler um comentário assim!!! Seja muito bem-vindo, espero que você continue por aqui, dando uma olhada no que tem, e que siga gostando dos textos... sobre o segundo episódio de "Chespirito", eu já postei nessa semana... você pode procurar nas últimas postagens ou nos links dos marcadores dessa postagem :D

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