Anne with an E 3x07 – A Strong Effort of the Spirit of Good

“We are here to be heard”

Não tem um episódio de “Anne with an E” em que eu não queira falar sobre o quanto ESSA SÉRIE É PERFEITA. Vai ficar um vazio tão grande quando eu terminar… de fato “Anne with an E” merecia uma quarta temporada. Sempre com temas atuais e discussões pertinentes, a série nos conquista continuamente na sua forma de contar histórias, e aqui vemos Anne Shirley-Cuthbert tomar iniciativa depois de uma injustiça cometida contra Josie durante a feira do último episódio, e quando grande parte da cidade parece se voltar contra ela, Anne descobre que tem pessoas que a entendem, que concordam com ela e com quem ela pode fazer a diferença. O episódio é lindíssimo, intenso, triste e, eventualmente, reconfortante – e estou ansioso para ver como isso se manterá nos próximos episódios, enquanto nos aproximamos da tão temida conclusão.

Quando Anne publica uma matéria sem autorização no jornal da escola, a cidade parece ir à loucura – na sua matéria, baseada no que aconteceu com Josie no último episódio (quando Billy tentou agarrá-la à força e, quando Josie o afastou, ele mentiu para todo mundo que mais coisas tinham acontecido entre eles), Anne fala sobre “o que é justo” e faz uma defesa lindíssima e necessária aos direitos das mulheres de serem respeitadas, de escolher quem tem a autorização de tocar em seu corpo e fala contra a ideia arcaica da sociedade (que, infelizmente, ainda não mudou o suficiente mesmo nos dias de hoje) de que uma mulher precisa de um homem para ser completa… Anne é veementemente contra isso e fala sobre como as mulheres já nascem completas, em um texto bem escrito e bem articulado no qual defende a sua opinião e faz as pessoas pensarem.

Mas você sabe que as pessoas não querem pensar… que a sociedade é hipócrita e conservadora.

Então, Anne tem que lidar com consequências de suas ações… enquanto isso, também acompanhamos um pouco mais de Prissy, e eu fiquei muito orgulhoso da pessoa que ela se tornou, depois de toda aquela coisa de se casar com o professor, que felizmente não deu certo. Fugir do casamento foi um primeiro passo importante, mas a faculdade fez muito por Prissy, e eu estou tão feliz em vê-la bem, em vê-la contra a própria família que apoia o Billy, e vê-la ao lado de Anne naquele protesto do fim do episódio… são mudanças importantes que estão começando a acontecer e ganhando força, e é lindo de se acompanhar. Ao mesmo tempo em que é desesperador, porque a maneira condescendente como o irritante do pai dela fala com ela, a trata e fala que “uma mulher não pode comandar a empresa da família” é realmente revoltante.

Gilbert Blythe tem um momento maravilhoso no episódio quando os caras da prefeitura (!) impõem uma série de regras para que o jornal continue sendo publicado, que é quando ele ajuda o pessoal do jornal a entender o que Anne fez e que ela não fez nada de errado… em um momento lindo (como não amar Gilbert Blythe?), ele lê trechos do jornal mostrando para todos que eles concordam com o que Anne escreveu, que tudo o que ela disse estava certo, e, principalmente, que eles não podem ficar contra Anne nesse momento, porque ela defenderia qualquer um deles… é um momento muito bonito, e termina com a Anne entrando pela porta da escola durante a reunião do jornal, com uma ideia para “consertar as coisas”, e ela é surpreendida com abraços e agradecimentos, especialmente das meninas que finalmente entenderam o que ela quis dizer.

Mas outras coisas também estão dando errado em Avonlea… Diana e Jerry, por exemplo, eram para ser o casal mais fofo e terno dessa série, e eu me emocionei ao vê-los caminhando juntos, com a mão de um roçando na do outro, e o Jerry estava tão feliz, mas durante uma conversa sobre “Frankenstein”, as coisas parecem começar a dar errado… Diana fez leituras mais profundas do livro e parecia esperar que Jerry tivesse feito as mesmas (o que me parece injusto!), e então ele começa a perceber que parece que ela gosta de beijá-lo, mas não gosta das outras partes – como conversar. Fiquei de coração partido com o momento em que Jerry vai falar com Anne sobre “a sua garota” e fala sobre como ela está sendo cruel, como parece sentir vergonha dele… e quando ele descobre que Diana não contou sobre ele para Anne, ele tem certeza.

CARA, O JERRY NÃO MERECE SOFRER!

Isso ainda tem consequências mais profundas ainda, porque a amizade aparentemente tão inabalável de Anne e Diana acaba também ficando balançada com a história, e não só porque Anne fica chateada por ela não ter contado para ela, mas porque ela se coloca no lugar de Jerry e teme que, no fim, ela esteja fazendo o mesmo com ela… quando Diana fala sobre como “as diferenças entre ela e Jerry são óbvias”, ela realmente assume um discurso que poderia estar saindo da boca da sua mãe, e é decepcionante… Anne, naturalmente, percebe isso, e fica mesmo parecendo que ela nunca será o suficiente para Diana, que ela nunca poderá ter orgulho de tê-la como amiga, e que ela é apenas alguém que Diana está empurrando até o momento em que irá embora para Paris e não precisará mais se preocupar com ela. Assim como ela está fazendo com Jerry.

É uma briga intensa e sofrida entre Diana e Anne.

Felizmente o protesto organizado por Anne, mas apoiado pela Srta. Stacy, por Marilla e Matthew e, é claro, por todo o pessoal do jornal, dá muito certo e é bonito de se assistir… amei ver aquela união por uma boa causa, ver o apoio da família, ver a Prissy chegando para se juntar a isso, eventualmente. Até Josie acaba se unindo a eles no último momento, e eu acho que isso mostra o quanto Anne fez a diferença… não importa todos os problemas que ela tenha causado, ela instigou a mudança em cada uma daquelas pessoas, porque Josie está começando a se levantar contra a opressão. Temos aquela cena em que Billy aparece na sua janela durante a noite, por exemplo, dizendo que “ainda gosta dela” (!), e dizendo que pode consertar tudo, perguntando se ela quer que ele faça isso, mas ela diz que não quer nada dele… quem diria que eu ficaria orgulhoso dela?

Anne lidera o protesto mais lindo do mundo rumo à prefeitura, e eles só querem dizer algo:

 

FREEDOM OF SPEECH IS A HUMAN RIGHT

 

O momento na prefeitura é incrível, amei ver a Marilla se impondo, ver a Josie participando, ver a Anne discursando, mesmo que brevemente, enquanto os demais seguram placas que formam a frase “Liberdade de expressão é um direito humano”, com as bocas amarradas. Eles falam sobre censura, Gilbert rasga as sugestões de temas propostas por aqueles homens nojentos… Gilbert foi de grande ajuda durante toda essa jornada, e está bem bonito acompanhar a maneira como os sentimentos de Anne e Gilbert estão despertando, e como ambos estão os reconhecendo, finalmente… aquela conversa dos dois do lado de fora da casa da Srta. Stacy enquanto todos comemoram o sucesso do protesto é linda. Uma pena que, no fim, aqueles homens babacas invadam a escola para roubar a prensa e, novamente, calar a boca daqueles jovens.

Espero que eles possam lutar novamente.

Agora, no entanto, uma outra tragédia se anuncia antes…

 

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